Os pecados mortais - A Avareza
A avareza é o amor desordenado
dos bens da terra, o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e
pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo plano.
É considerado o
pecado mais irracional por se firmar em possibilidades, o avarento prefere os
bens materiais ao convívio com Deus.
Neste sentido, o pecado da avareza conduz
à idolatria, que significa tratar algo, que não é Deus, como se fosse deus.
O avarento é, antes de tudo, um
egoísta.
E a falta de generosidade gera muitas atitudes negativas: o apego aos
bens materiais nos torna desumanos e inquietos, preocupados somente com nossas
próprias necessidades, ocupados demais em acumular.
A avareza também está
relacionada com a falsidade e a mentira, com a tentativa desonesta de enganar
para lucrar.
O lema de quem comete avareza é: “Quanto mais tenho, mais quero”
O lema de quem comete avareza é: “Quanto mais tenho, mais quero”
Se vale mais o ter do que o ser,
e para isso é preciso dinheiro, cada um faz tudo o que pode para consegui-lo,
sem se preocupar com a ética.
Sem pensar em Deus ou no bem do próximo.
O avarento se apega às coisas, e
tem um grande medo de perder aquilo que possui.
Sente necessidade de disfarçar
seus conflitos internos através da busca dos bens materiais externos, mas nunca
consegue suprir a sensação de carência, sentindo-se insatisfeito
constantemente, buscando adquirir cada vez mais, acreditando que com a próxima
conquista sentirá satisfação; – o que nunca acontece.
Essa falta de consideração para
consigo mesmo leva a uma busca incessante por coisas e objetos externos, pois
essa pessoa acredita que dentro dela não há nada, só um imenso vazio, que só
poderá ser preenchido por algo que venha de fora.
Daí a necessidade de
ostentação, a ilusão do sucesso diante do mundo, mas não dentro de si mesmo:
fuga da amarga realidade.
A Avareza manifesta-se no
plano económico e financeiro, mas também em todos os outros planos da atividade
humana.
A Avareza emocional é, por
exemplo, elogiarmos pouco os outros, ou agradecermos pouco aos outros.
A Avareza intelectual é não
ensinarmos aos outros aquilo que nós sabemos.
A Avareza espiritual é não
ajudarmos os outros no seu caminho espiritual.
A Avareza levará o místico errante a um isolamento total e estéril.
Ele acumulará livros e manuscritos, documentos e iniciações, mas não conceberá jamais que possa ser ele próprio que precisa de ser transformado.
A Avareza levará o místico errante a um isolamento total e estéril.
Ele acumulará livros e manuscritos, documentos e iniciações, mas não conceberá jamais que possa ser ele próprio que precisa de ser transformado.
Avareza é querermos o nosso
bem, sem pensarmos nos outros, no fundo, juntarmos para nós, acumularmos para
nós. É o venha a nós, e o que sobrar fica para os outros!
A Avareza é o contrário da Prudência, seu
excesso mesmo.
A avareza está ligada aos
sentidos sobretudo do olhar, vemos e nos agarramos ao que vemos para possuir.
Gera :
Dureza de coração - Desejo
excessivo de conservar bens ou dinheiro; o coração deixa de se abrir às
necessidades dos outros.
Inquietação - Desejo excessivo
de obter dinheiro, o que leva a cuidados e preocupações exageradas.
Violência - Para se apoderar do
seu bem, seja a bem ou pela força.
Embuste - Seja de modo
disfarçado pela artimanha - por palavras.
Fraude - Por atos.
Traição - Violação dos segredos
do próximo, com o fim de ganho de dinheiro.
Natureza da Avareza
Para mostrar onde se encontra a
desordem da avareza, importa recordar, primeiro, o fim para que Deus deu ao
homem os bens temporais.
A) O fim, que Deus se propôs, é
duplo: a nossa utilidade pessoal e a dos nossos irmãos.
a) Os bens da terra são nos
concedidos para ocorrerem às necessidades temporais do homem, tanto da alma
como do corpo, para conservarem a nossa vida e a dos que dependem de nós, e
para nos darem meios de cultivarmos a inteligência e demais faculdades.
