Os Pecados Mortais - A Gula
A gula é o amor desordenado de todo o tipo de excessos,
sejam eles comida, bebida ou outros.
É o abuso do prazer legítimo que Deus quis acompanhasse o comer e o beber, tão necessários à conservação do indivíduo.
Mas também o desejo desordenado por excesso de livros, doutrinas, iniciações, nada é suficiente, nada lhe chega, o guloso quer sempre mais e mais, nunca consegue ficar 'satisfeito', nunca nada é 'suficiente'.
É o abuso do prazer legítimo que Deus quis acompanhasse o comer e o beber, tão necessários à conservação do indivíduo.
Mas também o desejo desordenado por excesso de livros, doutrinas, iniciações, nada é suficiente, nada lhe chega, o guloso quer sempre mais e mais, nunca consegue ficar 'satisfeito', nunca nada é 'suficiente'.
A gula é o pecado capital que contrasta com a virtude da
temperança.
Seus excessos levam à degradação do próprio corpo humano, que uma vez sendo alimentado com mais do que necessita, perde o seu equilíbrio natural e saudável. A saúde esvai-se se não mantida com a temperança.
Seus excessos levam à degradação do próprio corpo humano, que uma vez sendo alimentado com mais do que necessita, perde o seu equilíbrio natural e saudável. A saúde esvai-se se não mantida com a temperança.
Para Evágrio e Santo Agostinho, a Gula era um pecado, pois
representava o excessivo gosto por questões materiais.
Se alimentar é essencial, porém, naquela época se
entendia que a pessoa que se dedicava a passar parte do seu dia apenas comendo
e bebendo, acabava esquecendo de outros afazeres, negando obrigações, e de
certa forma esquecendo-se de Deus.
O se "esquecer" de Deus refere-se a duas linhas de
entendimento: a primeira, é que o glutão ou guloso, não passaria a dedicar
parte de seu tempo a orar para Deus, e ao mesmo tempo não realizaria outras
atividades.
Segundo, a Gula vai de
encontro a ideia pregada por Cristo durante a Última Ceia, onde o mesmo
compartilhou com os apóstolos o pão e o vinho, e realizou o simbolismo de que o
pão seria sua "carne" e o vinho o seu "sangue".
Quando a pessoa come de forma gulosa, é considerado uma
afronta a essa metáfora de Cristo e ao ensinamento da temperança e da partilha.
Ou seja, aquele que come muito e bebe muito, de certa forma está tirando o acesso a tais alimentos de outras pessoas, está agindo de forma gananciosa e egoísta, pois milhões de pessoas padecem de fome diariamente.
Ou seja, aquele que come muito e bebe muito, de certa forma está tirando o acesso a tais alimentos de outras pessoas, está agindo de forma gananciosa e egoísta, pois milhões de pessoas padecem de fome diariamente.
Natureza da Gula
A desordem da Gula consiste em procurar o prazer do alimento, por si
mesmo, considerando explícita ou implicitamente como um fim, a exemplo daqueles
que fazem do seu ventre um deus, ou em o procurar com excesso, sem respeitar as
regras que dita a sobriedade, algumas vezes até com prejuízo da saúde.
Os teólogos assinalam
quatro maneiras diversas de faltar a essas regras:
1) Comer antes de sentir necessidade, fora das horas
marcadas para as refeições, e isto sem motivo legítimo, só para satisfazer a
gula.
2) Buscar iguarias esquisitas ou preparadas com demasiado
apuro, para gozar delas mais; é o pecado dos gulosos ‘gourmet’ ou gastrônomos.
3) É ultrapassar os limites do apetite ou da necessidade, enfartar-se de comida ou bebida, com risco de arruinar a saúde; é evidente que só o prazer desordenado pode explicar este excesso, que no mundo se chama glutonaria.
4) Comer com avidez, com sofreguidão, como fazem certos
animais; e esta maneira de proceder é considerada no mundo como grosseria.
A obesidade, a embriaguez, a alcoolismo, etc., são
consequências geradas pela Gula.
A malícia da gula
A malícia da gula vem de escravizar a alma ao corpo, materializar
o homem, enfraquecer a vida intelectual e moral, preparando-o, por um pendor
insensível, ao prazer da volúpia, que, em substância, é do mesmo gênero.
Para lhe determinarmos com precisão a culpabilidade, importa fazer esta distinção.
Para lhe determinarmos com precisão a culpabilidade, importa fazer esta distinção.
