-- De onde vens e para onde vais ?
-- Venho de Deus na escuridão e para Deus vou na Luz.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Dom do Discernimento


O Dom do Discernimento

O Pai Poemen disse que o Pai Amonas disse:
Alguém pode passar a vida com um machado sem chegar a conseguir cortar a árvore, enquanto uma outra pessoa, conhecedora da arte de derrubar árvores, pode abater a árvore em poucos golpes.
O machado é o discernimento.

A arte do discernimento, da escolher, deve ser aprendida através do estudo e da prática, cometendo erros e ganhando experiência ... até que se torne espontânea, instintiva, inata, como dirigir um carro ou tocar um violino ou ser mestre na sua profissão.

Nossa profissão é sermos especialistas no Espírito; saber discernir é saber separar o trigo do joio, saber o que vem de Deus e o que vem do Diabo , o que devemos fazer e o que não devemos.

Quando aprendemos a arte do discernimento sabemos em cada momento em que temos de tomar uma decisão, qual a melhor maneira de a tomar, como que uma mão invisivel nos indica esse melhor caminho.

‘’As ovelhas seguem o Seu pastor, porque conhecem a Sua voz; a voz do pastor é o que indica o caminho às ovelhas''.


Uma alegoría sobre o discernimento dos homens é o som de uma flauta na floresta.

Vasta e densa, onde mil pássaros cantam e muitos animais rosnam , onde há trovões e tempestades e o farfalhar das folhas ao vento . Símbolo do mundo e da vida, com suas ansiedades e preocupações, distrações no meio do ruído da existência.

Muitos homens passam pela selva do dia a dia e dos ruídos da floresta.

Alguns vão tão rápido que não ouvem nada, outros tremem ao ouvir o rugido do tigre ou o silvo da serpente, outros seguem o som de vozes para chegar à aldeia mais próxima.

Outros se perdem. 


Outros morrem sem saber para onde estavam indo.

Outros dão voltas e voltas de uma voz para outra, de um caminho para outro.

Mas para aqueles que têm ouvidos para ouvir e querem ouvir, há um som, suave, mas especifico, diferente de todos os outros sons e que chega aos ouvidos e ao coração com uma mensagem e um apelo diferente, como uma flauta que indica um sentido e uma direção.

O som vem de algum lugar.

Cada dia de um lugar diferente, de uma direção inesperada. 


Para a alma estar sempre alerta e vigilante e pronta para ir.

Isso é discernimento: a capacidade de distinguir o som da flauta entre todos os outros sons.


Outro símbolo de discernimento é o cisne.

Na mitologia indiana, o cisne tem a capacidade de separar a água do leite com seu bico, de modo que se lhe derem leite misturado com água, ele bebia só o leite e deixava a água.

Portanto, em sânscrito, a arte do discernimento é chamada de ‘’ciência da água e do leite’’ e o cisne é o seu símbolo e modelo.

Quem tem apurado discernimento deve ter a capacidade de discernir a verdade quase por natureza, por ação espontânea, dividindo as águas turvas do mundo com a ponta afiada do entendimento 



Outro exemplo é o radar.

A vigilância constante circular a 360 graus sem poupar nenhum setor da bússola, feixe de luz imparcial a varrer os céus em intervalos medidos, reconhecendo instantaneamente a presença de qualquer objecto no horizonte de consciência, a identificação eaxacta, a reação imediata e a viragem precisa no momento certo, abrindo o caminho perfeito para a rota invisivel e segura.

Sem um bom radar não se voa nem navega.


Nos animais existe um tipo de discernimento, neles natural e instintivo ( ao contrario do homem que o tem de aprender) que lhes permite fazer longas migrações e discernir os tempos e marés, estrelas fixas e constelações, caminhos no céu e voar e voar todos os dias e aterrar no lugar exacto no tempo predestinado em cada ano.

Para nós é confiar no Espírito e deixar seus impulsos despertarem dentro de nós. 

Aí terá lugar em nossas vidas o milagre da migração para terras prometidas.


Como distinguir o Bem do Mal, a Voz Divina da voz do diabo?

A Voz do Bem é como uma gota de água que entra uma esponja; não faz ruido nem agitação.

A voz do diabo é quando a gota de água cai sobre uma pedra , há ruido e agitação. 



