Papa Francisco, reflexões sobre a Morte e o Caminho
Para o Papa Francisco, a morte não é tabu :
Quando somos novos, não olhamos tanto para o fim, valorizamos mais o momento.
Mas lembro-me de dois versinhos que a minha avó me ensinou: "Olha que Deus te está a ver, olha que te está olhando; olha que hás-de morrer e que não sabes quando."
Passados 70 anos, não consigo esquecê-los.
Ela inculcava-me a consciência de que tudo acaba, de que devemos deixar tudo bem.
No meu caso, penso todos os dias que vou morrer.
Nota 1 ---- Nas tradições antigas dizia-se : Pensa todos os dias na tua morte para quando morreres, viveres! Palavras sábias para um Papa moderno.
Não me angustio por isso, porque o Senhor e a vida prepararam-me.
Vi morrer os meus antepassados, e agora é a minha vez.
Quando? Não sei."
Não queremos morrer, temos medo e angústia.
"A morte é um despojamento, por isso se vive com angústia.
Estamos agarrados à vida e não queremos ir.
Até o mais crente sente que o estão a despojar, que tem de abandonar parte da sua existência, da sua história.
São sensações intransferíveis." O próprio Jesus sentiu angústia. "Disso ninguém se salva.
Mas eu acredito que Deus nos agarra com a sua mão quando estamos prontos a dar o salto.
Teremos de nos abandonar nas mãos do Senhor; sozinhos não conseguiríamos aguentar."
Nota 2 -- Sem a Graça, o auxilio divino, o homem nada pode, como é dito em todas as religiões.
A vida é um caminho e é a esperança que estrutura o nosso caminho.
Um dos perigos é "apaixonarmo-nos pelo caminho e perdermos de vista a meta";
o outro é "o quietismo: ficar a olhar para a meta e não fazer nada pelo caminho."
Nota 3 -- Frase extraordinária, que ilustra a sabedoria deste Papa simples e humilde, sem o Equilibrio não há Via Espiritual possivel.
É preciso, pois, assumir o caminho e nele desenvolver a nossa criatividade, o nosso trabalho de transformação de nós próprios e do mundo por arrasto.
Nota 4 --- A coragem de dizer que antes de tudo, cada um deve estar equilibrado e em paz consigo mesmo, o resto, ajudar os outros e o mundo virá por arrasto. Antes da solidariedade social vem o conhecimento de si mesmo.
Não estamos encerrados em nós: recebemos uma herança e temos de entregar uma herança, o que constitui "uma dimensão antropológica e religiosa extremamente séria, que fala de dignidade".
A vida e a morte lutam corpo a corpo, no sentido biológico, mas sobretudo em relação à forma como se vive e morre.
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