A inveja
"Tristeza com o bem de outrem, porque esse bem é
entendido como uma diminuição da sua própria excelência pessoal"
A inveja é um dos mais terríveis pecados que podemos
cometer, porque ter inveja é sentir desgosto, raiva ou tristeza por ver o bem
ou a felicidade do próximo, que deveríamos amar como a nós mesmos.
Podemos notar, por esse prisma, o quanto estamos afastados do Caminho.
Podemos notar, por esse prisma, o quanto estamos afastados do Caminho.
A inveja é um
dos frutos da natureza humana que, entre outros, causa profundas feridas na
vida espiritual.
Essas feridas são graves, a ponto de lançar os que se entregam à inveja numa existência de trevas.
Tudo se complica ainda mais pelo fato de a inveja ser um pecado que pode passar desapercebido pelas pessoas ao redor, mas que internamente consome as vidas dos que a ela se entregam.
Essas feridas são graves, a ponto de lançar os que se entregam à inveja numa existência de trevas.
Tudo se complica ainda mais pelo fato de a inveja ser um pecado que pode passar desapercebido pelas pessoas ao redor, mas que internamente consome as vidas dos que a ela se entregam.
A cobiça das coisas que não nos pertencem é a marca do
pecado da inveja.
É assim que a inveja pode levar ao roubo, outra desobediência
aos Mandamentos de Deus e grave pecado capital.
‘’A paz de
espírito dá saúde ao corpo, mas a inveja destrói como o câncer.” (Pv 14, 30)
“O ódio é cruel e
destruidor, mas a inveja é ainda pior.” (Pv 27, 4)
A inveja é, ao mesmo tempo, paixão e vício capital, diretamente oposto à virtude da caridade.
Como paixão, é uma espécie de tristeza profunda que se
experimenta na sensibilidade à vista do bem que se observa nos outros; esta
impressão é acompanhada duma constrição do coração que lhe diminui a atividade
e produz um sentimento de angústia.
Dante Alighieri reservou o segundo Circulo do Purgatorio aos invejosos que, como castigo, tinham os olhos costurados com arame para que não fossem capazes de ver a luz.
A Natureza da Inveja
A) A inveja é uma
tendência a entristecer-se do bem de outrem, como se fosse um golpe vibrado à
nossa superioridade.
Muitas vezes é acompanhada do desejo de ver o próximo
privado do bem que nos faz sombra.
Nasce, pois, do
orgulho este vício, que não pode tolerar superiores nem rivais.
Quando um está
convencido da própria superioridade, entristece-se, ao ver que outros são tão
bem ou melhor dotados que ele, ou que ao menos alcançam maiores triunfos.
Objeto da inveja são sobretudo as qualidades brilhantes; contudo em homens
sérios também o podem ser as qualidades sólidas e até a virtude.
Manifesta-se este defeito pela mágoa que um sente, ao ouvir
louvar os outros; e então procura-se atenuar esses elogios, criticando os que
são louvados.
B) Muitas vezes confunde-se a inveja com o ciúme; quando se
distinguem, define-se este como um amor excessivo do seu próprio bem,
acompanhado do temor de que nos seja arrebatado por outros.
Este era, por
exemplo, o primeiro do seu curso; notando os progressos dum condiscípulo,
começa a ter-lhe ciúme, porque receia que ele lhe leve o primeiro lugar.
Aquele
possui a afeição dum amigo: começando a temer que ela lhe seja disputada por um
rival, entra a ter ciúmes. Aquele outro tem uma numerosa clientela, e entra a
recear que ela diminua por causa dum concorrente. Daí aquele ciúme que por
vezes grassa entre profissionais artistas, literatos, e às vezes até
sacerdotes.
Numa palavra, tem-se inveja do bem de outrem e ciúme do seu próprio bem.
Numa palavra, tem-se inveja do bem de outrem e ciúme do seu próprio bem.
C) Há diferença entre a inveja e a emulação: esta é um
sentimento louvável que nos leva a imitar, igualar, e, se possível for, a
sobrepujar as qualidades dos outros, mas por meios leais.
O invejoso é um insatisfeito compulsivo e, geralmente,
desconhece esta condição; sente secretamente e de forma dissimulada um grande
rancor contra as pessoas que são invejadas por possuírem alguma coisa (beleza,
dinheiro, êxito, poder, liberdade, amor, personalidade, experiência, felicidade,
etc.) que o invejoso deseja mas não tem ou não quer ter.
O invejoso é, neste sentido, uma pessoa incompleta, uma pessoa defeituosa aos seus próprios olhos.
O invejoso é, neste sentido, uma pessoa incompleta, uma pessoa defeituosa aos seus próprios olhos.
O invejoso não aceita as suas carências ou não tem motivação
e coragem para superá-las e simplesmente odeia e deseja destruir toda pessoa
que lhe recorda estas carências.
Toda vez que o invejoso vê o invejado, ele se
coloca ante um espelho que reflete, não as suas qualidades, mas os seus
defeitos e suas carências.
Para o psicólogo, a inveja, além de ser um pecado capital
que condena o pecador ao inferno, é um comportamento doentio que caracteriza
pessoas imaturas, insatisfeitas e neuróticas.
A inveja, neste caso, pode ser curada com a maturação da personalidade e resolução das carências vivenciadas ou imaginadas.
