Mestre Lima de Freitas e sua Simbologia Mistica
Lima de Freitas (1927 - 1998) foi um grande pintor
setubalense, desenhador e ensaista português que ilustrou mais de uma centena
de livros, de que se destacou PORTO DO GRAAL publicado pela editora Ésquilo em
Março 2006, com textos e ilustrações de cariz filosófico e esotérico
relacionado com a “Alma Lusa” ligada à história oculta de Portugal de que era
um profundo conhecedor ou estudioso.
A Obra de Lima de Freitas é irrigada predominantemente pelo
imaginário arquetipal, ou seja, aquele tipo de imaginário que modela os mitos,
os símbolos, bem como imagens arquetípicas que têm uma grande influência numa
educação mítica e simbólica universal.
"Irrompendo do inconsciente dos povos, os mitos são as
'notícias' que nos chegam dos arquétipos inexprimíveis". (Lima de Freitas)
O pintor e pensador procurou no conhecimento ancestral as
ideias chave para compreender o presente da cultura portuguesa enquanto
conhecedor do/no mundo.
As imagens arquetípicas conciliam o sonho e o espírito
romântico, a existência de deuses e os devaneios do pensamento.
O romantismo, a mitologia, o sonho e o pensamento, o visível
e o invisível fazem parte da essência de Lima de Freitas nas várias valências
que abraçou.
A necessidade de projectar o imaginário, em geral, e o imaginário
português, em particular, fez com que Lima de Freitas tivesse a necessidade de
expandir o seu conhecimento.
Por ser um ser aberto ao saber, rapidamente percebeu que o
conhecimento é transversal às várias áreas e que o imaginário e a educação são
interdisciplinares (numa fase posterior reconhece o termo transdiciplinar mais
adequado, como veremos à frente neste texto).
A Obra de Lima de Freitas está subjacente a um imaginário
que supõe uma Filosofia do Imaginário e que se nota em especial nas suas pinturas,
que na sua última fase, são marcadas por
um surrealismo pleno de misticismo e esoterismo.
A sua busca pessoal levou -o para o caminho da Maçonaria
onde foi um respeitável Mestre.
Lima de Freitas define a sua obra como "uma contínua
investigação do tema , um realismo simultaneamente voltado para o social e
alimentado pelo inconsciente" .
Sobre a sua obra , marcada pelo jogo dos contrários, no sentido de uma busca
do conhecimento, alguém aconselhou "Quando olharem para as obras de arte de
Mestre Lima , olhem, também, com o coração."
As suas pinturas (ver neste Link ) revelam um profundo conhecimento da tradição
mítico-espiritual portuguesa que através dele se revestem de uma grande riqueza,
muito semelhante à que Fernando Pessoa
já tinha vislumbrado e transmitido na “Mensagem”: “Cumpriram-se os Mares, o
Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!”.
"Portugal não tem razão para se envergonhar perante as
restantes Nações da Europa, pelo contrário, temos muito para ensinar-lhes, para
dar-lhes", dizia Lima de Freitas, concluindo que... "A missão tem a
ver com as nossas qualidades maiores: a Fraternidade humana que temos
arreigada; a ideia de universalidade; o desenho do Quinto Império"...
Este
país lusitano (Lux-Citânia ou lugar de Luz) será o “Mensageiro” da Nova Era,
simbolizado pelo número 515 no livro de Dante.
Esta canção da Dulce Pontes personifica esta busca da
identidade nacional
Infelizmente só poucos entenderam a mensagem e riqueza
simbólica dos seus quadros cheios de significados que podemos ver no link acima ,
onde desenvolveu um paradigma do conhecimento total que se inscreve num sentido
luminoso unindo os destinos do homem e do cosmos.
A missão em Lima de Freitas
Lima de Freitas, a respeito de Portugal : “Ah, Portugueses,
se nós soubéssemos quem somos! Ouviremos um dia o apelo de Almada? Saberemos
acordar para a exacta significação da nossa identidade?”
A identidade lusitana está posta em causa, desde há muito
tempo.
Esta inconstância, entre os anos mais prósperos e os anos menos
prósperos, faz de Portugal um país com uma identidade indefinida.
É urgente uma
tomada de consciência, relativamente à necessidade de um auto-conhecimento e de
uma auto-aceitação de nós para nós a fim de revigorar um povo, um país, uma
identidade e um imaginário português que abre portas ao mundo.
Portugal,
encarado como um país dotado de uma força, de uma coragem e de uma vida, deverá
aceitar a vontade de vencer e ser capaz de ver que é possível voltar a
acreditar.
Lima de Freitas refere a urgência e a necessidade de
valorizar a Pessoa Individual e Humana.
Cabe à pessoa individual humana a tarefa de acrescentar
algo, de contribuir para uma colectividade e uma nacionalidade.
A consciência
de uma nacionalidade e colectividade faz do ser humano um ser mais responsável,
porque se destaca a partilha e a cumplicidade de uma Pátria em que o objectivo
é comum.
Por outras palavras, a luta de um é a luta de todos.
Lima de Freitas entende que o ser humano deverá adquirir
conhecimentos sobre o que foi o passado e, consequentemente, o que poderá ser o
futuro.
Está, portanto, em cada um de nós a responsabilidade de
fazer reviver o imaginário e fazer restaurar Pessoas Novas e consequentemente um
colectivo novo.
Lima de Freitas não só caracteriza o estado actual da humanidade
como catastrófico e apocalíptico, como também sugere uma possibilidade de
solucionar o caos.
O caminho reside no facto das pessoas, sentirem como está a Humanidade
e perceberem que caminham para uma hecatombe, para um apocalipse, e que
necessitamos de tomar uma atitude que é aquela que Lima de Freitas classifica
de Transdisciplinar .
A Transdisciplinaridade
A Transdisciplinaridade é a via para encontrar um
entendimento possível, uma solução eminente.
Conhecer é o caminho para compreender, tolerar e respeitar
os outros e vice-versa.
Para além de conhecer, compreender e respeitar, temos
de aprender a amar em lugar de odiar, temos de construir em lugar de destruir,
temos de comparar em lugar de criticar e, também, temos de convergir em vez de
divergir sistematicamente .
A Transdisciplinaridade é multirreferencial e
multidimensional.
O ser humano deve reconhecer a pátria como sendo a Terra,
tendo direito a uma nacionalidade, não esquecendo, contudo, que é também um ser
transnacional.
Pressupõe ser uma visão aberta aos mitos e às religiões,
respeitando as várias culturas, ou seja o ser humano deverá ser transcultural.
Pretende desenvolver uma educação autêntica, pois pretende
ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar, para que revalorize a
intuição, a imaginação a sensibilidade e o corpo.
Alerta para que a economia deva estar ao serviço do ser
humano e não o contrário.
Estimula a implementação do diálogo e da discussão para que
o saber seja partilhado com respeito e compreensão.
As características fundamentais da Transdisciplinaridade são
o rigor, a abertura e a tolerância, por isso não pretende impor as suas ideias,
mas antes dar a conhecer a sua visão transdisciplinar.
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