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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Abandona as Multidões e Voa para O Reino !!!

Acima de tudo, para sermos livres, para sermos nós mesmos, temos que nos afastar da multidão.

Existem 2 multidões : a exterior e a interior.

A multidão exterior é um animal gerado pelos medos escondidos.

Está cheia de agressividade; é mantida unida pelo medo do que não está dentro dela. Torna-se violenta por causa do medo. A multidão vira-se sempre contra a pessoa livre por causa do seu próprio medo da liberdade. Porém, o problema para os que são livres é que isto não significa que tenhamos que sublinhar a nossa individualidade para nos mantermos livres. De facto, as multidões formam-se, em primeiro lugar, como não seres, por super-egoístas que sublinham a sua individualidade a qualquer custo, à custa dos que estão à sua volta. Os que são livres são capazes de ser eles mesmos em comunhão e não precisam duma colectividade impessoal (colectividades religiosas, sociedades esotéricas, grupos de auto ajuda, etc, etc...) para afirmar o seu ego, que, pelo contrário, é inseguro ou invejoso.

Abandonar a multidão interior é sempre o primeiro passo no caminho espiritual.

É o primeiro passo solitário para sermos nós mesmos e é muito mais um processo interior do que possamos pensar. O que, muitas vezes, parece sermos nós mesmos é meramente uma afirmação do ego, tentando ser diferente, tentado ser especial, tentando estar separado, tentando ser o vencedor. Mas abandonar a multidão é um desapego do ego e uma descoberta, não do isolamento, mas do envolvimento e do relacionamento com os outros. 

A verdadeira multidão de que devemos fugir, a verdadeira prisão, está dentro de nós. 


Não a vemos, muitas vezes. As grades que erguemos para manter os outros lá dentro são, muitas vezes, de facto, as que nos rodeiam, mantendo os outros de fora. Pensamos que a multidão está fora de nós e, assim, culpamos alguma coisa fora de nós por qualquer falta de liberdade que sintamos. Mas a multidão que nos priva da liberdade é interiorizada. Primeiro que tudo, temos que lançar o foco sobre ela, mesmo que isso possa ser desconfortável ou desagradável. 

Alcançar o conhecimento de nós mesmos não é um assunto agradável. 

Mas temos de ser capazes de ver a causa da nossa falta de liberdade e vemo-la, realmente, no caminho muito simples de nos sentarmos, em quietude de corpo e mente.

Sentando-nos quietos, durante meia-hora, a cada manhã e cada fim de tarde, iremos encontrar a multidão. E, ao encontrá-la, iremos libertar-nos dela. A multidão interior é composta por todos os “eus” estilhaçados que o ego continua a produzir; todas as vozes que clamam, de forma competitiva, por reconhecimento, por auto-afirmação, por domínio; todas aquelas partes feridas e quebradas de nós, os bocadinhos das nossas experiências, os fins pendentes das histórias inconclusas; os desejos e medos, com as suas vozes sem restrições gritando pelo inatingível. 

A multidão está sempre desesperada porque ela sente que aquilo por que anseia não está lá 

enquanto os seus desejos só podem ser atingidos quando ela se torna plena, quando se torna um só “eu”. O ruído da multidão é o fluxo de distracção mental. Quando meditamos, experienciamos essa multidão e a desarmonia do “eu” estilhaçado, sob a forma de distracções. Não há uma única pessoa que não experiencie um certo grau de distracção quando medita. Mas o caminho da meditação não deve ser mapeado por nada tão superficial como as nossas distracções. Deve ser lido pela escala do nosso próprio pequeno “eu”. Saberemos que somos livres quando formos livres de meditar-rezar, em toda a simplicidade e amor. 

O caminho para a liberdade, por entre a multidão das distracções, consiste em meditar-rezar sem nada esperar de volta.

Para encontrar a Verdade de quem somos, temos que abandonar as multidões exterior e interior. Vemos essa Verdade se, simplesmente, pudermos meditar, se conseguirmos ser, simplesmente, nós mesmos.

Não a temos que procurar para que aconteça porque ela irá acontecer dentro de nós, não fora de nós. 

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