O
encontro com a Clara Luz
O Bardo Dharmata
O Bardo de morrer, com sua
dissolução exterior e interior, faz nascer niveis cada vez mais subtis de
consciencia.
Cada um emerge sob a dissolução sucessiva dos constituintes do
corpo e da mente, e o processo move-se gradualmente para revelar o nivel da
consciência mais sutil de todas: A Clara Luz que a 1º fase do Bardo do
Dharmata.
Este momento é como a união
de mãe e filha, a Luz da mãe é a natureza fundamental, inerente de cada coisa,
que está subjacente a toda a nossa experiência, e que se manifesta em toda sua
glória no momento da morte.
A Luz da filha é a natureza
da nossa mente, que, pode ser gradualmente treinada para reconhecer através da
meditação a Luz de sua mãe e estar pronta a unir-se a ela aquando a encontrar
na morte.
Quando a integração e o reconhecimento em vida é completo, e na morte
as duas se encontram, existe um reconhecimento e a Fusão ocorre, como quando
uma filha corre para o braços de sua mãe depois de uma longa separação.
Mas é uma tarefa extremamente
difícil.
A
única forma de garantir esse reconhecimento é através do treino, da prática de
estabilizar e aperfeiçoar a junção destas duas luminosidades agora, enquanto
ainda estamos vivos.
Isso só é possível através de
uma vida inteira de treinamento e esforço.
Se não
praticarmos a fusão das duas luminosidades agora e de agora em diante,
não haverá nenhum reconhecimento automático e natural na morte.
O que acontece a seguir
depende do seu nível de evolução espiritual.
Se você tiver chegado a um
entendimento da verdadeira natureza da realidade e se desenvolveu
suficientemente para suportar a experiência, você será capaz de reconhecer e
respeitar a "Clara Luz".
Alguns dizem que a Clara Luz exprime
a claridade radiante da natureza da mente, como uma ‘claridade num céu vazio’ ,
sua total liberdade da escuridão: "livre das trevas do desconhecimento’’.
Outros
descrevem-na como "um estado de
distração mínima," porque todos os elementos e sentidos se dissolveram.
Sem seu corpo físico e sistema
de energia, tornou-se na quintessência da consciência e, como tal, pode unir-se
à Pura Energia do Universo, à Consciencia Divina que se manifesta no universo.
Você pode passar para além da
necessidade de reencarnar, alcançar a iluminação de Buda, chegar ao Nirvana.
Embora
oferecida, por assim dizer, em cada morte, esta experiência transcendental
permanece desconhecida para a maioria das pessoas.
Para a maioria, o nível de
desta nova consciência, ligada á Clara Luz,
é tão sutil que as pessoas não a reconhecem sequer e passam 'ao lado' por
assim dizer.
Nós olhamos através dela e
passamos além dela, em total ignorância da sua importância.
Embora o esforço necessário
para atingir o nirvana seja agora mínimo, nunca é feito e o Paraíso, mais uma
vez, está perdido.
Alguns vêem a "Clara
luz" para se afastarem para longe dela, temendo a dissolução das velhas
estruturas e padrões de hábito que implicam uma aceitação deste nível de
consciência.
Ao fazê-lo, eles condenam-se
a si mesmos para outra roda da reencarnação e do sofrimento inevitável que isso
implica.
O que acontece, então, é que nós
tendemos a reagir instintivamente com todos os nossos últimos medos, hábitos, e
condicionamentos e com todos os nossos velhos reflexos.
Embora as emoções negativas
tenham desaparecido, os hábitos de vida ainda permanecem, escondidos no fundo
da nossa mente ordinária.
Apesar de toda a nossa
confusão ter morrido com a morte, em vez de nos abandonarmos e rendermos à
Clara Luz, o nosso medo e ignorância fazem-nos fugir e instintivamente nos
agarramos a niveis ‘conhecidos’ mas cada
vez menos luminosos....
Isto é o que dificulta que
usemos este poderoso momento como uma oportunidade para a libertação.
O estado de Clara Luz e os
estados de iluminação mística ou nirvana são semelhantes. Os tibetanos se
referem à experiência da não-dualidade como Rigpa, um estado iluminado, em que
o indivíduo finalmente percebe que não há nenhuma fronteira entre ele e toda a
existência manifesta; Tudo é tudo, tudo é Uno e a ultima realidade final é o
vazio da Clara Luz.
O surgimento da Clara Luz ,
no momento da morte é a grande oportunidade para a libertação.
Mas é essencial perceber em
que condições nos é dada esta oportunidade.
Só é oportunidade se nós realmente
fomos introduzidos em vida para a natureza da nossa mente, e sómente se
conseguimos estabilizá-la através da meditação e integrá-la na nossa vida, faz
deste momento de oferta na morte uma verdadeira oportunidade de libertação.
A Clara Luz apresenta-se a
todos nós na morte, mas a maioria de nós não está preparada para a sua
imensidade pura, e sobretudo para a sua simplicidade nua mas ao mesmo tempo
profunda e subtil.
