Como bem Discernir
São precisos 2 actores neste processo de discernir, Deus
e o homem.
Deus sopra um vento, uma voz interior.
O homem tem de trabalhar para entender e colaborar com
esse sopro,essa Voz , pois essa parte de Deus não nos chega totalmente
definida, precisa da escuta, da analise, da adesão do homem.
O Discernimento é um dialogo permanente entre a intenção
de Deus e a intenção do homem e tem como resultado a nossa colaboração com a intenção
de Deus a nosso respeito.
Colaborar com a Vontade de Deus não significa anular a
nossa própria vontade, mas esclarecê-la à luz de Deus e alinhá-la pela Sua
Vontade.
Não significa sermos nada e nos anularmos para que Deus
seja tudo mas assumir-se livremente todo disponivel, todo inteiro para Deus.
Embora Deus tenha uma intenção, um propósito para cada um
de nós, Deus decidiu de ' modo algo misterioso' que a realização dessa intenção
deveria depender das nossas opções face ao livre arbitrio com que nos criou e
nos concedeu.
Deus passeia-se no meio dos nossos pensamentos e afectos,
mas nem todos vêm de Deus.
É preciso ser muito perspicaz na distinção da origem
destes movimentos que circulam no nosso complexo mundo interior.
De um lado vém os movimentos de Deus ou do bom espirito,
de outro lado vêm os movimentos das tentações ou mau espirito, douto lado
ainda, surgem as tendências e disposições da nossa natureza humana.
Há movimentos a combater e rejeitar , outros a aceitar e
reforçar.
Para isso é preciso sabermos distingui-los, a isso se
chama Discernimento de Espiritos.
Antes de aprendermos a bem discernir temos de decidir com
todo o nosso coração que queremos viver a nossa vida no caminho de Deus, que
Ele é nosso Pai, Senhor e Criador e a nossa única motivação de vida, ponto de
partida essencial sem o qual não vamos a lado nenhum, espiritualmente falando.
A partir deste ponto de partida e abrindo o nosso
coração, começamos a aprender a distinguir os movimentos bons dos maus e seguir
a linha de Deus, que de inicio nos parece torta mas logo se indireita para no
curso do tempo e das experiências que vamos tendo, irmos melhor compreendendo a
lógica de Deus que supera a nossa.
No caminho espiritual vamos tendo alternâncias de
consolações e desolações e é a essa alternância que devemos estar atentos para
ir identificando as boas das más e ir crescendo na identificação da presença de
Deus para a conseguirmos manter cada vez por mais tempo.
O bom espirito é como uma gota de água que cai numa
esponja, é suave, dá serenidade, coragem e força para avançar, dá consolações,
liberta dos obstáculos e faz-nos avançar na prática.
Dá uma consolação que
ultrapassa todas as nossas expectativas e logo a sentimos como boa, divina,
pois contém em si mesma a evidência da sua origem divina.
O mau espirito é como uma gota de água que cai numa
pedra, actua com dureza, causa tristeza e tormentos de consciencia, levanta
obstáculos e falsos raciocínios para nos deter no caminho.
As regras do discernimento ajudam-nos a manter a
consistência de caráter no meio da alternância de consolações e desolações,
dando rumo certo ao nosso caminho para Deus e não para o diabo ou o mundo.
Em tempo de consolações devemos aprovar os movimentos e
propósitos que recebemos e ganhar forças para enfrentar no futuro as
desolações.
Em tempo de desolações não devemos alterar os própositos
anteriormente adoptados em tempo de consolação e manter-nos fiéis a eles, além
de nos dar uma oportunidade de refletir sobre a causa dessa desolação e
encontrar estratégias para a vencer.
E como os maus espiritos se mascaram de bons para nos
perder, é necessário dar tempo ao tempo para reconfirmar que essa boa
consolação de Deus não vem afinal do diabo, com o tempo a pessoa sente isso,
pelo desenrolar do seu caminho, se vai em direcção a Deus ou não.
O fim ultimo do discernimento não é descobrir que Deus
está dentro de nós mas sim conseguir mergulhar fundo na nossa alma e
encontrá-lo lá à nossa espera para juntar a Sua Vontade às nossas energias
criativas, acertando o ritmo da nossa vida com o ritmo de Deus.
Deus deixou a marca da Sua grandeza na criatura, esta não
descansa enquanto não se abrir à grandeza que Deus lhe propõe .
A união com essa grandeza não é ter tudo mas ter o que
Deus nos dá, como melhor para nós, a cada momento, ele que nos conhece melhor
que nós mesmos.
Assim a sabedoria de vida é deixarmo-nos envolver e
colaborar seja com o grandioso das maravilhas divinas seja com o pequenino
detalhe em concreto que faz das nossas vidas uma permanente dinâmica que nos
enche a alma de felicidade como filhos e colaboradores do Pai.
Sabedoria essa que só com muita prática de discernimento
se consegue.
A Fé em Deus significa aceitar o ritmo de Deus para nós,
ritmo diferente do nosso, mas que leva a nossa vida a bom termo.
Esta Fé clarifica a seu tempo o que antes parecia confuso
e sem sentido.
A Fé em Deus é um pressuposto do discernimento mas o
discernimento também aumenta a Fé em Deus.
No fim de vida que maior alegria, ao olhar para trás, verificarmos que vivemos
em função das nossas opções profundamente assumidas, verificarmos como
crescemos e fizemos um percurso fecundo, trabalhoso mas cheio de consolações
divinas.
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