Os estados do Bardo e sua
aplicação aos processos em vida
Nos 3 Bardos, ( Morrer,
Dharmata e Renascimento) ocorre um processo triplo ; primeiro um esvaziamento,
uma nudez , depois uma irradiação espontanea, e finalmente uma cristalização e
manifestação materializada.
Importante salientar que este
padrão triplo ocorre não apenas na morte, mas a cada momento, dentro de nossa
mente, em nossos pensamentos e emoções e em cada nível único da nossa
experiência consciente.
No processo do Sono
1. Quando adormecemos, os
sentidos e as camadas mais grosseiras da consciência dissolvem-se gradualmente
e a natureza absoluta da mente, a Clara Luz, é exposta/desnudada brevemente.
2. Em seguida, há uma
dimensão de consciência, comparável ao Bardo do Dharmata, que é tão sutil que
normalmente nem temos consciência da sua existência. Quantos de nós, afinal de
contas, estamos cientes do momento do sono antes dos sonhos começarem?
3. Para a maioria de nós,
tudo o que conhecemos é a próxima etapa, quando a mente se torna mais uma vez
ativa, e nós nos encontramos em um mundo de sonho semelhante ao bardo do
renascimento.
Aqui podemos assumir um
corpo de sonho e ir através de diferentes experiências de sonho, em grande
medida influenciadas e moldadas pelos hábitos e atividades de nosso estado
acordado, as quais acreditamos serem sólidas e reais, sem nunca percebermos que
estamos a sonhar.
No processo de Pensamentos e
Emoçoes
1. A Clara Luz, a natureza
absoluta da mente, é o estado primordial que existe antes de qualquer
pensamento ou emoção.
2. Depois surge uma energia
fundamental e espontânea como a base, o potencial e o combustível para a emoção
crua.
3. Esta energia pode então
assumir as formas de emoções e pensamentos, que nos levam a agir e a acumular
carma.
Quando nos tornamos
intimamente familiarizados com as práticas de meditação, podemos ver este
processo com clareza inconfundível:
1. Quando pensamentos e
emoções gradualmente se silenciam e morrem e se dissolvem na natureza da mente,
podemos momentaneamente vislumbrar a natureza da mente, o estado primordial.
2. Em seguida, tomamos
consciência de que fora da quietude e da calma da natureza da mente se desdobra
um movimento de energia bruta, seu irradia por si.
3. Se surgir algum apego
(desejos, vontades) que se agarre ao
aumento dessa energia, a energia cristaliza-se inevitavelmente em
formas-pensamento, que por sua vez nos levará de volta para a atividade mental
e conceptual.
Quando surgem pensamentos e
emoções, o praticante experiente
reconhece exatamente o que são e de onde eles estão brotando , e assim o
que quer que surja se torna uma radiação interior de sabedoria.
Quem perde a presença dessa consciência pura
e não consegue reconhecer tudo o que surge, então o que surge se tornará
separado, exterior a ele.
Ele forma o que chamamos de "pensamento",
ou emoções, e esta é a criação da dualidade.
No processo da vida diária
Olhemos para um movimento de
alegria ou de raiva.
Examinando esse movimento, você verá que existe sempre um
espaço ou lacuna antes de qualquer emoção começar a surgir.
Esse momento antes
que a energia da emoção surja é um momento de consciência pura e podemos ter um
vislumbre da verdadeira natureza da mente.
Por um instante o feitiço da
ignorância é quebrado;
Estamos
totalmente libertos de qualquer necessidade de nos apegarmos, e até mesmo a
noção de "apego" não existe sequer.
No entanto, em vez de abraçar
o "vazio" dessa lacuna, onde poderiamos encontrar a felicidade de
sermos livres e não perturbados por ideias, conceitos ou referências, nós nos agarramos à segurança e aos hábitos
profundos das nossas emoções familiares e confortáveis e continuamente perdemos o comboio que nos bateu à porta.
Os ensinamentos do Bardo
dizem-nos que o que acontece em nossa mente agora em vida é exatamente o que
vai ocorrer nos estados Bardo na morte, já que essencialmente não há diferença;
vida e morte são uma "totalidade ininterrupta" e fluindo em
movimento.
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