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sexta-feira, 27 de março de 2020

Não ter medo de 'apanhar' a doença do Renascimento


Esta doença de Amor a Caminho do nosso Interior é uma santa doença!

Não tenhamos medo de a apanhar porque esta doença nos fará caminhar mais depressa para os cumes do Monte Carmelo!

Tenhamos Esperança na vida divina já desde hoje.

Nenhuma situação dolorosa é definitiva, nem mesmo a morte. 

Mas,para isso, é necessário crer e ter Esperança:  Esperar para lá daquilo que podemos compreender e imaginar.

Temos falta de Esperança, porque encerramos o futuro na nossa memória do passado. 

Imaginamos o que vai acontecer a partir do que já vivemos, tanto de agradável como de desagradável.

Se vivemos coisas dolorosas, preferimos não esperar nada do futuro, para não sofrermos mais e não nos dececionarmos. 

Na vida espiritual somos ameaçados pela ausência de Esperança, quer dizer pela falta de disponibilidade para o inesperado.

Lemos belos textos espirituais e pensamos: ‘Isto é magnífico, mas não é para mim; não sou capaz de fazer isto, nem em sonhos!’

Deus promete-nos a vida eterna desde já e nós respondemos-Lhe educadamente:
‘Obrigado, mas eu reservo isso para depois da minha morte’.

E assim deixamos de fazer um ato de Esperança. 

Ora, «quanto mais a alma espera em Deus, tanto mais alcança»

Recebemos de Deus tanto mais quanto mais esperarmos d’Ele!

Por conseguinte, é importante manter grandes desejos na nossa vida espiritual, e ter uma Esperança viva que se disponha a receber os dons de Deus mais inesperados.

«Ó almas, criadas para estas grandezas e a elas chamadas, que fazeis? Em que vos entretendes?» 

Para descrever o processo da divinização do ser humano , usa -se a imagem de um madeiro a arder.

O  ser humano é comparado com um pedaço de madeira.
Está destinado a participar na vida de Deus simbolizada pelo fogo.

O trabalho do Espírito é, portanto, transformar o madeiro da nossa humanidade em fogo divino e isso acontece através de diversas
etapas mais ou menos agradáveis, mais ou menos definidas:

Esta luz divina atua na alma, purificando-a e dispondo-a para a unir perfeitamente consigo tal como o faz o fogo no madeiro para o transformar em si.

Quando o fogo material se ateia ao madeiro, começa por secá-lo, arrancando-lhe a humidade, obrigando-o a deitar fora a água que contém.

Depois, vai-o deixando negro, escuro, feio e até com mau cheiro; enquanto o vai secando pouco a pouco, vai-lhe arrancando e expelindo todos os horrorosos e escuros elementos contrários ao fogo.

Por fim, começa a inflamá-lo por fora e a aquecê-lo, chega a transformá-lo em si e a deixá-lo tão puro como o próprio fogo.

No fim de tudo isto, o madeiro já não tem qualquer ardência ou ação própria, salvo o peso e a quantidade mais espessa que a do fogo, porque
se reveste agora das propriedades e ações do fogo. 

Está seco, é claro e alumia, está muito mais leve que antes, porque o fogo aviva nele estas propriedades e efeitos.

De igual modo se pode pensar acerca deste divino fogo de amor da contemplação.

Antes de unir e transformar a alma em si, tem de a purificar primeiro de todos os elementos contrários, extraindo-lhe toda a fealdade e
deixando-a negra e escura, parecendo ficar pior que antes, mais feia e horrorosa do que o normal.

E tudo isto, porque esta divina purificação anda a remexer todos os maus e viciosos humores, que, de tão arraigados e assentes na alma, ela não conseguia ver e, por isso, desconhecia que tivesse tantos males. 

Agora são-lhe postos diante dos olhos para os expelir e destruir; iluminada por esta escura luz da divina contemplação, ela vê-os perfeitamente.

Apesar de não ser pior que antes, nem em si mesma, nem para Deus, ela vê agora em si o que antes não via, e parece-lhe claramente que o estado em que se encontra não é só motivo para que Deus não olhe para ela, mas para a detestar, como acontece agora.

O nosso caminho de vida consiste assim numa transformação interior, umas vezes agradável, outras, dolorosa, que nos conforma ao nosso Ser Interior até mesmo nos seus sentimentos mais profundos. 

De início, somos seduzidos através de graças sensíveis na oração, tal como o fogo aquece o madeiro e o acaricia.

Depois vem um trabalho mais profundo e interior que por vezes se parece com uma operação cirúrgica para dar morte ao homem velho e dar vida ao homem novo. 

Deus faz o essencial do trabalho, mas nós temos de consentir e colaborar, dentro das nossas possibilidades.

Viver plenamente é deixar Deus transformar-nos e voltar a dar-nos a vida tal como a Lázaro.

Não se trata ainda da ressurreição, mas como que de uma “ante gozo” dela. 

Aliás, não nos enganemos nisto: Jesus não ‘ressuscita’ Lázaro, porque Lázaro morrerá mais tarde, como nós.

Mas trata-se de um sinal que anuncia a sua futura ressurreição e com a dele, a nossa! 

Portanto, saibamos receber o fogo do Espírito Santo que nos tornará mais vivos !!

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