Noite escura do Espirito
Purificação activa do Entendimento
Metodos de mortificar o Entendimento segundo S. João da Cruz
Purificação activa do Entendimento
Metodos de mortificar o Entendimento segundo S. João da Cruz
Segundo S. João da Cruz , o Entendimento , a nossa razão , recebe influências varias .
Via Natural seja pela acção dos sentidos corporais ( tema já tratado na Parte 4 ) seja pela acção do proprio Entendimento .
O nosso Entendimento , pode criar por meditação activa e discurso , diversas imagens , formas , figuras , fabricadas e imaginadas pelos sentidos exteriores tal como imaginar Cristo na Cruz , imagens de santos , ver a luz da glória divina , etc .
Devemos rejeitar tudo isto ,pois nada que os sentidos possam criar pela meditação , se assemelha a nada que de perto seja Divino .
Os que imaginam Deus como alguma figura , um tipo de fogo , ou qualquer forma que se Lhe possa assemelhar na sua meditação imaginativa , muito longe estão Dele .
Para os principiantes este método não é de rejeitar , de inicio, como meio de se ir ‘enamorando’ e nutrindo a alma pelo divino , mas à medida que se avança no Caminho há que o deitar fora , assim como quem sobe uma escada vai colocando os pés em novos degraus e deixa para trás os que já pisou sem ‘ficar com eles ‘ .
Ler de novo esta mensagem
http://acaminhodacasa.blogspot.com/2009/11/ainda-carregas-o-passado.html .
Por vezes estamos tão acostumados , fechados ‘ no hábito ‘ destas imagens imaginativas que nos custa a deixá-las,pensamos que sem elas,ficariamos ‘sem nada para fazer’ .
Pensamos que estar a trabalhar nelas é nosso ‘dever’ , S. João da Cruz aqui lembra que não é assim , que esse degrau da escada acaba por trazer ‘secura na boca e inquietação da alma ‘, e se deve passar a novo degrau , a um repouso da alma, sem trabalho, degrau esse mais espiritual que o anterior( onde Deus nos dará novo alimento adequado a esse novo estágio do espirito) .
Mesmo entrando neste repouso , há os que não compreendem este mistério ( de Deus querer que se mantenham neste novo degrau de repouso para lhes dar novos alimentos ) e querem voltar de novo ao trabalho meditativo , isso é errado , e não se faz sem grande reluctância da alma que quisera ficar naquela paz que não compreende, como quem chegou ao destino após o trabalho inicial e em vez de ficar em descanso ,tem pena de o fazerem regressar ao trabalho já feito ,tirando a alma da paz alcançada e querendo refazer o já feito.
Esses continuam a buscar a imagem e o discurso racional mas não os encontram (por já terem ) e perturbam-se, pensando que voltam para trás e se perdem .
Pensam erradamente que ,no descanso , não evoluem , a sua ‘máquina ‘ racional não ‘consegue parar ‘ , pensam que ‘parar é morrer’ quando pelo contrário este novo ‘cenário’ é o mais adequado nesta fase do Caminho .
Quando se deve usar a meditação imaginativa e discurso ?
Quando se usa esta técnica com proveito ,quando meditando se encontram coisas novas e não se entra em hábito rotineiro , mesmo estando já em estágios mais avançados .
Enquanto não chegar o tempo em que deixemos de ter vontade de meditar e ficar apenas em repouso,há que ir e vir numa coisa e noutra cada uma no seu tempo .
Quem quiser se iniciar nesta técnica pode ler os Exercicios Espirituais de Santo Inácio de Loyola .
Quando se deve deixar a meditação imaginativa e discurso e passar ao degrau da paz e do repouso ?
1) Quando ao meditar se começa a sentir uma secura , uma noção que dali já não podemos mais esperar,já nada mais se tira de sumo proveitoso .
Ao sentirmos a secura destas imaginações e fantasias , destas formas e figuras , que são como que um véu que nos tapa a vista da simplicidade , pureza e pobreza do espirito, então estaremos livres destes ‘impedimentos ‘ e prontos a receber uma luz pura e simples , uma ‘noticia do espirito’ como se explica em 3) abaixo ,pois faltando o natural ,o racional logo somos penetrados pelo simples e puro do sobrenatural para que não se dê o vácuo na nossa natureza.
2) Quando já não sintamos vontade (necessidade) de usar estas imaginações em trabalho espiritual , pois se tornou um ‘hábito automático’, rotineiro e já nada mais podemos acrescentar .
3) Quando , este é o indicio mais certo , começamos a gostar de ficar a sós , em quietude interior ,sem o borbulhar da imaginação racional , num descanso sem particular razão e sem entender em quê e sobre quê , porém quanto menos vamos ententendo mais vamos entrando na noite do espirito .
Este sinal é acompanhado por uma ‘noticia ‘ de Deus ,que nos acolhe, sem nós darmos por isso, tão subtil é por vezes essa ‘noticia ‘ , por tão subtil e pura ser que nós não a sentimos ou gozamos ,apenas nela estamos ‘ocupados’ ( embora pareça nada fazermos, nada operarmos seja com sentidos ou potencias, não estamos a perder tempo ) e nos deixamos ficar nesta paz , neste repouso onde o Entendimento se apaga .
O Entendimento apaga-se porque lhe faltam as luzes das imagens ,do discurso racional e este repouso simples,puro até lhe causa treva pois o priva dessas suas habituais luzes fantasistas .
‘Ainda que eu durma segundo o que sou por natureza,cessando de operar , o meu coração vela sobrenaturalmente elevado em noticia sobrenatural .’ ( Cant.V,2) .
‘ Aprendei a estar vazios de todas as coisas ( interiores e exteriores ) e vereis que eu sou Deus ‘. ( Ps.XLV,11) .
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