A esponja, ao contrario da pedra, nasceu na água, como a alma nasceu no Espírito, e, portanto, reconhece a sua presença, convida sua vinda, agradece sua carícia.

Mensagens de Deus trazem a verdadeira paz à alma, o silêncio e alegria, e assim a alma reconhece sua origem e segue as suas instruções.

Mensagens do diabo, por mais tentadoras que possam parecer à primeira vista, em breve causam inquietação, ruidos, ansiedade e medos.



Discernir é ver a cada momento tudo como se fosse a primeira vez, de fresco, livre de preconceitos, com uma aparência limpa e um julgamento desinteressado.

Nada estraga mais uma decisão a tomar como uma atitude preconcebida, um preconceito, uma abordagem de rotina. Quando a rotina preside a uma escolha, a decisão já estava tomada antes de colocar o problema e o discernimento morreu antes de nascer.

E, no entanto, isso é tão comum que nós nem sequer percebemos isso.

Demasiadas vezes deixamos que costumes, tradições e rotina tomem decisões em nosso nome.
Há um precedente, um caso semelhante, sempre se fez assim ... e vamos continuar a fazê-lo, que é o mais confortável, sem percebermos que repetir uma decisão é viciá-la, na vida não há duas situações iguais e por conseguinte, não pode haver duas decisões idênticas.

Permitir ser governado pelo passado, simplifica as coisas mas destrói a criatividade, a iniciativa.



Discernir é eliminar obstáculos (apegos, afectos desordenados, condicionamentos) para restaurar o equilíbrio, aumentar a consciência e ver o que se tem de ver e escolher em liberdade e espontaneidade o que se tem de escolher, sobre o fundo existencial de nossas vidas.

A decisão errada ocorre, quando o medo, o preconceito ou a paixão fecham as janelas do sentir e a mensagem que devia chegar ao centro não chega, fecham-se os canais e os canos ficam entupidos, os dados que deviam chegar ao coração e ao cerebro não chegam e a decisão sai irremediavelmente errada. 

 
Quando o homem perde o contacto com a Realidade não consegue discernir e fazer escolhas Boas.

 
A Arte do Discernimento é viver o que vem do ‘alto’ embora estejamos cá em ‘baixo’. Olhar para cima para ‘absorver’ o fio condutor e usar essa ‘indicação’, essa mãozinha oculta para agirmos neste mundo.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Os truques do Demonio


                 Os truques do Demónio

Havia um Santo que rezava todas as noites antes de se deitar, mas uma noite esqueceu-se e quando já estava a dormir notou que alguém o sacudia e lhe dizia : Levanta-te e faz a tua oração da noite, que te esqueceste.


Ele levantou-se imediatamente e pôs-se a rezar, mas antes de o fazer, olhou para ver quem era que o tinha acordado e para lhe agradecer.

Qual não foi o seu espanto quando viu que era o Diabo.

Quis ter a certeza e perguntou : És o Diabo ?

Sim, disse ele.

O santo ainda espantado disse : Não estou a entender nada, eu julgava que o papel do Diabo era fazer com que as pessoas não rezassem, mas tu acordas-me para me lembrar de fazer a oração que me tinha esquecido.



O Diabo respondeu : Eu explico-te, é verdade que eu quero que as pessoas não rezem. De facto, há uns dias fui eu quem te fiz sentir muito sono e te deitasses sem fazer a oração. 
Lembras-te ? Eu fiquei satisfeito, mas na manhã seguinte quando acordaste e te lembraste que de que não tinhas feito a oração na noite anterior, sentiste tal dor e contrição, que ganhaste muito mais mérito diante de Deus com a tua penitência e arrependimento, do que terias ganho com a oração
É por essa razão que hoje não quero que se volte a passar o mesmo, não vás acordar amanhã com o remorso de não ter rezado e ganhes de novo mais mérito, pois isso me incomoda a valer
Por isso, faz favor de te levantares agora e rezar como Deus manda e nada de maluqueiras de arrependimento amanhã.

Dito isto, o Diabo foi-se embora e o Santo rezou.    

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A Misericordia de Deus e o inferno




Como pode existir o inferno se Deus é bom e nos ama eternamente?  


