As 7 etapas do caminho
Comparemos as doutrinas Sufi e Cristã sobre estas 7 etapas.
Doutrina Sufi
O Sufi é mais prático do que teórico.
Não interessa a ele o depois, mas sim o agora.
O Sufismo estuda o que devemos fazer para desenvolver nossa consciência aqui nesta existência.
Por isso não acredita (ou ao menos não está incluída na doutrina) em reencarnação, pois esta seria uma teoria prejudicial ao que o sufismo se propõe.
O coração, no Sufismo, é o centro do ser espiritual, e não um aspecto emocional (como no ocidente).
É equivalente a um espaço no corpo, onde a alma (espírito) disputa esse espaço com o ego (nafs, que em árabe significa alma animal).
Este ego é uma parte material da sua existência, e não a consciência em si.
Existem 7 níveis de consciência dentro da doutrina Sufi.
Entretanto, esta divisão está mais para um imenso degradê, existindo assim diversos subníveis.
O menos evoluído dos níveis é o que veremos primeiramente:
1 - Nafs ammara (O Eu que induz ao mal)
A maior parte da humanidade está neste nível.
Desconectada do resto do mundo, onde busca apenas a satisfação de seus desejos.
Nos níveis mais elevados de Nafs ammara o mal está na mentira (tanto para satisfazer ao ego, como para levar vantagens), na fraude, na sonegação do imposto de renda, enfim, nesses "pequenos" defeitos que são justificados por nossa mente.
Nos níveis mais baixos encontramos os assassinos, estupradores, assaltantes, etc.
Para sair desta roda de sofrimento, você precisa estar apto a receber a misericórdia de Deus, e para isso você precisa se ver de fora, ter algo como um "grilo falante" que lhe diga que isto não é correto, por mais "benefícios" aparentes que lhe traga.
É acender a centelha divina que está dentro de todos nós.
Podemos receber esse "empurrãozinho" Divino (para que possamos nos aperfeiçoar) quando, por exemplo, sentimos um gratificante bem-estar ao se fazer alguma coisa boa a alguém.
Mas isso é só a ponta do iceberg, que a pessoa deve descobrir por ela mesma, sem "recompensas".
Enfim, no Nafs ammara não há consciência de certo ou errado, bem ou mal, no seu sentido mais universal.
Apenas no fim deste nível é que há a percepção.
2 - Nafs lawwama (O Eu acusador)
A consciência interior do certo e do errado.
A pessoa nesse nível assume como verdade interior o que aprendeu - seja através de tradições (familiares, ou de um grupo) ou religiões.
O problema aqui é esse "censor" interno ser tão rigoroso que possa levar a pessoa à depressão, ou a julgamentos muito rigorosos consigo mesmo.
O que normalmente surge desse encontro consigo mesmo é o remorso, e é preciso ter muito cuidado para não desmoronar de vez ao ver-se como realmente é.
Outros, para poder se "sustentar", preferem voltar o "Eu acusador" para os outros, e não para ele mesmo.
Então essa pessoa passa a ser uma perseguidora, uma inquisidora, se achando uma defensora do "certo", da Verdade.
É uma fachada (a tal sombra de Jung) para um problema que está dentro dela mesma.
Se ela não se perdoar primeiro, se não compatibilizar o pensamento de outrora com o de hoje, não perdoará aos outros.
3 - Nafs mulhima (O Eu inspirado)
O conjunto ética/ação é o que caracteriza a pessoa nesse nível.
O indivíduo passa a ter mais sonhos e visões, e a achar que coisas que não são válidas para os outros podem ser válidas pra ele.
O risco nesse nível é a pessoa confundir paixão com inspiração, porque o coração ainda está dominado pelo ego.
Pessoas em Nafs mulhima podem tornar-se líderes religiosos e, mesmo com a melhor das intenções, podem achar que "inventaram" ou descobriram um novo caminho para Deus, que são enviados do Alto para a humanidade, e podem assim acabar inflando ainda mais o próprio ego, por se acharem os donos da verdade.
Do terceiro nível para cima é recomendável o acompanhamento por uma escola mística, um grupo, um apoio espiritual de quem já tenha trilhado esse caminho.
Isso porque há sempre o risco do ego assumir um comando ainda maior do coração.
O Mestre é um guia, que nos mostra os passos para que seja possível obter as experiência necessárias para o caminho sem tropeços.