A) A gula é falta
grave:
a) Quando chega a
excessos tais que nos torne incapazes, por tempo notável, de cumprir os nossos
deveres de estado ou obedecer às leis divinas ou eclesiásticas; por exemplo,
quando prejudica a saúde, quando dá origem a despesas loucas que põem em risco
os interesses da família, quando leva a faltar às leis da abstinência ou do
jejum.
b) O mesmo se diga,
quando se torna causa de faltas graves.
Os excessos da mesa, dispõem à incontinência, que é filha da
gula.
Incontinência dos olhos e dos ouvidos, que vão buscar pasto
doentio aos espetáculos e canções licenciosas; incontinência do pensamento que,
extraviando-se, se derrama sobre os objetos ilícitos; incontinência da vontade,
que abdica para se escravizar aos sentidos...
A intemperança da mesa leva à intemperança da língua.
Que faltas não comete a língua no decurso de banquetes pomposos e prolongados!
Faltas contra a gravidade!... Faltas contra a discrição!
Atraiçoam-se os segredos que havia promessa de guardar, segredos profissionais que são sagrados, e entrega-se à malignidade a reputação dum marido, duma esposa, duma mãe, a honra duma família, quando não é o futuro duma nação.
Que faltas não comete a língua no decurso de banquetes pomposos e prolongados!
Faltas contra a gravidade!... Faltas contra a discrição!
Atraiçoam-se os segredos que havia promessa de guardar, segredos profissionais que são sagrados, e entrega-se à malignidade a reputação dum marido, duma esposa, duma mãe, a honra duma família, quando não é o futuro duma nação.
Faltas contra a justiça e caridade!
A maledicência, a calúnia, a detração, sob as suas formas mais inescusáveis, exprimem-se com uma liberdade desconcertante...
A maledicência, a calúnia, a detração, sob as suas formas mais inescusáveis, exprimem-se com uma liberdade desconcertante...
Faltas contra a prudência!
Tomam-se compromissos que não será possível guardar, sem ofender todas as leis da moral....
Tomam-se compromissos que não será possível guardar, sem ofender todas as leis da moral....
B) A gula não passa de falta venial, quando alguém cede aos prazeres da mesa imoderadamente, mas sem cair em excessos graves, sem se expor a infringir qualquer preceito importante. Assim, por exemplo seria pecado venial comer ou beber mais do que de costume, por prazer, para fazer honra a um lauto banquete ou agradar a um amigo, sem cometer excesso notável.
C) Sob o aspecto da perfeição, é a gula um obstáculo sério:
1) Enfraquece a vontade e desenvolve o amor do prazer
sensual que prepara a alma para capitulações perigosas;
2) É fonte de muitas faltas, produzindo uma alegria
excessiva, que leva à dissipação, à loquacidade, aos gracejos de gosto
duvidoso, à falta de recato e modéstia, e abre assim a alma aos assaltos do
demônio.
Importa, pois, combatê-la.
Importa, pois, combatê-la.
A gula trava luta constante entre o prazer da carne e o
crescimento espiritual, afastando o homem de Deus, que se torna no furor do seu
apetite, negligente com a alimentação espiritual.
Remédio
O princípio que nos deve dirigir na luta contra a gula, é
que o prazer não é fim, senão meio, e que por conseguinte, deve ser subordinado
à reta razão iluminada pela fé .
Ora, a fé diz- nos que é necessário santificar
os prazeres da mesa com pureza de intenção, sobriedade e mortificação.
1) Antes de tudo, é preciso tomar as refeições com intenção
reta e sobrenatural, não como o animal que não busca mais que o prazer, não
como o filósofo que se limita a uma intenção honesta, senão como cristão, para
melhor trabalhar na glória de Deus: com espírito de reconhecimento para com a
bondade de Deus que se digna conceder-nos o pão de cada dia; com espírito de
humildade, dizendo-nos a nós mesmos, com São Vicente de Paulo, que não
merecemos o pão que comemos; com espírito de amor, empregando as forças, que
recuperamos, no serviço de Deus e das almas.
«Quer comais, quer bebais, fazei tudo para glória de Deus (I
Cor. 10,31)»
2) Esta pureza de intenção nos fará guardar a sobriedade ou justa medida: e na verdade, se queremos comer para adquirir as forças necessárias ao cumprimento dos nossos deveres de estado, evitaremos todos os excessos que poderiam comprometer-nos a saúde.
2) Esta pureza de intenção nos fará guardar a sobriedade ou justa medida: e na verdade, se queremos comer para adquirir as forças necessárias ao cumprimento dos nossos deveres de estado, evitaremos todos os excessos que poderiam comprometer-nos a saúde.