O inferno longe de ser incompatível com a santidade de Deus, resulta precisamente do fato de que Deus ama a criatura e ama-a sem poder retirar-lhe o seu amor.

Sim, precisamente porque Deus ama, e ama irreversivelmente, é que o pecador no além pode verificar que Deus é o Sumo Bem, ao qual ele disse um NÃO voluntário e definitivo.

Se Deus retirasse seu amor e esquecesse ao pecador, este não sentiria dilaceração íntima (pois Deus não lhe seria mais o Sumo Bem), mas estaria voltado unicamente para os seus ídolos voluntariamente escolhidos.

E, assim, não sofreria o inferno.
O amor de Deus é consolador para o homem peregrino na terra, mas muito doloroso ( é o seu inferno) para quem lhe disse um NÃO definitivo.

Portanto, Deus não subtrai o amor pela criatura e, justamente por isso, é que dá ocasião a que o pecador ressinta para todo o sempre a imensa tristeza de se ter incompatibilizado com esse amor, que o continua a sustentar e atrair.




Em que consiste o inferno?

Deus não criou ou cria o inferno… o inferno não é um espaço dimensional nem é um lugar’, mas sim um estado de alma… estado de alma no qual o próprio indivíduo se projeta quando rejeita radicalmente a Deus pelo pecado grave; começa então o estado infernal, do qual o pecador se pode insensibilizar pelo fato de não dar atenção ao seu íntimo ou à sua consciência, mas que saltará à tona quando ele não mais puder escapar à voz da consciência.  

Vê-se, pois, que não é Deus quem condena ao inferno; ao contrário, Deus quer a salvação de todos os homens.

É a própria criatura que lavra a sua sentença ou que se condena quando diz um Não total a Deus, que é o Sumo Bem, o único Bem que o ser humano não pode perder.

Mais precisamente: o inferno é o não amar… não amar nem a Deus nem ao próximo.



Todo homem foi feito para o Bem Infinito, como notava S. Agostinho (+430): “Senhor, Tu nos fizeste para Ti, e inquieto é o nosso coração enquanto não repousa em Ti” (Confissões I,1).  

Quem não repousa em Deus, inquieta-se e angustia-se, à semelhança da agulha magnética, que foi feita para o Norte, que a atrai; quando alguém a desvia do seu Norte, ela se agita e só pára quando se lhe permite voltar-se para o Norte.

Conseqüentemente, vê-se que o inferno é mesmo algo de lógico, pois é a violência que o homem comete contra si mesmo. 



E a Misericórdia de Deus? 
Deus obriga o homem a amá-Lo ?

Deve-se responder que, sem dúvida, Deus é infinitamente misericordioso, mas não é “tiranicamente” misericordioso. 

Com outras palavras: Deus não impõe a sua misericórdia ou o seu perdão a quem não o pede ou não o quer receber. Deus não obriga o homem a amar a Deus

Nisto consiste precisamente a grandeza e a nobreza de Deus. 
Ele não violenta nem força a criatura a se abrir para a misericórdia. 

Ora na outra vida não há possibilidade de conversão.  
A morte fixa o ser humano em sua última opção, de modo que após a morte ninguém pode mudar suas atitudes. 

Assim o inferno é o testemunho de que Deus respeita a sua criatura e não lhe tira a liberdade que lhe deu para dignificá-la.

O inferno é a conseqüência do amor irreversível de Deus. 



Tal amor se dá e não volta atrás; não pode voltar atrás precisamente porque é divino e não pode contradizer a si mesmo .

Por isto Deus ama a criatura que não O ama e se afastou dele. 

O fato de que Deus continua a amar, é que atormenta o pecador ; este percebe que se incompatibilizou com o Supremo Bem e o Sumo Amor. Donde se segue que o inferno é compatível com a Grandeza e a Santidade de Deus. 

Uma imagem servirá para ilustrar de algum modo o que é o inferno: observe-se o caso de um jovem que foge de casa para ir viver com seus colegas numa república de estudantes, porque “papai é cafona e mamãe é quadrada”… 

Pai e mãe que amam o filho, se preocupam, e resolvem enviar recados, perguntando ao jovem como está,… se precisa de alguma coisa,… quando voltará… 

Estas interpelações do amor incomodam ou atormentam o filho; este se daria por mais tranqüilo se pai e mãe desistissem de o amar e o esquecessem. 

