A Tradição Espiritual dos Incas
Em termos simples, os povos andinos concebem a Mãe-Natureza, chamada de Pachamama, como um universo dividido em três instâncias: Janaj Pacha, que é a “terra de cima”, todo espaço aberto que nos permite ver o sol, a lua, as estrelas e demais corpos celestes; Kai Pacha, ou “terra em que vivemos”, onde desenvolvemos nossos afazeres cotidianos; e Uku Pacha, ou “interior da terra”, o mundo subterrâneo.
Cada um desses níveis acha-se habitado por inúmeras divindades, deuses maiores e menores de acordo com suas funções mitológicas.
Segundo sua cosmovisão, há um equilíbrio permanente e íntimo entre ser humano e natureza, que só é possível em termos de reciprocidade, pois tudo aquilo que fazemos à natureza, dela recebemos em proporção e semelhança.
Existe uma visão holográfica do Universo; o corpo humano, por analogia, reflete a Pachamama em sua totalidade.
Macro e microcosmo não estão separados.
Todo e qualquer dano que se faça à natureza é um mal que o homem comete contra si mesmo, também em prejuízo de sua comunidade e de sua saúde.
Isso explica o absoluto respeito que o povo andino tem pela Pachamama, que para '' nós é sagrada, o que justifica tanto nossa preocupação ecológica quanto as oferendas que fazemos à Mãe-Natureza sempre que desejamos alcançar alguma cura física ou espiritual por meio de nossos rituais''.
Divulgar este Conhecimento não é profanar aquilo que é sagrado, mas de criar meios eficientes para que uma cultura milenar se perpetue.
MESA ANDINA
Os objetos do altar pessoal, são componentes de um centro de poder onde trabalhamos e plasmamos a energia mágica e mística.
Os objetos rituais são como que portais que "enganam", driblam, adormecem os filtros conscientes da mente para que se abra o coração e o espírito.
Também são uma representação da nossa cosmovisão pessoal, e afinidade com determinado caminho com o qual trabalhamos.
É um pequeno pano tecido em cores, um têxtil de lã de lhama ou alpaca, aonde cada um dispõe seus objetos de poder (pedras de cura, penas, folhas de coca, conchas, punhais, pedras de locais sagrados e até crucifixos, se trabalhar pela linha do sincretismo cristão).
Normalmente de começo inclui uma concha que simboliza a criação-o nascer do homem e a expansão espiritual durante a sua vida e uma cruz Solar andina a Chakana simbolo dos 4 elementos-4 direcçoes, com o buraco a meio, simbolo do 5ºelemento(criação-aniquilamento).
Místico e mágico se fundem na busca do ser humano em equilíbrio.
A mesa andina é "dividida" em três partes: o lado mágico, o lado místico e o centro.
O lado mágico é o da prática mágica, dos feitiços, é o lado esquerdo, o feminino e está ligado ao mundo subterrâneo que é chamado Ukupacha, cujo animal de poder é a Serpente.
O lado direito é o lado místico, o lado da devoção, de conexão com os deuses e é aonde se desenvolve o trabalho interior, de crescimento espiritual e de devoção.
A este lado está associado o Condor(kuntur), ou também o Colibri(q'enti), que são os animais mensageiros dos deuses e que nos unem ao Hanan Pacha, o mundo celeste.
Ao centro está o Kaypacha, ou mundo terreno, o mundo das energias em movimento, aonde o lado místico e mágico se fundem em perfeito equilíbrio.
O animal de poder do Kaypacha é o Puma, que nos ensina a astúcia para atuarmos no mundo das energias em movimento.
Oferendas à PACHAMAMA, a Mãe Terra e aos Apus ou espíritos das montanhas
As oferendas ou despachos são feitas no centro quadrado de um papel com o desenho da Cruz Andina, a Chakana, e depois de concluida a colocação ritual de todos os componentes, esse papel é dobrado da esquerda para a direita e de baixo para cima, fazendo o quadrado final .
Os "despachos", são compostas geralmente por caramelos, incenso, tabaco, flores, vinho e cerveja.
A principal oferenda ritual chama-se "k'intu" que são três folhas de coca (ou seis ou nove, ou mais, múltiplos de três), sendo que a maior folha é dedicada aos Apus, espíritos da natureza protetores representados nas montanhas e picos andinos.
A segunda folha, mediana, é dedicada à Pachamama.
