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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os estados do Bardo em vida



 

Os estados do Bardo e sua aplicação aos processos em vida

Nos 3 Bardos, ( Morrer, Dharmata e Renascimento) ocorre um processo triplo ; primeiro um esvaziamento, uma nudez , depois uma irradiação espontanea, e finalmente uma cristalização e manifestação materializada.

Importante salientar que este padrão triplo ocorre não apenas na morte, mas a cada momento, dentro de nossa mente, em nossos pensamentos e emoções e em cada nível único da nossa experiência consciente.

No processo do Sono

1. Quando adormecemos, os sentidos e as camadas mais grosseiras da consciência dissolvem-se gradualmente e a natureza absoluta da mente, a Clara Luz, é exposta/desnudada brevemente.

2. Em seguida, há uma dimensão de consciência, comparável ao Bardo do Dharmata, que é tão sutil que normalmente nem temos consciência da sua existência. Quantos de nós, afinal de contas, estamos cientes do momento do sono antes dos sonhos começarem?

3. Para a maioria de nós, tudo o que conhecemos é a próxima etapa, quando a mente se torna mais uma vez ativa, e nós nos encontramos em um mundo de sonho semelhante ao bardo do renascimento.   
Aqui podemos assumir um corpo de sonho e ir através de diferentes experiências de sonho, em grande medida influenciadas e moldadas pelos hábitos e atividades de nosso estado acordado, as quais acreditamos serem sólidas e reais, sem nunca percebermos que estamos a sonhar.




No processo de Pensamentos e Emoçoes

1. A Clara Luz, a natureza absoluta da mente, é o estado primordial que existe antes de qualquer pensamento ou emoção.

2. Depois surge uma energia fundamental e espontânea como a base, o potencial e o combustível para a emoção crua.

3. Esta energia pode então assumir as formas de emoções e pensamentos, que nos levam a agir e a acumular carma.

Quando nos tornamos intimamente familiarizados com as práticas de meditação, podemos ver este processo com clareza inconfundível:

1. Quando pensamentos e emoções gradualmente se silenciam e morrem e se dissolvem na natureza da mente, podemos momentaneamente vislumbrar a natureza da mente, o estado primordial.

2. Em seguida, tomamos consciência de que fora da quietude e da calma da natureza da mente se desdobra um movimento de energia bruta, seu irradia por si.

3. Se surgir algum apego (desejos, vontades)  que se agarre ao aumento dessa energia, a energia cristaliza-se inevitavelmente em formas-pensamento, que por sua vez nos levará de volta para a atividade mental e conceptual.

Quando surgem pensamentos e emoções, o praticante experiente  reconhece exatamente o que são e de onde eles estão brotando , e assim o que quer que surja se torna uma radiação interior de sabedoria.   

Quem perde a presença dessa consciência pura e não consegue reconhecer tudo o que surge, então o que surge se tornará separado, exterior a ele. 

Ele forma o que chamamos de "pensamento", ou emoções, e esta é a criação da dualidade.


No processo da vida diária

Olhemos para um movimento de alegria ou de raiva. 

Examinando esse movimento, você verá que existe sempre um espaço ou lacuna antes de qualquer emoção começar a surgir. 

Esse momento antes que a energia da emoção surja é um momento de consciência pura e podemos ter um vislumbre da verdadeira natureza da mente. 

Por um instante o feitiço da ignorância é quebrado;   
Estamos totalmente libertos de qualquer necessidade de nos apegarmos, e até mesmo a noção de "apego" não existe sequer. 

No entanto, em vez de abraçar o "vazio" dessa lacuna, onde poderiamos encontrar a felicidade de sermos livres e não perturbados por ideias, conceitos ou referências,  nós nos agarramos à segurança e aos hábitos profundos das nossas emoções familiares e confortáveis e continuamente  perdemos o comboio que nos bateu à porta.

Os ensinamentos do Bardo dizem-nos que o que acontece em nossa mente agora em vida é exatamente o que vai ocorrer nos estados Bardo na morte, já que essencialmente não há diferença; vida e morte são uma "totalidade ininterrupta" e fluindo em movimento.

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