O fato, porém, é que pai e mãe não podem deixar de amar seus filhos e de mostrar-lhes o seu amor. 



Paralelamente Deus não pode deixar de amar suas criaturas, mesmo quando elas se afastam do Pai celeste; a consciência desse amor atormenta o pecador que se incompatibilizou com Deus. 

Se o Senhor retirasse ou cancelasse o seu amor, o pecador não sofreria tanto, porque estaria totalmente voltado para seus ídolos, sem ser atraído pelo Bem Supremo. 

Mas, como dito, Deus não se pode desdizer ou não pode dizer Não após ter dito Sim (aquele Sim proferido quando criou cada ser humano)

Nisto está a nobreza de Deus, que é paradoxalmente motivo de tormento para quem não responde ao amor divino. 

Em suma, é altamente consolador ser amado por Deus, mas também é assustador ser amado por Deus e não O amar (é estar no inferno).


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Sinal da Cruz



O SINAL DA CRUZ

O sinal da cruz é um simbolo universal da humanidade desde tempos imemoriais e faz parte das várias tradições espirituais em diversas formas de expressão.

A cruz é formada de duas partes: uma vertical e outra horizontal. 
A vertical nos orienta para o céu: é o nosso amor para com Deus. 
A horizontal se volta para os que estão ao nosso lado: é o amor para com o próximo, aquele que está mais perto de nós. 
Os dois amores se entrelaçam um no outro, como as duas hastes da cruz. 
Um não pode existir sem o outro. 
Não existe o pedestal da cruz sem os braços e nem os braços sem o pedestal. 
Os dois se completam. 
Não se pode amar a Deus sem amar o próximo e nem se pode amar o próximo sem o amor a Deus.

Para ser agradável a Deus, é preciso, então, que o homem se pareça com seu divino modelo, e seja um crucificado, um sinal da cruz vivo. 

Tal é, como o do próprio Verbo, seu destino sobre a terra... Daí a existência e a pratica, sob uma forma ou outra, do sinal da cruz entre todos os povos desde a origem dos séculos até nossos dias.

Na tradição judaica o Sacerdote nos sacrificios levanta a hóstia e depois move-a de oriente para ocidente assim formando o Sinal da Cruz.


No Egipto o Tau ( a Cruz egipcia) era um simbolo de Vida futura, de imortalidade.



O sinal da Cruz na tradição cristã

É nesta tradição que o sinal da cruz tem mais importância.

O homem de pé com os braços estendidos na horizontal para os lados é uma Cruz Viva, simbolo da sua dualidade actual, terrena-horizontal e celeste-vertical.

Dualidade resultante da Queda, da Incarnação que o afastou da Unidade donde caiu e  aonde pretende regressar conscientemente pelo esforço em vida, seguindo o exemplo do Filho de Deus, Jesus Cristo, único mediador entre Deus e os homens que sofreu e morreu na Cruz para o homem poder fazer esse Caminho de Casa. 

O Sinal é uma Oração
O “sinal da Cruz” não é um simples gesto ritualístico, mas sim, uma verdadeira e poderosa oração!

O Sinal da Cruz é a armadura invencível dos Cristãos.
 “Feito o Sinal da Cruz, verá como por virtude dele fogem os demônios, calam-se os oráculos e se tornam impotentes todos os encantos e malefícios. Contra as setas do inimigo, não há escudo mais poderoso. A vista deste Sinal, trêmulas e aterradas fugirão as potências infernais.”


Utilizações do Sinal

1) Para exorcisar os demónios 


O Sinal é a arma de precisão contra Satanás, usada pela Igreja em seus métodos exorcistas para expulsar os demónios dos possessos. 
’’Em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo, eu te ordeno, espirito imundo, que saias desta criatura de Deus para que ela possa conhecer seu verdadeiro Criador’’.
‘’ De imediato o espirito saiu e deixou um cheiro horrivel’’.



2) Para dissipar as tentações
O Demonio quando não consegue a possessão, usa os meios interiores como as tentações e aquí também o Sinal é uma ajuda preciosa para não nos deixarmos tentar.
‘’Quando fazeis o Sinal, diz S. João Crisóstimo, ele vos lembra o que a Cruz significa e com isso aplacais a cólera e os movimentos desordenados do vosso Espirito’’.  
     
