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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O ´pobre’ do José

O  *pobre* do  José


José era marido de Maria, estava na sua vida normal, como cada um de nós no dia a dia.

De repente dizem-lhe que Maria vai ter um filho sem ele….coisa inesperada e ‘chocante’, tal como a nós nos pode acontecer a qualquer momento.

José faz como nós, revolta-se e não aceita ?   

Não, porque José tem aquilo que nós queremos mas que na maioria das vezes não temos….Humildade e Aceitação !!!

Como diz Teresa de Avila ‘’Não entendo como se pode pensar em Maria sem agradecer a José o auxílio que lhes prestou. Quem não encontrar um mestre que lhe ensine o Caminho, tome este  José por mestre e não se enganará no caminho’’.

Fazer face ao Imprevisto

O mínimo que podemos dizer, é que este anúncio é desconcertante para José. Acolher a vinda do Filho de Deus na sua vida vai levá-lo a renunciar aos seu projeto pessoal, ou antes, a renunciar à forma como tinha, legitimamente, encarado a realização do seu projeto pessoal.

Também cada um de nós está na vida sujeito a surpesas e imprevistos que não se enquadram no ‘nosso ‘ projecto de vida. Como os encaramos e os resolvemos depende óbviamente da evolução espiritual de cada um.

Os imprevistos vêm à nossa vida não forçosamente da maneira que imaginamos mas da maneira que Ele quiser…..imitando José abramos mão da nossa ‘casca’ e ‘preconceitos ‘ e tal como ele aceitemos o impensável que estava prestes a produzir-se na sua vida.

Esta Humildade e Aceitação a renunciar a projectos ‘normais’ de vida é um mergulho no desconhecido que pode suscitar um verdadeiro pavor: é-lhe pedido que aceite uma paternidade inteiramente diferente do que ele, legitimamente, tinha previsto.

Também nós podemos saber que premissas estão em causa, pequenas ou grandes, nos nossos projetos pessoais. Evidentemente, importa que sejamos atores responsáveis da nossa vida, que não nos deixemos levar à deriva pelos acontecimentos. Mas, quando o inesperado surge na nossa vida, José convida-nos a não temer, a ter confiança, a fim de podermos acolher, mesmo naquilo que não tínhamos previsto, o Desígnio do Universo e a colaborar com Ele.

Também nós, através das circunstâncias por vezes desconcertantes das nossas vidas, somos chamados a descobrir como vamos participar no Designio Divino com as nossas vidas.

José mostra-nos que o Caminho implica sobretudo discrição e discernimento.

«José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor».

Tal é José que assim, sem ruído, age segundo a Palavra de Deus, na humildade daquele que não procura boas razões para cumprir a sua própria vontade, em lugar da Vontade do Senhor, mas que encontra a sua alegria em agir, com silenciosa confiança, segundo a Palavra de Outro.

E nós ? Como faremos o que a Vida espera de nós? Em que sonhos escutaremos a voz de um anjo que nos dirá por que caminhos andar?

Apenas e só, permanecendo Despertos !!  Atenção, Foco a cada minuto, a cada segundo das nossas vidas !!

E isto basta – e quanto! – para que nos levantemos em cada manhã e façamos o que o Senhor do Universo ( alguém dirá ‘o que a Vida’ ) espera de nós.

José não toma apenas conta da criança , José vive na Sua Presença, deixa-se humildemente guiar por Ele. José é o «homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana, discreta e escondida»

Assim também devemos nós nos comportarmos, aceitar, agradecer a Presença na nossa alma e deixarmos guiar por Ela, passo a passo, através de um Caminho que não conhecíamos antecipadamente e não pela nossa pobre egocêntrica vontade.

Este é o Caminho da nossa Fé no nosso Criador, ter plena Confiança que ele sabe melhor que nós o que é Melhor para nós .

Este é o Caminho da vida de todos os dias, ali, onde estamos e não onde sonharíamos estar; o Caminho da coragem e da perseverança, da criatividade em tempos de crise.

Tal é a santidade da vida na presença de Deus, da escuta paciente, crente, da Palavra de Deus e da prática, humilde e determinada, dos apelos recebidos de Deus, como José que, quando acordou,«fez como lhe ordenou o anjo do Senhor».

Dicas práticas

             presto atenção aos «pequenos serviços» que posso prestar às pessoas que encontro – as que me são próximas e aquelas com quem me cruzo «por acaso»: fazendo por elas os «pequenos nadas», semeio e recolho já qualquer coisa da alegria do Natal.

             procuro reconhecer as atenções de que beneficio: nada é banal, cada um desses pequenos gestos é um eco da mão de Deus que vem tomar conta de mim.

             face a uma situação desconcertante ou inesperada, peço a Graça de reconhecer a que tipo de abertura talvez ela me chame. Não se trata de aceitar as coisas inaceitáveis, mas de estar disponível para modificar, com liberdade, o meu olhar sobre as coisas, os acontecimentos, as pessoas, a fim de ver mais longe.

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