A pessoa madura e resolvida, não inveja nada.
A inveja, neste caso, pode ser curada com a maturação da personalidade e resolução das carências vivenciadas ou imaginadas.
A pessoa madura e resolvida, não inveja nada.
A Malícia da Inveja
Pode-se estudar esta malícia em si e nos seus efeitos.
A) Em si, é a inveja pecado mortal, de sua natureza, porque
é diretamente oposto à virtude da caridade, que exige nos regozijemos do bem
dos outros.
Quanto mais importante é o bem que se inveja, tanto mais grave é o
pecado; e assim diz, Santo Tomás, ter inveja dos bens espirituais do próximo,
entristecer-se dos seus progressos ou dos seus triunfos apostólicos é
gravíssimo pecado.
É isto verdade, quando estes movimentos de inveja são
plenamente consentidos; muitas vezes, porém, não passam de impressões, ou
sentimentos irrefletidos, ou ao menos pouco refletidos e voluntários: neste
último caso, não passa de venial a falta.
B) Nos seus efeitos,
é a inveja muitas vezes sobremaneira culpável:
a) Excita sentimentos de ódio: corre-se risco de odiar
aqueles de que se tem inveja ou ciúme, e, por conseqüência, de falar mal deles,
de os desacreditar, caluniar, ou de lhes desejar mal.
b) Tende a semear divisões, não somente entre estranhos, mas
até no seio das famílias , ou entre famílias aliadas; e estas divisões podem ir
muito longe e criar inimizades e escândalos.
c) Impele à conquista imoderada das riquezas e das honras:
para sobrepujar aqueles a quem tem inveja, entrega-se o invejoso a excessos de
trabalho, a manobras mais ou menos leais, em que se encontra comprometida a
honradez.
d) Perturba a alma do invejoso: não há paz nem sossego,
enquanto se não consegue eclipsar, dominar os próprios rivais; e, como é muito
raro que se chegue a alcançá-los, vive-se em perpétuas angústias.
Remédios da Inveja
São negativos ou positivos.
A) Os meios negativos consistem:
a) em desprezar os
primeiros sentimentos de inveja ou ciúme que se levantam no coração, em os
esmagar como coisa ignóbil, à maneira de quem esmaga um réptil venenoso;
b) em divertir o pensamento para outra coisa qualquer; e,
depois de restabelecido o sossego, refletir então que as qualidades do próximo
não diminuem as nossas, antes nos são incentivo para as imitarmos.
B) Entre os meios
positivos, dois há mais importantes:
a) Somos todos
irmãos, todos membros do corpo místico que tem a Jesus por cabeça, e tanto as qualidades
como os triunfos dum desses membros redundam sobre os demais; em vez, pois, de
nos entristecermos, devemos antes regozijar-nos da superioridade dos nossos irmãos,
já que ele contribui para o bem comum e
até mesmo para o nosso bem particular.
b) O segundo meio é cultivar a emulação, esse sentimento louvável
e cristão, que nos leva a imitar e sobrepujar até, apoiando-nos na graça de
Deus, as virtudes do próximo.
Para ser boa e se distinguir da inveja, deve ser a emulação
cristã:
1) honesta no seu
objeto, isto é, ter por objeto não os triunfos, senão as virtudes dos outros,
para as imitar;
2) nobre na sua
intenção, não procurando triunfar dos outros, humilhá-los, dominá-los, senão
tornar-se melhor, se é possível, para que Deus seja mais honrado e a Igreja
mais respeitada;
3) leal nos seus
meios de ação, utilizando, para chegar os seus fins, não a intriga, a astúcia,
ou qualquer outro processo ilícito, senão o esforço, o trabalho, o bom uso dos
dons divinos.
Assim entendida, é a emulação remédio eficaz contra a
inveja, porque não fere em nada a caridade e é, ao mesmo tempo, um excelente
estímulo.
E na verdade, considerar como modelos os melhores dentre os nossos
irmãos para os imitar, ou até mesmo para os sobrepujar, é, afinal, reconhecer a
nossa imperfeição e querer dar-lhe remédio, aproveitando os exemplos dos que
nos rodeiam.
Assim não será para nós a inveja senão uma ocasião de praticar a virtude.
Assim não será para nós a inveja senão uma ocasião de praticar a virtude.
Outra boa prática de combate a este pecado devastador é
pedir ao Espírito Santo que lhe dê a sensibilidade para perceber essa fraqueza
ainda no início (em sua mente), reconhecendo que está sentindo inveja, enquanto
ela ainda não é mais forte que o seu desejo de fazer o que é certo e ser santo.
A decisão e o esforço para viver em santidade são seus.
Assim não deixará as
portas abertas para qualquer tipo de cobiça das coisas ou qualidades do seu
próximo.
Gera :
Cochichos - Procurar rebaixar a glória de alguém falando em
segredo.
Maledicência - em seguida, fere-se a sua reputação, dizendo
abertamente mal.
Alegria com o mal de outrem - Se o mal chega a alguém:
"É bem feito!"
Tristeza pelo seu bem - Inveja-se a pessoa pelos seus bens
materiais e espirituais (este último ponto é um pecado contra o Espírito Santo).
Rancor pelo próximo - Deseja-se mal ao próximo.
Diz tudo
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