A religião de Zoroastro e os rituais do Fogo
No actual Irão por volta de 500-300 AC implantou-se uma
religião denominada Zoroastrismo cuja Biblia é o Avesta, uma colecção de livros
sagrados escritos com influências dos Vedas indo-arianos.
A principal diferença para a Bíblia é que o Avesta se parece
com um livro de orações e possui poucas narrativas.
A tradição coloca um personagem Zoroastro (ou Zarathustra) como seu fundador e divulgador ( ?? - 583 AC).
As datas de criação do Avesta e da existência do seu
fundador não têm consenso entre os estudiosos (pensa-se entre 2000 e 500 AC foram
compilados os textos que compoem o Avesta).
Zoroastro segura a esfera celeste oposta á esfera terrestre no quadro Escola de Atenas de Rafael
No Zoroastrismo oficial existe uma dualidade entre o Deus do bem (Ahura Mazda) e o Deus do mal (Angra Manyu), por isso o Zoroastrismo é chamado de Mazdeismo.
O homem foi criado para sustentar o bem e combater o mal (combate esse que duraria 9000 anos segundo o Avesta), por meio de uma vida constructiva em pensamentos e actos.
Alguns estudiosos pensam que esta dualidade reflecte a dualidade
da vida em cada pessoa mas pensam que existiriam textos onde essa dualidade ‘emergia’
de algum Criador único e que portanto o Zoroastrismo era Monista e e não dualista
na sua essência original e que a doutrina dual mazdeista se implantou por questões
politcas da altura e que de próposito se ‘esqueceram‘ (como no cristianismo se
‘esqueceram’ os textos gnósticos e mais
esotéricos) os textos antigos onde a doutrina da Unicidade da criação era
mencionada.
Daí ter existido entre o séc. 2 e o sec. 10 uma doutrina derivada do
Zoroastrismo denominada Zurvanismo que preconizava um Principio único e Absoluto, Zurvan como Pai de Ahura (o principio do Bem) e Angra (o irmão caído e
principio do Mal ), como Deus neutro e
sem emoções.
PROCESSO DA CRIAÇÃO
Este processo começa na 1º fase com Ahura Mazda a criar a
existência mental-imaterial, na 2º fase esta existência é completada por uma forma
material e depois na 3º fase a criação material é activada por Angra Manyu (ou
seja, o mundo material só pode existir havendo dualidade e dialéctica constante
entre duas forças).
O papel do homem é participar neste combate enquanto vive,
se esforçando por conseguir o equilibrio entre a dualidade e se encontrar Uno (equilibrado
e bem consigo mesmo) e assim obter a Renovação ou Vida Eterna (Frashgird) depois
de morrer.
A missão do homem é, pois, reingressar à 1º fase do estado
mental–imaterial, num estado mais sábio, conhecedor, equilibrado pelo que fez-aprendeu
em vida.
O homem tem além do corpo, uma parte divina (Fravashi),
criada na 1º fase mental e enviada ao mundo material como uma ‘alma’ (urvan)
que, em vida, ajuda o homem no seu esforço de evolução e após a morte fisica regressa
ao plano mental-imaterial levando consigo
as experiências vividas para ajudar-cooperar
com o Criador no processo continuo de Criação.
Este desenho,
Faravahar é um simbolo do Fravashi, tem asas como a pomba do Espirito Santo e é
encimado por Zoroastro (antes de surgir Zoroastro era encimado por três paus da
Trindade Divina??) .
O fio condutor em todo este processo criativo é uma substância
enigmática de origem divina, o Xvarnah (força, dom) que se transmite a cada pessoa
para lhe dar coragem e energia se a pessoa está ‘atenta’ ou se desvia dela se a pessoa se
'esquece dela e comete faltas-erros-pecados'.
Emanando das Luzes infinitas (Reino de Ahura Mazda) o Xvarnah é transmitido aos homens pelo fogo, daí a
origem do fogo em todos os rituais zoroastrianos.
O fogo zoroastriano representa o Espirito Santo cristão e a
chama sempre acesa nos templos (os sacerdotes cuidam de manter em permanência a
chama acesa nos templos dia e noite) significa
que é preciso o homem manter ‘acesa’ dentro de si esta ‘atenção’ ao divino para
melhor viver e estar equilibrado.
Nota : Xvarnah poderá ser o equivalente à Luz de Deus, à descida do Espirito Santo que é recebido, na
altura certa, por quem pede, se esforça e merece.