A maioria de nós irá
simplesmente ‘passar ao lado’ pois não
têm meios de a reconhecer, porque não praticamos em vida como a reconhecer.
A Duração da Clara Luz
Para um praticante, dura
enquanto ele aí permanecer naturalmente
num estado de unidade cósmica.
Para a maioria das pessoas,
no entanto, não dura mais do que um estalar de dedos, e para alguns, os mestres
dizem, "enquanto leva para comer uma refeição."
A grande maioria das
pessoas não reconhece este estado de Clara Luz, e são mergulhados em um estado
de inconsciência, que pode durar até três dias e meio.
É então que a
consciência finalmente deixa o corpo.
Bardo do Dharmata
A Clara Luz como ‘claridade
num céu vazio’, é o inicio do Bardo do Dharmata.
Quem em vida se conseguiu unir
a este estado de Clara Luz aí fica em permanência.
Quem não tem ainda a pratica
desta união vê surgir nesse ‘céu claro e vazio’ um Sol radioso que se manifesta
como que uma Presença ‘espontanea’ na pureza primordial da Clara Luz.
Este Bardo do Dharmata em
vida corresponde ao período depois de adormecer, e antes de começarem os
sonhos.
O Bardo do Dharmata tem
quatro fases, cada uma das quais apresenta outra oportunidade para libertação.
Na primeira fase, somos
envolvidos num corpo-atmosfera de luz, uma paisagem de luz, com flashes
multicoloridos , só um praticante que tenha experienciado este 'ambiente' de
luz em vida, consegue agora reconhecê-lo e se fixar e aqui permanecer.
A estabilidade destas
deslumbrantes aparições de luz, depende inteiramente da estabilidade com essa
luminosidade que você conseguiu alcançar em vida pela prática.
Apenas com um bom domínio
dessa prática , poderá você estabilizar a experiência e então usá-la para alcançar
a libertação.
Caso contrário esta fase
simplesmente piscará como um raio; você
não vai nem saber que ocorreu.
Deixe-me salientar novamente
que sómente um praticante experiente será capaz de fazer o reconhecimento mais
importante: que estas manifestações radiantes de luz não têm nenhuma existência
separada da natureza da sua mente.
Na segunda fase, conhecida
como "luminosidade se dissolvendo em União," a luminosidade se manifesta sob a forma de
Divindades de vários tamanhos, cor e forma, com diferentes atributos. Ouve-se
um som estridente, como o bramido de mil trovões, e os raios e feixes de luz
são como lasers, tudo penetrando.
Esta é uma visão que preenche
a sua percepção com tanta intensidade que, se você é incapaz de reconhecê-la
pelo que ela é, lhe parece aterradora e ameaçadora.
Puro medo e pânico cego podem
consumi-lo, e você pode desmaiar.
Das divindades saem fluxos de
luz, e esferas luminosas que se manifestam até as divindades se dissolverem em
você.
Essas divindades assumem formas a
que fomos familiares em nossas vidas.
Por exemplo, para cristãos praticantes,
as divindades podem tomar a forma de Cristo ou da Virgem Maria.
O propósito é
sermos ajudados, logo podem assumir
qualquer forma, qualquer que seja em termos culturais, que seja a mais
adequada e benéfica para nós.
As divindades são entendidas
como metáforas, que personalizam as energias e qualidades da mente de sabedoria
dos Deuses. Personificar as divindades permite ao praticante reconhecê-las e
relacioná-las, e através da prática de visualização, ele percebe que a mente
que percebe a divindade e a divindade em si não são entidades separadas.
Em vez de perceber as
aparições como fenômenos externos, os praticantes irão relacioná-las com a sua
prática e unir-se e fundir-se com essas aparições.
Quem não reconheça este
estado e nele se estabilize, vê essas divindades luminosas se dissolverem e
surge uma terceira fase chamada
"União se dissolvendo em sabedoria."
Nesta fase surgem finos raios
de luz do seu coração mas com detalhes muito precisos que representam os vários
aspectos da sabedoria, juntos num show de luzes ténues e resplandecentes
esferas luminosas.
Estas luzes ténues— negras,
amarelo, verde, azul, vermelho e branco — são as nossas tendências
inconscientes habituais, de raiva, ganância, ignorância, desejo, ciúme e
orgulho.
Estas são as emoções que criam os 6 reinos do Samsara: Inferno,
Fantasma, Animal, Humano, Semideus e reinos de Deus, respectivamente.
Se nós não tivermos
reconhecido e estabilizado a natureza luminosa da mente na vida, somos
instintivamente atraídos em direção à luz ofuscante dos seis reinos, pois a tendência básica para nos agarrarmos a
algo, que nós acumulámos durante a vida, começa a se agitar e a despertar.
Estas luzes aconchegantes, a
convite de nossas tendências habituais, atraem-nos em direção a um
renascimento, determinado pela emoção negativa do nosso carma.
Quem não alcançar libertação
aqui através do repouso sereno e ‘não distraido’ na natureza da mente, vê as
luzes se dissolverem e surgir a quarta e ultima fase.