3) Como súplica do homem ao Divino
Fazendo o Sinal o homem pede a ajuda do Divino na sua vida pois sabe que é fraco e impotente só por si, é pois um Sinal de humildade e entrega da criatura ao seu Criador. 


4) Como respeito pela vida que nos deu o Criador
Quem nunca fez o Sinal não estima a vida mas ao invés a desperdiça e não a toma a sério.

5) Como porta de comunicaçao entre o homem terrestre e seu Criador
Os sentidos são a porta da Alma e por isso os primeiros cristãos faziam o Sinal em cada um deles, para manter os sentidos purificados e ‘abertos’ á comunicação do Espirito Santo.   

6) Como Pára raios Divino


Que desvia os principes do ar (os demónios)  com a sua incalculável malicia e canaliza para a terra as más energias e purifica a criatura que o faz. 
Quem não faz o Sinal deixa-se penetrar pelos raios demoniacos ficando por eles manietado.  

7) Como benção das refeições e de todos os actos diários. 

 

Comer é um dos actos mais perigosos no combate espiritual, pois é uma assimilação interior, logo se o que entra não é purificado, podemos estar a comer o próprio Diabo…e ele ficar mais forte dentro de nós.  
Dai se fazer o Sinal antes e depois das refeições para ‘divinizar-santificar’ a comida antes e agradecer a comida no fim.
Como diz S. João Crisóstimo : ‘’não sejais como os porcos e os brutos, que se alimentam dos bens de Deus sem Lhe agradecer nem levantar os olhos para a Mão que lhes dá essa comida’’. 

Atente-se na Ceia de Cristo e na Eucaristia cristã como exemplo da incorporação do divino em nós em tudo semelhante à refeição familiar em comum. 

A refeição é uma guerra contra o pecado da gula, sentarmo-nos á mesa com o tirano da gula é entrar em combate, fazendo o Sinal vencemos esse combate. 
Aquí reside uma profunda Sabedoria que invoca a Deus pelo Sinal em seu auxilio antes e depois das refeições. 



Também agir no dia a dia fazendo antes o Sinal é uma forma de dedicar esse acto a Deus e assim o divinizar. 

8) Como Lembrança que somos filhos de Deus
Quem não faz o Sinal anda perdido no mundo e pergunta ‘ O que faço aqui ? Porque nasci ?’ Quem o faz, lembra-se no acto que existe um Pai, um Filho e um Espirito Santo e isso o reconforta para caminhar na vida.
Com o Sinal nos lembramos que devemos imitar  aquele que por nós morreu na Cruz e seguir o seu exemplo.

9) Como arma contra a morte
Nos momentos próximos da morte fazer o Sinal com os braços abertos ao Céu é uma garantia de salvaçao.
Assim morreu o eremita São Paulo, Patriarca do deserto.


Quando devemos fazer o Sinal da Cruz?

 “Ao entrar e ao sair de casa,estando para comer, ao deitar e ao levantar, qualquer que seja o ato que pratiquemos ou o lugar para onde vamos, sempre marcamos nossa fronte com o Sinal da Cruz.”

No início de nossas principais ações deveriamos fazer o Sinal : Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
Isso significaria que tudo o que fazemos, comer, trabalhar, amar, seria feito em nome do Pai, ou seja, em seu poder que fortifica a minha fraqueza; no nome do Filho, ou seja, em sua sabedoria que ilumina a minha ignorância; em nome do Espírito Santo, ou seja,em seu amor que reanima a minha frieza.

Temos um mau pensamento a nascer em nosso coração?
Façamos tão logo o sinal da cruz e esteja certo que ele desaparecerá.

Armemo-nos do sinal da cruz antes de nossas refeições, contra o demônio da sensualidade e da gula ; antes de nosso trabalho, contra o demônio da preguiça; antes de nossa oração, contra o demônio da tibieza; antes de dormir, contra o espírito de trevas; nos sofrimentos, contra o demônio do desânimo.

Que tipos de sinal da cruz podem ser feitos?

Sinal da Cruz a benzer

Por ele expressamos três verdades ou dogmas fundamentais do cristianismo: o Dogma da Santíssima Trindade, da Encarnação e da Morte de Jesus Cristo.

