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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O segredo das Religiões de Mistérios ou Ordens Iniciáticas




 O segredo das Religiões de Mistérios


São conhecidas as cerimónias de Mistérios que se desenrolaram na Grécia antiga seja em Elêusis ou na ilha de Samotrácia mas pouco se sabe dos seus rituais.

Para que serviam? Qual o simbolismo dos seus rituais?

Sabe-se que :

---A regra do silencio é comum a todos os cultos de Mistérios.
-- A prática dos cultos não se divulga senão ao circulo fechado de pessoas (Iniciados) que neles participam. 

Acredita-se que o fundamental desses cultos esteja ligado à evolução da pessoa humana como ser espiritual e a fazer-lhe ‘ver’ por determinadas práticas que o que ‘importa’ não é a pessoa se ‘ligar’ ao mundo fisico e viver apenas em função dele, mas ao contrário, ‘vendo’ através dos rituais que existe uma realidade espiritual para além deste mundo, se possa ‘libertar’ dele, com amplos beneficios próprios seja em vida seja pós morte.

Felizes aqueles que perceberam antes de descerem á terra.
Sabem o que é  a morte, o fim da vida.
Pindaro citado por Clemente de Alexandria

Três vezes felizes aqueles mortais que conheceram os Mistérios
Quando morrerem, esses viverão
Os outros sofrerão males terriveis.
Sófocles




No Mistério e pelo ritual iniciático, o que conta é a ‘Visão’ que se tem, a visão garante do bem estar futuro ( em vida como ser equilibrado consigo mesmo, com os outros e com o mundo, e em morte como ser cooperante com o Divino).

Essa ‘Visão’ poderia não ser ensinada expressamente mas apenas ‘pressuposta’ pelo candidato durante a sua expêriencia ritual.

Os Mistérios ensinam a morrer com uma esperança melhor, oferecem aos mortais um refúgio contra os sofrimentos terrenos, uma sobrevivência bem aventurada em companhia dos deuses.
Cícero

Os iniciados livres dos corpos, se alegrarão dos beneficios celestes.
Proclus

Mais piedosos, mais justos e em tudo, melhores.
Diodoro de Sicile

Quem passou nos Mistérios domou o Cerbero, o cão monstruoso.
Euripedes faz dizer a Herácles




Haveria duas fases na iniciação aos Mistérios, a fase dos Pequenos Mistérios e a fase dos Grandes Mistérios (chamada também de Epoptia ou Iniciação Perfeita).

Ambas consistem, não em teorias intelectuais mas profundas experiências marcantes.

O Iniciado não aprende nada, o Iniciado recebe-vive impressões, sentimentos-emoções após ser colocado em ‘disposições’ que o predispõem a recebê-las.
Aristóteles

Nota : Que lhe mudam o sentido da vida que até aí tinha vivido, ocasionando uma morte para a vida antiga e um nascimento para uma nova vida, que é no fundo uma nova maneira de encarar, de perpectivar a vida.  O que muda é como se vive, de virado para fora para virado para dentro. 

Nos Mistérios apenas se contempla.
Clemente de Alexandria

Nota : Contemplar está associado á Epoptia.  


As consagrações ( os ritos iniciáticos) são para as almas, de um modo desconhecido e divino, uma causa de uma Simpatia.
Proclus

Nota: Simpatia equivale ao ‘abrir os olhos’ para uma nova realidade.
  

Nos Pequenos Mistérios haveria uma purificação corporal com lavagens rituais, determinado tipo de jejum, e eventualmente um periodo de abstinência sexual.  

Nos Grandes Mistérios, que se praticavam um ano após os Pequenos, o neófito passa ‘por labirintos confusos, desvios penosos, marchas perturbadoras e sem fim, com tremores, angústia e suores frios’, tudo isto às escuras até finalmente ‘ver uma Luz pura e maravilhosa’, a Epoptia que coroa essa noite de trevas. 

Existiria uma dupla impressão, terror inicial e serenidade final.


Descia através dos elementos à escuridão dos defuntos, via em plena noite um sol radioso, contemplava os deuses de cima e de baixo e maravilhado, conhecia-se a si mesmo e fazia-se re-conhecer pelos deuses’. 

O simbolo dos Grandes Mistérios era a ‘espiga de trigo colhida em silêncio’, representando o trigo que morre no inverno para renascer na primavera ( se o grão vingar=se o iniciado preservar) como um regresso à vida pela morte (pela mudança de atitude que fez), sendo que depois da morte fisica o Iniciado viveria integrado na existência celeste-divina-eterna que comprovou em vida ao passar pelos Mistérios.  



Quando a terra for verdejante das flores primaveris, tu te elevarás por cima das brumas negras para o regalo dos deuses e dos homens mortais.
Hino de Homero

Saí da sala dos mistérios como que estranho a mim mesmo.
Sópatros   

Nota : Que melhor definição da mudança de atitude obtida ? Passou a ser Ele, deixou de ser eu.

Os Mistérios têm como vocação de servir de ponte, de relação entre o homem e o Divino, de nos unir ao mundo e aos deuses para com eles cooperarmos.

Servem para simbolizar os acontecimentos da vida humana e dar resposta às perguntas dos homens ‘inquietos’, como disse Marguerite Yourcenar referindo-se aos Mistérios de Elêusis.

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