A pomba do Espirito Santo num templo do Fogo Zoroastriano
Nas cerimónias rituais o vestuário branco simboliza a alma
humana que foi purificada pelo fogo e o ‘vestuário’ do ‘Corpo Futuro’ ( corpo
energético que a alma recebe no Paraiso ou Além).
Nas cerimónias funebres o corpo do morto é colocado nas chamadas
Torres do silencio (Dakhmas), onde o corpo é descarnado e comido por abutres.
Quando isso não é possivel, usa-se um estrado
numa plataforma em altura para isolar o corpo da terra impura.
Os ossos são
posteriormente colocados em urnas a aguardar a Renovação e o Julgamento Finais.
As Torres de silencio, por tradição de purificação do local,
eram destruidas ciclicamente, e construidas outras novas, por isso chegaram tão poucas aos dias
de hoje.
É sacrilégio a cremação (por ir poluir o fogo e o ar) e a inumação (por poluir a terra), os
4 elementos são sagrados.
Hoje em dia existem cerca de 10-15 templos do Fogo no Irão e
na India existe uma população oriunda do Irão, os Parsis, que ainda cultuam
esta religião do Fogo.
Templo do fogo em Yzad, Irão
Santuário de Chak Chak nas montanhas
Os templos do fogo, são básicamente uma sala assente em 4
pilares com um altar a meio e sem idolos-imagens-icones.
Só os sacerdotes podem acender e manter o fogo, fazem cerimónias
de ofertas de incenso 5 vezes ao dia, e usam um pano branco (padam) na cara
para não poluir com o hálito o fogo.
Pelas crenças Zoroastrianas a alma dos homens é como uma chama de fogo e se deposita num vaso de barro (corpo) quando encarna neste mundo até que com o passar do tempo este vaso se vai desgastando e finalmente se quebra deixando livre esta lingua de fogo que regressa para onde se manifesta o Fogo Divino.
Pelas crenças Zoroastrianas a alma dos homens é como uma chama de fogo e se deposita num vaso de barro (corpo) quando encarna neste mundo até que com o passar do tempo este vaso se vai desgastando e finalmente se quebra deixando livre esta lingua de fogo que regressa para onde se manifesta o Fogo Divino.
Ora, quando esta lingua de fogo encara o Fogo Divino tem
de estar preparada para a intensidade Dele, senão continua descer e a subir até
estar preparada, de acordo com as crenças de reencarnação zoroastrianas, ou seja, até se identificar com Ele e aí não
mais precisar de descer.
No Zoroastrismo não existem missas ou orações colectivas,
cada um vai ao templo como uma experiência pessoal e leva para sua casa uma brasa
do Fogo sagrado do templo e mantêm em sua casa uma ‘emanação’ desse fogo
central, agora como fogo doméstico, simbolo da sua origem divina a que tem de
estar atento todos os dias.
Dentre as muitas cerimónias da vida zoroastriana, a mais
conhecida é o Naojate, inicio da puberdade e Iniciação dos jovens.
Nesta cerimónia todos vestem o sudra (camisa branca, simbolo
de pureza).
Os jovens entre os 7 e 12 anos, vão nessa cerimónia receber o
kusti (cinto que separa o cima-puro do baixo-impuro, o sagrado do profano).
As 4 pontas do kusti representam, Ahura Mazda
ou Deus Poderoso, a Lei de Zoroastro, Zoroastro o Profeta e que o novo Iniciado
está decidido a fazer o Bem.
A cerimónia realiza-se, sempre de dia, em casas particulares com 4-5 sacerdotes.
Inicia-se com um banho (Nahan) purificador do jovem,
segue-se um ritual (Achu michu) para remover o mau olhado (para que esteja sempre atento a
fazer o bem e combater o mal) , seja queimando sementes de uma planta ou usando
uma taça de agua e certos ingredientes e fazendo com eles vários movimentos
circulares (para absorver-destruir o mal) à volta do jovem e finalmente aspergindo-o com
essa água sagrada.
Nahan
Achu michu
Achu michu, a avó circula um ovo ao redor da cabeça do jovem
Em seguida, o jovem entra com o pé direito na sala onde está
o fogo doméstico entoando uma canção do livro Avesta e de seguida guiado pelo
sacerdote coloca o kusti à cintura e passa a ser Behdin, Fiel da Boa Religião.
Bom tudo! Onde encontro está porta para poder abrir é conhecee6?¥
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