Quando você diz: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, você está proclamando o Mistério da Santíssima Trindade.
Quando você leva a testa as pontas do dedo da mão direita aberta, dizendo”: “Em nome do Pai”… você desce em seguida com a mão na vertical e toca na altura do estômago continuando: “…e do Filho”, você está indicando o mistério da Encarnação:o Filho de Deus desceu ao ceio da virgem Maria. 

Depois, levando a mão direita para o ombro esquerdo (e do Espírito…”), você completa a cruz tocando o ombro direito (“…Santo…”), você está indicando a morte de Jesus na Cruz.

 
 

 Sinal da Cruz a persignar

 

Persignar-se é fazer três cruzes com o dedo polegar da mão direita, uma na testa outra na boca e outra no peito. 

A cruz na testa é para Deus nos livrar dos maus pensamentos e pedir a Deus que nos dê bons pensamentos, nobres e puros; 

Na boca, para nos livrar das más palavras e pedir a Deus que de nossos lábios só saiam louvores. Que o nosso falar seja sempre para a edificação do Reino de Deus e para o bem estar do próximo. 

No coração-no peito, para nos livrar das más ações e nos ajudar a viver e praticar as boas acções, para que em nosso coração só reine o amor e a lei do Senhor, afastando-nos, pois, de todos os maus sentimentos, como o ódio, a avareza, a luxúria… fazendo-nos verdadeiros adoradores.

Faz-se o persignar de Pé, indicando com essa posição, que estamos prontos para seguir, dispostos a marchar com Cristo para onde Ele nos levar.

Maneiras e simbologia de fazer o Sinal

 

Sempre com a mão direita.

a) Com 3 dedos unidos simbolizando a Trindade e dois dedos recolhidos simbolizando as duas naturezas de Jesus.
Desce-se do alto para baixo, e da esquerda para a direita, pois devemos passar da miséria para a glória, assim como Cristo passou da morte para a vida e do inferno para o paraíso. 

b) Com 5 dedos estendidos, eles representam as cinco chagas de Cristo, que são o sinal da cruz.  Cristo, com a sua cruz, tira toda a condenação do homem (por isso, da esquerda para a direita).

O Sinal faz-se sobretudo com a tua Fé de que os teus dedos apenas são a parte visivel.
Fazer o Sinal sem Fé ou verdadeira devoção a Deus nada significa.
De que serve colocar marca de ouro em objectos de palha ou lama ? 
Santo Agostinho dizia  ‘Se tendes na vossa fronte o Sinal da humildade de Cristo, tende também em vosso peito a imitação dessa humildade’.
De que serve o Sinal se a Alma está coberta de pecados e manchada de tentações ?.

Na tradição da região ibérica faz-se o Sinal com a famosa oração: "pelo sinal da santa cruz, livre-nos, Deus nosso Senhor, dos nossos inimigos."

Fazer o sinal da cruz com devoção não é um ato supersticioso, mas uma verdadeira entrega da própria vida à cruz salvadora de Cristo.


 O sinal da Cruz cabalistico

Havia originalmente duas maneiras de fazê-lo, ou, pelo menos, duas fórmulas  muito diferentes para expressar o seu significado; uma reservada aos sacerdotes e aos iniciados; e outra, comunicada aos neófitos e aos profanos. 

Assim, por exemplo, o iniciado, levando a mão à fronte, dizia: ‘A ti’; então ele acrescentava; ‘pertencem’; e continuava, enquanto levava a mão ao peito – ‘o reino’; depois, ao ombro esquerdo; ‘a justiça’ ; e ao ombro direito; ‘e a compaixão’. 

Então ele juntava as mãos e acrescentava: Através dos ciclos da geração: 


“A ti pertencem o reino, a justiça e a compaixão. Através dos ciclos de geração.”

1) “A ti pertencem”  – As palavras “a ti” se referem a Atma, o sétimo princípio da anatomia oculta do ser humano. Este é  o princípio supremo imortal,  o eu superior que  vive em unidade com a lei do universo, simbolicamente situado na testa.

2) “o reino,” – Ou seja, o reino dos céus, situado no peito ou no coração.  Esta é a consciência do mundo divino, a luz espiritual, Buddhi, o sexto princípio da compreensão universal das coisas, o amor universal. 