Entre esses bens:
1) Uns são necessários para o
presente ou para o futuro: é um dever adquiri-los por meio do trabalho honesto;
2) Os outros são úteis para
aumentar gradualmente os nossos recursos, assegurar o nosso bem-estar ou o dos
outros, contribuir para o bem público, favorecendo as ciências ou as artes.
Não é proibido desejá-los para um fim honesto, contanto que se reserve uma parte para os pobres e para as boas obras.
Não é proibido desejá-los para um fim honesto, contanto que se reserve uma parte para os pobres e para as boas obras.
Somos, pois, em certa medida, tesoureiros da Providência, e devemos dispor do supérfluo para assistir aos pobres.
B) Agora já nos é mais fácil
mostrar onde se encontra a desordem no amor dos bens da terra.
a) Está muitas vezes na intenção: desejam-se as
riquezas, por si mesmas, como fim, ou por fins intermédios que se erigem em fim
último, por exemplo, para alcançar prazeres ou honras. Parar ali, não encarar a
riqueza como meio de agenciar bens superiores, é uma espécie de idolatria, o
culto do bezerro de ouro; não se vive mais que para o dinheiro.
b) Manifesta-se ainda na maneira de as
adquirir: procuram-se com avidez, por toda a espécie de meios, com prejuízo dos
direitos doutrem, com dano da saúde própria ou dos empregados, por meio de especulações
temerárias, com risco de perder o fruto das próprias economias.
c) Aparece também na maneira de usar deles:
1) Só se despendem de má vontade, com
mesquinhez; o que se quer é acumular, para maior segurança, ou para gozar da
influência que dá a riqueza;
2) Não se dá nada ou quase nada aos pobres e
às boas obras: capitalizar, eis o fim supremo que se procura a todo o transe.
3) Alguns chegam deste modo a amar o dinheiro
como um ídolo, a aferrolhá-lo no cofre, a apalpá-lo com amor: é o tipo clássico
do avarento.
C) Este defeito não é geralmente
o dos jovens, que, ainda levianos e imprevidentes, não pensam em capitalizar;
há contudo exceções entre os caracteres sombrios, inquietos, calculadores. Na
idade madura ou na velhice é que ele se manifesta: então é que se desenvolve o temor de vir a passar míngua, fundado por vezes no receio das doenças ou dos acidentes que podem produzir
a impotência ou a incapacidade de trabalhar. Os solteirões e solteironas estão
particularmente expostos a este vício, por não terem filhos que os socorram na
velhice.
D) A civilização moderna
desenvolveu outra forma do amor insaciável das riquezas, a plutocracia, a sede
de chegar a ser milionário ou até bilionário, não para assegurar o seu futuro
ou o de seus filhos, senão para adquirir esse poder dominador que o dinheiro
conquista. Quem tem à sua disposição somas enormes, goza de grandíssima
influência, exerce um poder muitas vezes mais eficaz que os governantes, é o
rei do ferro, do aço, do petróleo, da finança e manda aos soberanos como aos
povos. Esta dominação do ouro degenera muitas vezes em tirania intolerável.
A malícia da Avareza.
A) A avareza é um sinal de desconfiança de Deus, que prometeu velar
sobre nós com paternal solicitude, não nos deixando jamais passar falta do
necessário, contando que tenhamos confiança n’Ele.
Convida-nos a olhar para as
aves do céu, que não trabalham nem fiam, não certamente para nos incitar à
preguiça, senão para acalmar as nossas preocupações e nos estimular à confiança
em nosso Pai celestial.
Ora o avarento, em lugar de pôr a sua confiança em
Deus, coloca-a na multidão das suas riquezas e faz injúrias a Deus,
desconfiando d”Ele.
Esta desconfiança é acompanhada de excessiva confiança em
si mesmo, na sua atividade pessoal: quer o homem ser a sua providência, e assim
cai numa espécie de idolatria, fazendo do dinheiro o seu Deus.
Ora, ninguém
pode servir ao mesmo tempo a dois senhores, a Deus e à riqueza.