Nesta fase final do Bardo do
Dharmata, chamada de "sabedoria se
dissolvendo em presença espontânea." Agora, toda a realidade se torna a
apresentar em exibição. Primeiro, o estado de pureza primordial num céu aberto
e limpo, depois surgem as divindades pacificas e iradas e os puros reinos dos
Deuses e a seguir os 6 reinos da existência.
O ilimitado desta visão está
totalmente além da nossa imaginação ordinária. Apresentaram-se todas as
possibilidades: de sabedoria e libertação à confusão e ao renascimento.
Neste ponto você encontra-se
dotado de poderes de percepção clarividente e recolhimento. Por exemplo, com
total clarividência e seus sentidos desobstruídos, você vai saber de suas vidas
passadas e futuras, vê a mente dos outros e tem conhecimento de todos os seis
reinos da existência.
Num instante você vai
recordar vividamente qualquer ensinamentos que você ouviu, e mesmo ensinamentos
que nunca tenha ouvido vão despertar em sua mente.
A visão dissolve-se em
seguida voltando para sua essência original, como uma tenda em colapso, uma vez
que suas cordas são cortadas.
Quem tem a estabilidade para
reconhecer essas manifestações como o "auto-brilho" de sua própria
mente, atinge a libertação.
Mas sem a experiência da
prática em vida, você será incapaz de olhar para as visões das divindades, que
são "tão brilhantes como o sol."
Em vez disso, como resultado
habitual das suas tendencias em vida, seu olhar será desviado para baixo, para
os seis reinos. São esses que você irá reconhecer e que irão seduzi-lo
novamente em ilusão.
O periodo que se permanece
neste Bardo
Esses dias não são dias
temporais mas "dias de meditação" e referem-se ao tempo que somos
capazes de permanecer constantes na nossa natureza da mente, ou num único
estado de espírito com base na nossa prática prévia em vida.
Sem estabilidade
na prática de meditação, esse perido é curto, e a aparição das divindades
pacíficas e iradas é tão fugaz que até nem nos aperecebemos que tenham surgiram.
A chave para entender este
Bardo é que todas experiências que nele ocorrem irradiam directamente da
natureza da nossa mente ou seja, as aparências deslumbrantes do Dharmata não
podem ser separadas da natureza da nossa mente.
Elas são a sua expressão
espontânea e não existe diferença entre quem envia e quem recebe, é uma
experiência de não-dualidade.
Quem mergulha a fundo nessa experiência atinge a libertação.
Pois, "a libertação
surge no momento depois da morte quando a consciência percebe que as suas
experiências não são nada mais do que a mente em si."
No entanto, agora que já não
estamos protegidos por um corpo físico, as energias da natureza da mente, no
estado de Bardo podem parecer esmagadoras e reais e mesmo assumir uma
existência objetiva.
Parece que habitam o mundo fora de nós.
E sem a
estabilidade da prática, não temos conhecimento de qualquer coisa que é
não-dual, que não é dependente de nossa percepção.
Uma vez que tomamos as
aparências como separados de nós, como "visões externas", respondemos
com medo ou esperança, o que nos leva a sermos de novo iludidos.
O reconhecimento por nós que
o que ocorre nesta fase é ‘irradiado’ como energia da nossa própria natureza da
mente (num processo de unidade não dual) , é o que faz a diferença entre a
libertação ou continuar num ciclo descontrolado de renascimento.
O renascimento nasce, pois,
de 2 falhas sucessivas de reconhecimento , primeiro da Clara Luz , em segundo
da energia da natureza da mente.
Toda a prática espiritual, se
dedica, a inverter este progresso da ignorância de reconhecimento e destruir
aquelas falsas percepções, interligadas e interdependentes, que levaram a
ficarmos presos na realidade ilusória inventada por nós.
Resumindo, da maneira como
você praticou em vida será a mesma maneira pela qual você vai reconhecer as aparências do Bardo do
Dharmata.
No Bardo do Dharmata a
dualidade é expressa em sua forma mais pura.
Apresentam-nos meios para a
libertação, e simultaneamente somos seduzidos pelos nossos hábitos e instintos.
Nós experimentamos a energia pura da mente e sua confusão ao mesmo tempo.
É
como se nós estivessemos sendo solicitados para fazer uma escolha entre um ou
outro.
Desnecessário dizer que se
temos esta escolha disponivel ou não, é
determinado pelo grau e perfeição da nossa prática espiritual em vida.
"Há três formas de ter uma bela viagem, tomar cha de cogumelo, entrar para o budismo ou estudar psicanálise"
ResponderEliminarBuda
Exatamente como relatam as pessoas que passaram por eqm.
ResponderEliminarDiz o seu link;
ResponderEliminarSem seu corpo físico e sistema de energia, torna-se a quintessência da consciência e, como tal, pode unir-se à Pura Energia do Universo, à Consciência Divina que se manifesta no Universo.
Porque o processo tem que ser sem o corpo físico ao invez com corpo físico?
Me envie uma mensagem se alguem souber
antonioamorim216@gmail.com
Porque a Verdade Absoluta está no Reino espiritual e não no material. E dessa forma a alma ou a consciência sai do corpo
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