3) “a justiça e a compaixão.”  Estes são os dois pratos da balança.  O reino dos céus (consciência divina) é feito de justiça e compaixão,  e para afirmar-se necessita do equilíbrio entre estes dois fatores.   Qualquer uma destas duas virtudes só pode existir com base na outra. Sem justiça, a compaixão é falsa. Sem compaixão, a justiça é falsa. Sem justiça e compaixão, não há consciência divina (reino dos céus). O amor universal é feito de justiça e compaixão. É graças às duas virtudes (inseparáveis do discernimento) que o estudante tem acesso ao princípio Supremo e superior (Atma), simbolicamente situado na testa.

4) Através dos ciclos da geração. –  As palavras “os ciclos da geração” se referem ao caráter cíclico do tempo eterno e mais especificamente à reencarnações de cada individualidade humana.     
Os dois ombros humanos simbolizam a responsabilidade do indivíduo diante da vida. 
É a combinação de justiça (ombro esquerdo) e compaixão (ombro direito)  que  permite ter força e estabilidade ao longo de uma encarnação. 

O sinal da cruz cabalístico aciona quatro fatores, e  tem relação direta com os quatro elementos (fogo, água, terra e ar). Ele também se refere aos quatro pontos cardeais;  e ao Tetragrammaton, o nome de quatro letras da divindade na tradição mística judaico-cristã (IHVH).


O sinal da cruz na tradição salomônica e maçônica.

O templo de Salomão, esotericamente,  simboliza o corpo humano.
O corpo é a casa do Espírito: “o Espírito está dentro de nós”, “Porque vós sois o templo vivo de Deus”.  

Segundo a tradição, o templo de Salomão está voltado para o Leste e possui duas colunas, chamadas de “Boaz” e “Jachim”.  Idealmente,  ao fazer o sinal da cruz, o estudante de sabedoria divina não só se reconhece como um templo vivo, mas também  está voltado fisicamente para o Leste, o Nascente. Seus ombros e braços correspondem às colunas. O termo “Boaz”, que  corresponde ao ombro esquerdo ou coluna Norte,  significa “na força” ou “em fortaleza”. O termo “Jachin”, que corresponde ao ombro direito ou coluna Sul, combina uma abreviatura de “Jeová” (Divindade) com um termo que significa “Estabelecer”. 

Correlação entre o sinal da cruz cabalístico e a Filosofia do Ioga.


Inicialmente, enquanto o devoto pronuncia ou pensa as palavras “A ti pertencem”, o sinal da cruz ativa  a testa, um  ponto intermediário entre os dois chácras superiores, respectivamente localizados no alto da cabeça ( chacra Sahasrara) e entre os dois olhos (chacra Ajna). 

A seguir, enquanto o devoto pronuncia as palavras “o reino”, o sinal da cruz  toca uma parte do corpo que se refere ao chacra Anahata, localizado no coração. 

Em seguida, o estudante toca os dois ombros, pronunciando, respectivamente, as palavras “a justiça” (ombro esquerdo) e  “a compaixão” (ombro direito). 

Os dois ombros simbolizam as duas correntes energéticas ou “colunas”  (Nadis) que ligam os chacras, segundo a ioga.  Uma das correntes é positiva e ativa: a Justiça. A outra é compreensiva e contemplativa: a Compaixão.  

Finalmente, ao unir as duas mãos enquanto pronuncia as palavras “Através dos ciclos de geração”, o  devoto fecha o círculo harmonizando simbolicamente os dois hemisférios cerebrais, os dois nadis e as correntes yang  e yin em sua natureza interior.


Visão esotérica do sinal da cruz

Esta visão esotérica do sinal da cruz vai além de mostrar a relação viva que há entre o corpo e alma, ou e templo e o espírito.
A prática original do sinal da cruz é, também,  um modo ativo e consciente de  expressar o compromisso do indivíduo atento com a consciência universal.

Através do verdadeiro sinal de cruz, que nada tem a ver com superstições,  o indivíduo se estabelece simbolicamente na consciência divina. 

Ele  assume por mérito próprio “o poder que o faz parecer nada aos olhos dos outros”.

Ele assume o poder de estar em união fraterna com a Lei Universal e com todos os seres.