Esta doença de Amor a Caminho do nosso Interior é uma
santa doença!
Não tenhamos medo de a apanhar
porque esta doença nos fará caminhar mais depressa para os cumes
do Monte Carmelo!
Tenhamos Esperança na vida divina já desde hoje.
Nenhuma situação dolorosa é definitiva, nem
mesmo a morte.
Mas,para isso,
é necessário
crer e ter Esperança:
Esperar para lá daquilo que podemos compreender e imaginar.
Temos falta de
Esperança, porque encerramos o futuro na nossa
memória do passado.
Imaginamos o que vai acontecer
a partir do que já vivemos,
tanto de agradável como de desagradável.
Se vivemos coisas dolorosas,
preferimos não esperar nada do futuro, para não sofrermos mais
e não nos dececionarmos.
Na vida espiritual somos
ameaçados pela
ausência de Esperança, quer dizer pela
falta de disponibilidade para o
inesperado.
Lemos belos textos espirituais e pensamos: ‘Isto é magnífico, mas
não é para mim; não sou capaz de fazer isto, nem em sonhos!’
Deus promete-nos a vida eterna desde já e nós respondemos-Lhe
educadamente:
‘Obrigado, mas eu reservo isso para depois da
minha morte’.
E assim
deixamos de
fazer um ato de Esperança.
Ora, «quanto mais a alma espera em Deus, tanto mais alcança»
Recebemos de Deus
tanto mais quanto mais esperarmos d’Ele!
Por conseguinte, é importante manter grandes desejos na nossa
vida espiritual, e ter uma Esperança viva que se disponha a receber os dons de Deus mais inesperados.
«Ó almas, criadas para estas
grandezas e a elas chamadas, que fazeis? Em que vos
entretendes?»
Para descrever o processo da divinização do
ser humano , usa -se a imagem de um madeiro a arder.
O ser humano é comparado com um pedaço de madeira.
Está destinado a participar na vida de Deus simbolizada pelo
fogo.
O trabalho do Espírito é, portanto,
transformar o madeiro da nossa humanidade em fogo
divino e isso acontece através de
diversas
etapas mais ou menos agradáveis, mais ou menos
definidas:
Esta luz divina atua na alma, purificando-a e dispondo-a para a
unir perfeitamente consigo tal como o faz o fogo no madeiro para o
transformar em si.
Quando o fogo material se ateia ao madeiro, começa por secá-lo,
arrancando-lhe a humidade, obrigando-o a deitar fora a água que
contém.
Depois, vai-o deixando negro, escuro, feio e até com mau cheiro;
enquanto o vai secando pouco a pouco, vai-lhe arrancando e expelindo todos os horrorosos e escuros elementos contrários ao
fogo.
Por fim, começa a inflamá-lo por fora e a aquecê-lo, chega a
transformá-lo em si e a
deixá-lo tão puro como
o próprio fogo.
No fim de tudo isto, o madeiro
já não tem
qualquer ardência ou ação própria, salvo o peso e a
quantidade mais espessa que a do fogo,
porque
se reveste agora das propriedades e ações do fogo.
Está seco, é claro e alumia, está muito mais leve que antes,
porque o fogo aviva nele estas
propriedades e efeitos.
De igual modo se pode pensar acerca deste divino fogo de amor da
contemplação.
Antes de unir e transformar a alma em si,
tem
de a purificar primeiro de todos os elementos
contrários,
extraindo-lhe toda a fealdade e
deixando-a negra e escura, parecendo
ficar pior que antes, mais feia e horrorosa do que o normal.
E tudo isto, porque esta divina purificação anda a remexer todos
os maus e viciosos humores, que,
de tão
arraigados e assentes na alma, ela não conseguia ver e, por isso, desconhecia que tivesse tantos males.
Agora são-lhe postos diante
dos olhos para os expelir e destruir; iluminada por
esta escura luz da divina contemplação, ela vê-os perfeitamente.
Apesar de não ser pior que antes, nem em si mesma, nem para Deus,
ela vê agora em si o que antes não via, e parece-lhe claramente
que o estado em que se encontra não é só motivo para que Deus não olhe
para ela, mas para a detestar, como acontece agora.
O nosso caminho de vida
consiste assim numa transformação interior, umas vezes
agradável, outras, dolorosa, que nos conforma ao nosso Ser
Interior até mesmo nos seus sentimentos mais
profundos.
De início, somos seduzidos
através de graças sensíveis na oração, tal como o fogo aquece o
madeiro e o acaricia.
D
epois vem um trabalho mais profundo e
interior que por vezes
se parece com uma operação cirúrgica para
dar morte ao homem velho e
dar vida ao homem novo.
Deus faz o essencial do
trabalho, mas nós temos de consentir e colaborar, dentro das
nossas possibilidades.
Viver plenamente é deixar Deus transformar-nos
e voltar a dar-nos a vida tal como a Lázaro.
Não se trata ainda da
ressurreição, mas como que de uma “ante gozo” dela.
Aliás, não nos enganemos nisto: Jesus não ‘ressuscita’ Lázaro,
porque Lázaro morrerá mais tarde, como nós.
Mas
trata-se de um sinal que anuncia a sua
futura ressurreição e com a dele, a nossa!
Portanto,
saibamos receber o fogo do
Espírito Santo que nos tornará mais vivos !!
Um texto profundo!
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