Mas é preciso que os passos sejam válidos para todos, éticos, públicos e transparentes.
4 - Nafs mutmaina (O Eu tranqüilo)
Neste nível a pessoa já aquietou o ego, e possui um bem-estar interior mais constante.
Já começa a vislumbrar um efeito de integração entre todas as coisas.
5 - Nafs radiya (O Eu que está satisfeito com Allah)
Neste nível a pessoa está liberta da inflência do ego no coração.
A partir daí não há possibilidade de regressão.
Ele olha o mundo e consegue compreendê-lo como um sistema perfeito, sem falhas.
Mas isso não significa que essa pessoa não tenha falhas, que não fique triste nem condoída com o problema dos outros.
Nao há arrogância.
Se tal pessoa não morrer neste nível de consciência, fatalmente atingirá o próximo.
6 - Nafs mardiya (Aquele com quem Allah está satisfeito)
São os considerados "amigos de Allah".
Jesus, além de ser considerado (pelos muçulmanos) um profeta para o povo hebreu, é também um "amigo de Allah".
7 - Nafs saffiya (O Eu perfeito)
O momento em que o ego se dissolve na consciência divina, no qual, simbolicamente, Amado e amante se confundem.
Allah desperta em cada um de nós uma paixão por algo, para que seja
desempenhada com amor, em benefício ao próximo.
Caba a nós descobrir esse dom e dar o máximo de nós mesmos para unir em nossas ações o Amor.
A Doutrina Cristã foi descrita na perfeição pela Santa Teresa de Ávila que divide o desenvolvimento da vida espiritual em sete
moradas:
1 - Primeiras Moradas
Considera a beleza de uma alma em estado de graça e lamenta aquelas almas que jamais entram no castelo, ficam ao redor dele, obstinadas no pecado.
Afirma ainda que a porta de entrada desse castelo é a oração.
Trata da hediondez de uma alma em estado de pecado mortal e da importância da humildade e do conhecimento de si mesmo, através do conhecimento de Deus.
Adverte também sobre as artimanhas do demônio para impedir que as almas progridam dessas primeiras moradas para as seguintes.
Neste estágio, as almas desejam não ofender a Deus e praticar boas obras, no entanto, estão ainda absorvidas pelo mundo.
2 - Segundas Moradas
Aqui as almas já se preocupam em servir a Deus, fogem das distrações fúteis e buscam uma vida de oração e recolhimento, embora com muitas quedas e falhas.
Têm aversão ao pecado mortal, porém, pouco cuidado em evitar as ocasiões.
Sofrem por sentirem cada vez mais claro o chamado de Deus e não terem ânimo suficiente para se entregarem inteiramente.
Nesta fase, a Santa encoraja-as a não desanimarem diante dos ataques do demônio mas serem humildes e se confiarem à Misericórdia Divina, a fim de perseverarem.
3 -Terceiras Moradas
Nestas moradas as almas passam a ter mais oração e recolhimento, evitam os pecados veniais e fazem penitência.
Quando são provadas pelo Senhor com securas e aridezes, desanimam porque ainda são débeis.
Aconselha a estas almas a fuga das ocasiões e a perseverança na humildade e na oração, sem fazer caso de provações ou de consolações.
4 - Quartas Moradas
É nesta etapa que ocorre a transição da ascética para a mística.
As tentações trazem benefícios e são ocasião de mérito.
Tem-se o início das orações contemplativas.
Santa Teresa ressalta a importância de crescer no Amor, condição para progredir às moradas seguintes.
5- Quintas Moradas
A Santa Doutora descreve longamente a união da alma com Deus na oração contemplativa.
A experiência mística é intensificada e aumentam as purificações passivas.
As almas experimentam grande amor ao próximo e têm necessidade de muita vigilância para não cair nas sutilezas do demônio.
6- Sextas Moradas
Nesta fase as almas recebem grandes favores e padecem terríveis provações; Deus opera maravilhas naqueles que alcançam estas moradas.
O amor a Deus é levado até o esquecimento de si mesmo.
Os fenômenos místicos se multiplicam.
As almas têm desejo de unir-se intimamente a seu Senhor, abandonando esta vida.
7 - Sétimas Moradas
Perfeição – dá-se o “matrimônio espiritual”, a união transformante em que a alma se faz uma com Deus, sente em si a inabitação da Santíssima Trindade.