Na Divina Comédia de Dante os avarentos empurram continuamente grandes pedras que representam os bens que acumularam em vida em prejuizo da procura do Bem de Deus.
Na Divina Comédia de Dante os avarentos empurram continuamente grandes pedras que representam os bens que acumularam em vida em prejuizo da procura do Bem de Deus.
B) Sob o aspecto da Perfeição, é
gravíssimo obstáculo o amor desordenado das riquezas.
a) É paixão que tende a suplantar a
Deus em nosso coração: este coração, que é templo de Deus, é invadido por toda
a sorte de desejos inflamados das coisas da terra, de inquietações, de
preocupações absorventes.
Ora, para nos unirmos a Deus, é mister desprender o
coração de qualquer criatura ou preocupação terrena;
É sobretudo necessário
esvaziá-lo do orgulho; ora o apego às riquezas desenvolve esse orgulho, porque
o homem tem mais confiança nos bens terrenos que em Deus.
Deixar prender o coração ao
dinheiro é, pois, levantar um obstáculo ao amor de Deus; porque onde está o
nosso tesouro lá está também o nosso coração.
Desprendê-lo é abrir a Deus a
porta do coração: uma alma despojada dos bens da terra é rica do próprio Deus.
b) A avareza conduz igualmente à
imortificação e à sensualidade: quem tem dinheiro e o ama, quer gozar dele e
comprar com ele muitos prazeres; ou então, se se priva desses prazeres, é para
apegar o coração ao dinheiro.
Em ambos os casos, é sempre um ídolo que nos
afasta de Deus.
Importa, pois, combater esta triste inclinação.
Combater a Avareza.
Vencer a avareza é um exercício
diário.
Aquele que possui, viva como se
não possuísse, pois neste mundo nada nos pertence de fato: tudo nos foi dado
por empréstimo.
No devido tempo, teremos que prestar contas por tudo o que
recebemos de nosso Pai Celestial.
Manter isto em mente, todos os dias, em todos
os momentos, no trabalho, na escola, no lar, em nossos momentos de lazer... Assim
se vence o pecado da avareza.
A) O melhor remédio é a
convicção profunda, fundada na razão e na fé, que as riquezas não são fim,
senão meios que nos dá a Providência, para acudirmos às nossas necessidades e
às de nossos irmãos; que Deus nunca deixa de ser o soberano Senhor delas; que
nós, a bem dizer, não passamos de meros administradores, e que um dia havemos
de dar conta delas ao Juiz Supremo.
E depois, são bens que passam, que não
levaremos conosco para a outra vida, onde não corre essa moeda; se somos
prudentes, para o céu e não para a terra é que trataremos de capitalizar: «Não
queirais entesourar para vós tesouros na terra, onde a ferrugem nem a traça os
destroem e os ladrões os desenterram e furtam. Entesourai antes para vós
tesouros no céu, onde nem a ferrugem nem a traça os destroem e onde os ladrões
não os desenterram, nem furtam».
B) Para melhor desapegar o coração, não há
meio mais eficaz que depositar os seus bens no banco do céu, consagrando uma
parte generosa aos pobres e às obras.
Dar aos pobres é emprestar a Deus, é
receber o cêntuplo, ainda mesmo neste mundo, tendo a consolação de fazer
ditosos à roda de si, mas sobretudo no céu, onde Jesus, que considera como dado
a Si mesmo o que foi dado ao menor dos seus, se encarregará de restituir em
riquezas imperecedouras os bens temporais que houvermos sacrificado por Ele.
Pendentes são, pois, aqueles que cambiam os tesouros da terra pelos do céu.
Procurar a Deus, tender à santidade, eis aqui em que consiste a prudência
cristã: «Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo isto vos será
dado por acréscimo.
C) Podemos também, sem abdicar do seu domínio, nos
desapegarmos dos bens não fazendo uso deles senão no justo necessario para suprir
nossas necessidades básicas.
Desse modo, sem sairmos do estado em que a
Providência nos colocou, podemos praticar o desprendimento de espírito e do
coração.
Sem comentários:
Enviar um comentário