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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Virtudes Teologais - A Fé



 

A FÉ
 
"A Fé é a substancia daquelas coisas que temos de esperar, e a convicção de todas aquelas que não vemos".
São Paulo

A Fé torna os bens futuros de tal modo certos e tão 'presentes' que, por meio dela, esses bens, embora ainda por vir, já tomaram 'ser' na nossa alma e já nela subsistem, mesmo ainda antes de os possuirmos.
A Fé dá-nos Deus ainda nesta vida, ainda com o véu que O cobre, mas, em todo o caso, o próprio Deus. 
Quando na outra Vida, o imperfeito contemplar o Perfeito, o Conhecimento confirmará a Fé em vida.

A Fé nos serve de pés para irmos a Deus, é a posse de Deus em estado obscuro.
São João da Cruz

Fé que nos diz que Ele está no nosso centro sempre, estejamos nós virados para Ele, ou dele afastados por um espesso véu de desolações e amarguras .
É a Fé que supre a visão beatifica, impossível enquanto estivermos na terra.
'Era inabalável na sua Fé, como se tivesse visto o Invisível '!
A alma já não se detém nos seus gostos ou sentimentos.
Pouco lhe importa sentir Deus ou não; pouco lhe importa que Ele lhe dê alegrias ou sofrimentos; ela crê no Seu Amor! E é tudo!
'Vai em paz, foi a tua Fé que te salvou!'
'Tenho de procurar o meu Senhor que se esconde muito; mas nessas ocasiões eu desperto a minha Fé e fico logo contente por, apesar de não estar na Sua Presença, estar a fazê-Lo gozar da minha Fé e Amor'.
Elisabete da Trindade



A Fé é uma virtude que faz com que nossa inteligência se una, muito firmemente e sem receio de enganar-se mesmo que ela não perceba de forma inteligível, a tudo o que lhe chega sobre Deus, sobre a sua vontade de comunicar ao homem a Reintegração como objetivo de seu derradeiro fim, sobre a existência de um Mundo invisível, do qual este aqui não é senão o reflexo imperfeito e invertido.

A Fé une-nos mais a Deus, verdade suprema e infinita, dá-nos plena confiança que existimos porque um Pai Criador nos criou e nos deu tudo o que temos e tudo o que precisamos para lhe agradecer termos nascido e vivermos para o louvar. 



A Fé de um crente significa aquela bendita inquietação, profunda e forte, que de tal modo impele o crente para a frente que ele não pode encontrar-se à vontade neste mundo, um crente nunca se senta tranquilo, como faz o peregrino no fim da caminhada, um crente está sempre a andar.

É a Fé que nos dá a victória sobre o mundo. 

É um acto da nossa inteligência aliada à nossa vontade e à Graça, pois perceber pela inteligência que há um Criador não basta, é preciso a essa razão se aliar a nossa vontade de ter essa certeza mas também algo sobrenatural, a luz da Graça que nos marca a fogo essa certeza, essa profunda crença.

A Fé é uma fonte de luz para a nossa inteligência, uma força e uma consolação para a nossa vontade, uma base de méritos para a nossa alma. 

Como fonte de luz para a nossa inteligência pois acrescenta conhecimentos das coisas divinas inacessiveis à mera inteligência racional além de aprofundar as verdades já conhecidas pela razão.

A Fé é uma força que nos faz avançar, contrariando a nossa fraqueza natural, sem medo dos inimigos, das dificuldades e tribulações da vida, pois diz-nos que sendo Deus o nosso apoio nesta vida, com ele nada devemos temer e por ele aceitamos e enfrentamos todas as dificuldades mesmo que o mundo e o demónio se aliem contra nós.  

A Fé é também uma fonte de consolação pois no meio da morte de familiares e amigos nos lembra que existe a eternidade e esse acontecimento na vida é apenas uma passagem de planos e não o fim de nada.

É o fundamento da nossa humildade perante a vida e os outros pois percebemos quão pequenos e efémeros somos na criação.


É sobretudo a base da nossa salvação pois por ela tendemos a procurar a salvação da nossa alma pela perfeição da nossa vida percorrendo um caminho de aperfeiçoamento espiritual nesse sentido.

Une-nos mais a Deus, pois o conhecimento com que Deus se conhece é como que emprestado parcialmente a nós. 
Nessa união descobrimos como somos fracos perante a omnipotencia divina e leva-nos a pedir-orar com mais fervor todos os dias para manter esta Graça da Fé e esta união a crescer em nós.

Praticar a Fé


Pedir a Deus todos os dias o seu aumento e agradecer-lhe essa Graça que nos dá.

Ler livros de devoção que fazem crescer a Fé.

Ser humilde para evitar o orgulho intelectual, para aceitar mesmo o que não se compreende pela razão mas nos é enviado pelo Dom da Inteligência (não a inteligência racional mas a sobrenatural) que ajuda a virtude da Fé no conhecimento da verdade divina.


Repelir as tentaçoes contra a Fé, pondo dúvidas em questões onde reina a graça divina e não a razão. 

As almas mais adiantadas, além da Fé interior, praticam a Fé em acção, pelas suas palavras, comportamentos sociais, pelos seus juizos, pelos seus exemplos que irradiam Fé, pelas suas obras em favor dos outros.

Na ordem natural, quanto mais fortemente um individuo está persuadido da exactidão de certos princípios,tanto mais facilmente se deixa guiar por eles ; quanto mais se apega a uma opinião, tanto mais ardente e perseverante se mostra na acção.   
É assim também que funciona a Fé em Deus.

Pecamos contra a luz da Fé querendo disfarçar, ou desculpar as nossas faltas, legitimar os defeitos ou evitando-fugindo a sacrifícios . 



Sejamos corajosos e actuemos sempre de acôrdo com os princípios da fé, pois  receberemos muito mais pelo acto de generosidade do que por considerações e reflexões ; as  almas mais simples , quando fervorosas , são muito mais esclarecidas do que os maiores sábios  se cobardes e tíbios. 

O homem de Fé eleva-se da natureza até ao Criador, admirando-lhe o poder, a sabedoria.  
As badaladas do sino dando as horas fazem-no pensar na eternidade, pensamento salutar, que o acompanha quase sempre e o distingue do homem de pouca fé. 


Este limita seu pensamento á vida presente, a mesquinhos interêsses temporais, ás alegrias e penas terrenas, ao passo que aquele fita sempre o olhar no além-túmulo, trabalhando para a eternidade, mitigando, consolando todo seu enfado e pesar com o pensamento da futura felicidade. 

É porque compreende muito melhor do que as almas vulgares estas grandes verdades : a vida é tão curta, a eternidade tão longa ! o inferno é tão terrível e o céu tão lindo, tão cheio de venturas !

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