As almas atingem um estado de paz e tranqüilidade inalteráveis, preocupam-se unicamente com a glória de Deus.
Diante dessa impressionante descrição de Santa Teresa de Jesus, um dos luminares da mística experimental, percebe-se o belo mas árduo caminho a percorrer para alcançar a santidade, uma vez que é preciso arrancar da alma todo o apego às coisas terrenas e o apego a si mesmo para poder seguir a Nosso Senhor Jesus Cristo (Lc 9, 23): “se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” .
Sem um constante auxílio de Deus, que com sua graça atrai as almas, sustenta-as e faz avançar nas vias da santidade, não seria possível ao homem chegar à perfeição por suas próprias forças.
Caba a nós descobrir esse dom e dar o máximo de nós mesmos para unir em nossas ações o Amor.
Doutrina Cristã
1 - Primeiras Moradas
Considera a beleza de uma alma em estado de graça e lamenta aquelas almas que jamais entram no castelo, ficam ao redor dele, obstinadas no pecado.
Afirma ainda que a porta de entrada desse castelo é a oração.
Trata da hediondez de uma alma em estado de pecado mortal e da importância da humildade e do conhecimento de si mesmo, através do conhecimento de Deus.
Adverte também sobre as artimanhas do demônio para impedir que as almas progridam dessas primeiras moradas para as seguintes.
Neste estágio, as almas desejam não ofender a Deus e praticar boas obras, no entanto, estão ainda absorvidas pelo mundo.
2 - Segundas Moradas
Aqui as almas já se preocupam em servir a Deus, fogem das distrações fúteis e buscam uma vida de oração e recolhimento, embora com muitas quedas e falhas.
Têm aversão ao pecado mortal, porém, pouco cuidado em evitar as ocasiões.
Sofrem por sentirem cada vez mais claro o chamado de Deus e não terem ânimo suficiente para se entregarem inteiramente.
Nesta fase, a Santa encoraja-as a não desanimarem diante dos ataques do demônio mas serem humildes e se confiarem à Misericórdia Divina, a fim de perseverarem.
3 -Terceiras Moradas
Nestas moradas as almas passam a ter mais oração e recolhimento, evitam os pecados veniais e fazem penitência.
Quando são provadas pelo Senhor com securas e aridezes, desanimam porque ainda são débeis.
Aconselha a estas almas a fuga das ocasiões e a perseverança na humildade e na oração, sem fazer caso de provações ou de consolações.
4 - Quartas Moradas
É nesta etapa que ocorre a transição da ascética para a mística.
As tentações trazem benefícios e são ocasião de mérito.
Tem-se o início das orações contemplativas.
Santa Teresa ressalta a importância de crescer no Amor, condição para progredir às moradas seguintes.
5- Quintas Moradas
A Santa Doutora descreve longamente a união da alma com Deus na oração contemplativa.
A experiência mística é intensificada e aumentam as purificações passivas.
As almas experimentam grande amor ao próximo e têm necessidade de muita vigilância para não cair nas sutilezas do demônio.
6- Sextas Moradas
Nesta fase as almas recebem grandes favores e padecem terríveis provações; Deus opera maravilhas naqueles que alcançam estas moradas.
O amor a Deus é levado até o esquecimento de si mesmo.
Os fenômenos místicos se multiplicam.
As almas têm desejo de unir-se intimamente a seu Senhor, abandonando esta vida.
7 - Sétimas Moradas
Perfeição – dá-se o “matrimônio espiritual”, a união transformante em que a alma se faz uma com Deus, sente em si a inabitação da Santíssima Trindade.
As almas atingem um estado de paz e tranqüilidade inalteráveis, preocupam-se unicamente com a glória de Deus.
Diante dessa impressionante descrição de Santa Teresa de Jesus, um dos luminares da mística experimental, percebe-se o belo mas árduo caminho a percorrer para alcançar a santidade, uma vez que é preciso arrancar da alma todo o apego às coisas terrenas e o apego a si mesmo para poder seguir a Nosso Senhor Jesus Cristo (Lc 9, 23): “se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” .
Sem um constante auxílio de Deus, que com sua graça atrai as almas, sustenta-as e faz avançar nas vias da santidade, não seria possível ao homem chegar à perfeição por suas próprias forças.
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