E a terceira folha, de menor tamanho, representa a humanidade.
O conteúdo do despacho é fechado em papéis coloridos e varia conforme a energia que queremos trabalhar dedicando-os à Pachamama ou aos Apus (que em quéchua significa "senhores") que são os espíritos das grandes montanhas muito respeitados e invocados nos rituais.
As oferendas ao Ar-Agua-Fogo são queimadas nas brasas de uma fogueira e as ofertas à Terra são enterradas.
O ato de oferecer é extremamente importante, pois é um ato de reciprocidade (ayni) que é a síntese da cosmovisão andina, do dar e do receber, do nutrir-se e agradecer, uma troca constante com esses espíritos que em um plano sutil atuam conosco para que possamos mover e atuar nos três mundos em sintonia e equilíbrio
Para os andinos, Pachamama é a Mãe Terra.
A palavra "Pacha" originalmente significa universo, mundo, lugar, tempo, enquanto que "mama" significa mãe.
É a geradora de abundância e de tudo que na terra existe.
É a vida, as estações, a fecundidade, é o ciclo da vida, da morte, do renascimento.
Conectar-se com a grande mãe, é conectar-se com a abundância e alegria da vida.
O 1º de Agosto é o dia de oferendas à Pachamama, dar de comer à Terra, com nosso agradecimento no coração, por tudo que recebemos e por tudo que doamos. Ayni, reciprocidade, compartilhar o que se é, conectar-se.
O mais importante de tudo é nossa conexão e nossa Intenção.
Fazer um despacho, é um ato de conexão, de amor, de doação e de recebimento, bem como, é uma arte, uma mandala de cura.
Cada item de um despacho é rezado, carregado com nosso hálito, oferecido com o coração.
Para quem não tem afinidade ou disposição em fazer uma oferenda grande, o que importa não é a parafernália, mas sim o coração.
Ofereça flores, ou faça o primeiro prato de sua refeição para Pachamama e entregue-o à Terra.
Ou simplesmente ofereça-lhe um perfume, um incenso, um tabaco, eleve seu pensamento para aquela que está sempre ao seu lado, pois é no corpo dela que vivemos cada dia de nossas vidas.
Para finalizar, lembremos que segundo nossos irmãos andinos Q'eros, as portas entre os mundos estão novamente se abrindo e este é um momento propício à exploração de todas nossas capacidades humanas.
Recobrar a nossa natureza luminosa é hoje uma possibilidade para todos aqueles que se atrevem a dar um salto em suas vidas.
Talvez não recebamos exatamente o que desejamos, mas certamente receberemos o que realmente precisamos.
Os incas nos deixam três fundamentais ensinamentos, traduzidos nas palavras em quéchua: Munay: Amor. Llankay: Trabalho. Yachay: Sabedoria.
Que aprendamos com os rios, com as montanhas, com as árvores, com os animais. Que aprendamos a ver com os olhos da alma, nos comprometendo com o essencial.
Que nossas vidas sejam repletas de abundância, reciprocidade, amor, trabalho e sabedoria.
Trailer do Documentario Paco Andino-WisdomKeepers sobre a Tradição Andina
Ritual Andino ao Pai
Sol
Aqui
segue um ritual ao Pai
Sol, adaptado ao nosso
tempo, que por muito simples pode ser praticado por qualquer
pessoa de qualquer outra tradição espiritual.
Ao levantar de
manhã, depois da higiene matinal e antes de te vestires,
senta-te, fecha os olhos e visualiza por 10 segundos o
escuro da noite, a seguir durante 10 segundos visualiza o
Sol a nascer no horizonte, pequenino mas a subir lentamente
até veres 1/4 da esfera solar, ou seja, apenas o cone
superior.
Repete
isto por 3 vezes , ou seja, 9x10 segundos.
No fim
dos 90 segundos ergue os braços e imagina estares a
abraçar e a recolher os raios de Sol nascente no teu
coração, com toda a tua intenção de encheres o teu
Espirito da luz do Pai Sol para a tua jornada diaria.
Ao tomares de seguida o teu pequeno almoço
agradece ao Sol esse alimento, essa energia que unida à Luz Solar
que colocaste no teu coração te vai proporcionar um dia pleno de
Vida.
Simples mas poderoso e eficaz para quem o
fizer com Amor e Intenção, que dia em cheio terá.