Ora, dizem-nos os higienistas, a
«sobriedade (ou frugalidade) é a condição essencial do vigor físico e moral».
Já que comemos para viver, devemos comer sadiamente para sadiamente viver.
Fujamos, pois, de comer ou beber demais...
Devemos levantar-nos da mesa com uma sensação de leveza e vigor, ficar um pouco aquém do apetite, e evitar ficar entorpecidos com os excessos da lauta mesa.
Já que comemos para viver, devemos comer sadiamente para sadiamente viver.
Fujamos, pois, de comer ou beber demais...
Devemos levantar-nos da mesa com uma sensação de leveza e vigor, ficar um pouco aquém do apetite, e evitar ficar entorpecidos com os excessos da lauta mesa.
É bom, contudo, observar que a medida não é a mesma para
todos.
A) Como é fácil
escorregar por esta ladeira e conceder demais à sensualidade, convém
privar-nos, de vez em quando, de alguns acepipes de que gostamos, úteis até,
mas não necessários.
Desse modo se adquire domínio sobre a sensualidade, privando-a de algumas satisfações legítimas; desembaraça-se o espírito da servidão dos sentidos, dá-se-lhe mais liberdade para a oração e para o estudo e evitam-se muitas tentações perigosas.
Desse modo se adquire domínio sobre a sensualidade, privando-a de algumas satisfações legítimas; desembaraça-se o espírito da servidão dos sentidos, dá-se-lhe mais liberdade para a oração e para o estudo e evitam-se muitas tentações perigosas.
B) É uma excelente
prática habituar-se a não tomar refeição alguma, sem nela fazer qualquer
mortificação. É excelente prática habituar-se a comer um pouco de que não
agrada.
C) Entre as
mortificações mais úteis, contamos as que se referem a bebidas alcoólicas, onde
a regra é o uso moderado sem excessos viciosos.
Aqui transitam os gulosos.
Essas almas têm os olhos enegrecidos, encovados, batem os dentes mastigando o vazio, são pálidas e tão magras que suas faces mostram-se desfiguradas e é possível ver o fantasma de seus ossos.
A pena torna-se mais aflitiva porque o Sexto Terraço é um pomar pleno de frutos e repleto de veios de água pura e cristalina.
Porém, as almas do gulosos não podem comer nem beber porque os frutos e as águas fogem de suas mãos.
É um jejum que parece sem fim.
Essas almas têm os olhos enegrecidos, encovados, batem os dentes mastigando o vazio, são pálidas e tão magras que suas faces mostram-se desfiguradas e é possível ver o fantasma de seus ossos.
A pena torna-se mais aflitiva porque o Sexto Terraço é um pomar pleno de frutos e repleto de veios de água pura e cristalina.
Porém, as almas do gulosos não podem comer nem beber porque os frutos e as águas fogem de suas mãos.
É um jejum que parece sem fim.
Aí, os gulosos se encontravam nus e com aparência
esquelética, aparência de pessoas passando fome e com sério grau de
desnutrição; com os ossos salientados sob a carne magra.
Aqui a pena para a gula é oposto do que os gulosos fizeram em vida, ou seja, em quanto vivos, abusaram da comilança e da bebedeira, e agora no Purgatório passariam fome, na tentativa de se redimirem de seus pecados e conseguirem o perdão, senão, cairiam no Inferno, onde seriam atacados por Cérbero.
Aqui a pena para a gula é oposto do que os gulosos fizeram em vida, ou seja, em quanto vivos, abusaram da comilança e da bebedeira, e agora no Purgatório passariam fome, na tentativa de se redimirem de seus pecados e conseguirem o perdão, senão, cairiam no Inferno, onde seriam atacados por Cérbero.
No inferno os pecadores da gula eram castigados no Terceiro
Ciclo, onde se encontravam sob uma forte
tempestade com chuva, neve e granizo, além de serem arranhados e devorados por
Cérbero, o cão de três cabeças que na mitologia grega era o guardião dos
Portões do Inferno.
Gera:
Estupidez - A inteligência indisposta pelos vapores que sobe
à cabeça e que impedem a reflexão, a oração, etc.
Alegria vã - A razão perde a sua ascendência sobre a
vontade; já não manda, porque “o vinho faz crer que tudo é bem estar e
felicidade".
Loquacidade - Desordem nas palavras: "a língua agita-se
a torto e a direito".
Palhaçada - Desordem dos gestos: "tudo é bom para
rir".
Impureza - Desordem do corpo: a falta de asseio, falta de
reserva e todas as espécies de excessos.
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