O Dom do Discernimento
O Pai Poemen disse que o Pai Amonas disse:
Alguém pode passar a vida com um machado sem chegar a
conseguir cortar a árvore, enquanto uma outra pessoa, conhecedora da arte de
derrubar árvores, pode abater a árvore em poucos golpes.
O machado é o discernimento.
Nossa profissão é sermos especialistas no Espírito; saber discernir é saber separar o trigo do joio, saber o que vem de Deus e o que vem do Diabo , o que devemos fazer e o que não devemos.
Quando aprendemos a arte do discernimento sabemos em cada momento em que temos de tomar uma decisão, qual a melhor maneira de a tomar, como que uma mão invisivel nos indica esse melhor caminho.
‘’As ovelhas seguem o Seu pastor, porque conhecem a Sua voz; a voz do pastor é o que indica o caminho às ovelhas''.
Uma alegoría sobre o discernimento dos homens é o som de uma flauta na floresta.
Vasta e densa, onde mil pássaros cantam e muitos animais rosnam , onde há trovões e tempestades e o farfalhar das folhas ao vento . Símbolo do mundo e da vida, com suas ansiedades e preocupações, distrações no meio do ruído da existência.
Muitos homens passam pela selva do dia a dia e dos ruídos da floresta.
Alguns vão tão rápido que não ouvem nada, outros tremem ao ouvir o rugido do tigre ou o silvo da serpente, outros seguem o som de vozes para chegar à aldeia mais próxima.
Outros se perdem.
Outros morrem sem saber para onde estavam indo.
Outros dão voltas e voltas de uma voz para outra, de um caminho para outro.
Mas para aqueles que têm ouvidos para ouvir e querem ouvir, há um som, suave, mas especifico, diferente de todos os outros sons e que chega aos ouvidos e ao coração com uma mensagem e um apelo diferente, como uma flauta que indica um sentido e uma direção.
O som vem de algum lugar.
Cada dia de um lugar diferente, de uma direção inesperada.
Para a alma estar sempre alerta e vigilante e pronta para ir.
Isso é discernimento: a capacidade de distinguir o som da flauta entre todos os outros sons.
Outro símbolo de discernimento é o cisne.
Na mitologia indiana, o cisne tem a capacidade de separar a água do leite com seu bico, de modo que se lhe derem leite misturado com água, ele bebia só o leite e deixava a água.
Portanto, em sânscrito, a arte do discernimento é chamada de ‘’ciência da água e do leite’’ e o cisne é o seu símbolo e modelo.
Quem tem apurado discernimento deve ter a capacidade de discernir a verdade quase por natureza, por ação espontânea, dividindo as águas turvas do mundo com a ponta afiada do entendimento
Outro exemplo é o radar.
A vigilância constante circular a 360 graus sem poupar nenhum setor da bússola, feixe de luz imparcial a varrer os céus em intervalos medidos, reconhecendo instantaneamente a presença de qualquer objecto no horizonte de consciência, a identificação eaxacta, a reação imediata e a viragem precisa no momento certo, abrindo o caminho perfeito para a rota invisivel e segura.
Sem um bom radar não se voa nem navega.
Nos animais existe um tipo de discernimento, neles natural e instintivo ( ao contrario do homem que o tem de aprender) que lhes permite fazer longas migrações e discernir os tempos e marés, estrelas fixas e constelações, caminhos no céu e voar e voar todos os dias e aterrar no lugar exacto no tempo predestinado em cada ano.
Para nós é confiar no Espírito e deixar seus impulsos despertarem dentro de nós.
Aí terá lugar em nossas vidas o milagre da migração p
A Voz do Bem é como uma gota de água que entra uma esponja; não faz ruido nem agitação.
A voz do diabo é quando a gota de água cai sobre uma pedra , há ruido e agitação.
Mensagens de Deus trazem a verdadeira paz à alma, o silêncio e alegria, e assim a alma reconhece sua origem e segue as suas instruções.
Mensagens do diabo, por mais tentadoras que possam parecer à primeira vista, em breve causam inquietação, ruidos, ansiedade e medos.
Nada estraga mais uma decisão a tomar como uma atitude preconcebida, um preconceito, uma abordagem de rotina. Quando a rotina preside a uma escolha, a decisão já estava tomada antes de colocar o problema e o discernimento morreu antes de nascer.
E, no entanto, isso é tão comum que nós nem sequer percebemos isso.
Demasiadas vezes deixamos que costumes, tradições e rotina tomem decisões em nosso nome.
Há um precedente, um caso semelhante, sempre se fez assim ... e vamos continuar a fazê-lo, que é o mais confortável, sem percebermos que repetir uma decisão é viciá-la, na vida não há duas situações iguais e por conseguinte, não pode haver duas decisões idênticas.
Permitir ser governado pelo passado, simplifica as coisas mas destrói a criatividade, a iniciativa.
A decisão errada ocorre, quando o medo, o preconceito ou a paixão fecham as janelas do sentir e a mensagem que devia chegar ao centro não chega, fecham-se os canais e os canos ficam entupidos, os dados que deviam chegar ao coração e ao cerebro não chegam e a decisão sai irremediavelmente errada.
Quando o homem perde o contacto com a Realidade não consegue discernir e fazer escolhas Boas.
A Arte do Discernimento é viver o que vem do ‘alto’ embora estejamos cá em ‘baixo’. Olhar para cima para ‘absorver’ o fio condutor e usar essa ‘indicação’, essa mãozinha oculta para agirmos neste mundo.
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