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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Os Dons do Espirito Santo -Parte 3





O Dom da Piedade

O segundo Dom do Espírito Santo é o Dom da Piedade, que significa amor por Deus (ou amar a Deus). 

Corresponde à Virtude da Justiça e ao pecado da Luxúria. 

Pela Virtude da Justiça, damos ao outro (a Deus ou ao próximo) aquilo que lhe pertence. 
A Virtude infusa da religiao ligada à Virtude da Justiça, rende a Deus o culto que Lhe é devido na Sua qualidade de Senhor, Ser Supremo e Criador.

Pelo Dom da Piedade, damos ao outro, tudo o que podemos dar, sem medidas.

O Dom da Piedade só presta atenção à excelência incriada de Deus, e só admite como medida do seu louvor a glória que Deus encontra em Si mesmo e nas Suas infinitas perfeições. 

Só se fixa no Mistério insondável no centro mesmo da Sua Trindade, Ela própria a destinatária deste Dom da Piedade.

Este Dom produz no coração um afeto filial para com Deus e uma terna devoção às Pessoas e às coisas divinas, para fazer-nos cumprir com presteza e alegria os deveres religiosos.

Quando nós tentamos amar a Deus, fazemos de uma forma egoísta, não com 'amor' mas com 'desejo'. 

Só Deus (o Espírito Santo) nos pode dar o verdadeiro amor com o qual O podemos 'amar', e não 'desejar'. 
Este amor de Deus é uma espécie de amor universal. 

Não é tanto uma sensação de amar alguém do tipo 'amar a Jesus Cristo' que não passa de uma idolatria. 

É mais um amor do tipo 'amar o Universo'. 
Uma espécie de amor impessoal que passa através de nós, como se fosse uma espécie de brisa. 

Só Deus (o Espírito Santo) nos pode dar esse amor, e não vale a pena tentar forçar porque ele não aparece devido ao nosso esforço.

Em termos simples, a Virtude da Justiça ajoelha-se perante o Senhor, o Dom da Piedade coloca-nos no colo do Pai.



Apenas porque "Ele é Grande em Si mesmo" o Dom da Piedade exalta sobretudo essa Altura Divina que mal se apercebe nas obras criadas exteriores a Ele, que são apenas uma ínfima manifestação dessa Altura.

É o abandono nos braços do Pai para que Ele faça da criatura, Seu filho, assim abandonada o que Ele sabe que é o melhor para ela.

O filho entrega-se totalmente sem pré-condições sem nada pedir, sem considerações interesseiras, sejam necessidades ou benefícios, aqui estou, faz de mim uma Tua imagem.

" E Vós, ó Pai, debruçai-Vos sobre esta Vossa pequenina criatura; não vejais nela outra coisa que não seja o Vosso Bem Amado, a quem cobriste com todas as Vosssas complacências".
Isabel da Trindade

O Dom da Piedade na sua máxima expressão liga-se à eternidade dos Bem Aventurados que "adoram Deus por causa Dele mesmo", se têm como nada, se desprezam, se perdem de vista, para apenas se encontrarem no Louvor eterno ao Ser adorado em êxtase de Amor esmagado pela beleza, pela força,  pela imensa grandeza desse Ser.


A ternura, como atitude sinceramente filial para com Deus, exprime-se na oração.
A experiência da própria pobreza existencial, do vazio que tantas coisas terrenas deixam na alma, suscita no homem a necessidade de recorrer a Deus para obter graça, ajuda, perdão. 

O Dom da Piedade orienta e alimenta essa necessidade, enriquecendo-a com sentimentos de profunda confiança em Deus, experimentado como Pai providente e bom. 


A ternura, como abertura autenticamente fraterna ao próximo, manifesta-se na mansidão. 

Com o Dom da Piedade, o Espírito Santo infunde no crente uma nova capacidade de amar o próximo, fazendo com que o seu coração de certa forma participe da mesma mansidão do Coração de Cristo. 
O cristão piedoso sempre consegue ver os outros como filhos do mesmo Pai.  
Por isto, sente-se impelido a tratá-los com a gentileza e amabilidade próprias de uma genuína relação fraterna. 

Acresce que o Dom da Piedade extingue no coração os focos de tensão e de divisão como a amargura, a cólera, a impaciência e alimenta-o com sentimentos de compreensão, tolerância e perdão. 

Este Dom está, por isso, na raiz daquela nova comunidade humana que se fundamenta na civilização do amor.

Deus nos trata com Piedade. 
Dá-nos o que necessitamos, muito mais do que aquilo que merecemos. 


Progressão deste Dom 

Desenvolve-se em quatro estágios:

1) Coloca em nossa alma uma ternura filial para com Deus nosso Pai: Deus é, acima de tudo, nosso Pai.

2) A piedade nos coloca na alma um filial abandono nos braços do Pai celeste.

3) Faz-nos ver no próximo um filho de Deus e nosso irmão.

4) O Dom da Piedade nos leva a devotar amor sincero a todas as pessoas e coisas que estão de algum modo relacionadas com a paternidade de Deus.


Necessidade deste Dom 

Deus é visto com este Dom como um Pai bom e que nos acolhe não já como um Senhor e isso nos dá alento para nos abrigarmos nesse aconselho e Lhe darmos também a nossa gratidão por nos ter criado.

Então toda a prática espiritual se torna uma necessidade da alma, um prazer e um voo do coração para Deus.

Sem isso a oração apenas ao Senhor seria mais ‘obrigação’ que ‘deleite’ , as provações e desalentos surgiriam como castigos severos e injustos. 

Sem isso a nossa prática apenas buscaria a nossa consolação e não a consolação do nosso Pai amigo.
Igualmente no dia a dia, tudo o que fazemos é por amor ao Pai, numa atenção constante ao Seu deleite e satisfação.  
  
É pois esta Piedade activa que O adora ao fazer a Vontade Dele, pois fazemos a Vontade do nosso Pai e não já do Senhor Todo Poderoso e Criador.   

É uma entrega e obediência total por ‘movimento’ amoroso nas mãos Dele e nos deixarmos por Ele conduzir nos caminhos da nossa vida, pois só Ele sabe o que nos mais convém em cada momento para nos purificar e unir a Ele.



Meios de cultivar este Dom 

1) Lendo textos sagrados onde Deus mostra a sua bondade e misericórdia paternal com os homens e sobretudo com os justos.

2)  Transformando nossas acções diárias em actos de Piedade filial para com nosso Pai e de Piedade fraternal com nosso próximo.

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