O Dom da Ciência
O terceiro Dom do Espírito Santo é o Dom da Ciência.
Este
Dom corresponde à virtude da Esperança e ao pecado da Cólera.
Em resumo é o Dom que nos faz entender sobrenaturalmente o Nada
da criação (nos afastando dela) e o Tudo de Deus (nos aproximando Dele).
O Espirito que recebemos ao nascer não é o espirito da
servidão com o mundo mas o espírito da Liberdade em Deus, para isso fomos
criados, para viver em contato com Ele no fundo do abismo que não tem fundo, do
abismo que é 'cá-dentro'.
Aqui, a palavra 'Ciência' deve ser entendida como
'Habilidade'.
Antigamente, quando um artesão tinha habilidade na sua arte,
dizia-se que ele tinha 'ciência'.
Só no século 20 é que a palavra começou a ter
o significado de 'científico' como hoje usamos.
Este Dom aparece naqueles
artesãos, ou naquelas atividades, em que parece que Deus (o Espírito Santo) deu
uma mãozinha na sua realização.
Numa escultura famosa se vê a Deusa Atena a
ajudar um artesão, pegando-lhe na mão enquanto ele trabalha.
Os japoneses, com o seu 'Do' (=Tao, =Caminho), dão muita
importância a este Dom, que aparece geralmente quando se atinge a mestria numa
Arte (= Virtudes).
O dom de Ciência é um dom através do qual o Senhor faz com
que o homem entenda as coisas da maneira como Ele as entende.
Pelo dom de Ciência, Deus ensina ao homem sobre as Suas
verdades, permite que a Sua luz penetre no entendimento do homem.
Deus comunica
ao homem informações que são impossíveis de se adquirir humanamente ou por
conhecimento natural, pela razão.
A pessoa que recebe o dom de Ciência pode perceber que o
Senhor a está tocando através de um sentimento forte, uma certeza interior que
nos chega à mente e geralmente este dom é acompanhado pela palavra de
sabedoria.
Dá-nos um conhecimento experimental ou quase experimental,
porque nos fazem conhecer as coisas divinas não por via de raciocínio ou
reflexão, mas por meio de uma luz superior que no-las faz atingir como se delas
tivéssemos a experiência.
A Ciência de que se fala não é a ciência filosófica ou
teológica, mas é chamada Ciência dos Santos, que nos faz julgar santamente das
coisas criadas em suas relações com Deus.
O objeto do dom de Ciência são, portanto, as coisas criadas
enquanto nos conduzem a Deus, do qual todas provêm e pelo qual todas são
conservadas e fazer-nos ver com prontidão e
certeza o que conduz á nossa santificação e á dos outros.
O seu fim é levar-nos a Deus, usando as criaturas como degraus
para subir até Ele.
O que é melhor dizer-fazer
para avançar espiritualmente o próximo, tal como o Bom confessor sabe de antemão
o que precisa quem a ele se confessa mesmo antes de ele falar para se
confessar... é uma espécie de Discernimento infuso dos espiritos.
O homem, iluminado pela Ciência, descobre ainda a infinita
distância que separa o Criador da criação, a sua intrínseca limitação, a
insídia que pode constituir quando, pelo pecado, dela (criação) é feito mau
uso.
É uma descoberta que o leva a aperceber-se da sua pequenez e lhe dá ímpeto
e confiança para se voltar para Aquele que é o único que pode saciá-lo no seu
apetite pelo infinito.
É um duplo movimento da alma, a partir do vazio-Nada das criaturas,
encontrar o Tudo de quem as criou, Deus.
A alma percebe nas coisas criadas que Deus por ´’lá passou’ mas
‘foi-se embora’ e agora a alma tem de caminhar para onde Ele está na verdade, ‘dentro
de si’.
Com este Dom o crente desfaz-se da fascinação das
criaturas e do mundo, percebe que nada são, e desvia-se delas para não o
estorvarem no seu caminho para o Eterno.
Troca o nada pelo Tudo.
Mas também percebe que o mundo foi criado por Deus e tem
em si perfeições-maravilhas que são o reflexo dessa origem divina e assim se
serve dessas perfeições terrenas para, em vez de se apegar a elas, subir, se
elevar através delas como uma escada para a sua origem divina.
Não repousa nelas, pois o seu coração sómente repousa em
Deus.
É pois útil:
1) Para nos desapegar das criaturas, que nos afastam da Vida
Divina, ao nos mostrar a sua insignificância perante o Criador.
2) Para subirmos para Deus usando as criaturas como degraus
para lá chegar, pois passamos da beleza relativa das criaturas para a Beleza
infinita.
Cultiva-se :
1) Abrindo constantemente os olhos da Fé ao olhar para as criaturas,
e não ver nelas senão a Causa primeira em vez das suas imperfeições.
2) Privando-nos das coisas do mundo como dádiva-sacrificio ao
Criador, nos desprendemos das criaturas para apenas olhar para o Autor da
Criação.
A alma começa a ver Deus na natureza, mas depressa passa pelas
criaturas e pela criação, para só parar no Criador.
'Por Seu Amor tudo considerei como perdido e tudo me parece lixo, a fim de
ganhar o Cristo'.
São Paulo
‘ Para quem alguma vez sentiu Deus, tudo o resto criado não
merece sequer um olhar’.
‘ Importa evadirmo-nos delas, nunca mais sabermos delas e considerarmos tudo como sendo lixo, a fim de ganharmos o Cristo e Nele habitarmos’.
‘ Importa evadirmo-nos delas, nunca mais sabermos delas e considerarmos tudo como sendo lixo, a fim de ganharmos o Cristo e Nele habitarmos’.
‘ Quando se olha o Mundo Divino e como nos movemos lá, como
desaparecem as coisas deste mundo, tudo isso é menos que nada’.
‘ A miséria do mundo criado, só nos faz querer mergulhar mais em Deus’.
Isabel da Trindade‘ A miséria do mundo criado, só nos faz querer mergulhar mais em Deus’.
'O teu Deus não é o céu, não é a terra, nem corpo algum...tu és, minha alma, mais preciosa que essas coisas....por isso o teu Deus é para ti a vida da tua vida'.
Santo Agostinho
Teresa de Avila
'Tudo é vaidade, excepto amar e servir a Deus '.
'Tudo é vaidade, excepto amar e servir a Deus '.
São João da Cruz
Esta é a verdadeira Ciência que o Espirito Santo nos pode
conceder.
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