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domingo, 18 de dezembro de 2016

Natal - Tempo de engravidar e dar á Luz


Natal, tempo de gravidez e parto

Quem és tu que engravidas e dás à Luz? 
Misterios da Criação
 
Quem és tu? Como o mereceste?
Como nascerá de ti Aquele que te criou?

Aquele que fez os céus e a terra e por quem foram feitas todas as coisas.



A natividade no nosso mundo material é infinitamente misteriosa – e, por isso, perde-se facilmente no espalhafato natalício.

Somos acordados pelo desejo, pela dor de não termos aquilo que desejamos e que nem sequer conseguimos nomear devidamente.

Mas o Homo Sapiens é naturalmente descontente e tem sempre fome de mais.

As nossas satisfações são maravilhosas, mas não duram muito.

Satisfazer um desejo em breve nos mostra que não concluímos o sentido de incompletude que possui o nosso eu sempre mutável. 

Antes da rebentação duma onda de sucesso atingir a praia, já outra se está a formar por trás dela. 

Somos criaturas de desejo.



Por isso, instintiva e fatalmente, interpretamos cada momento como doloroso ou agradável.

A Humanidade tem estado à espera, desde que foi despertada pela primeira vez pela sua escravidão face ao desejo. 

No Natal a Sabedoria de Deus vem numa embalagem humana. 
Ele vem como criança.

Temos que tomar conta d’Ele. Debruçar-nos sobre Ele. 
Cuidar d’Ele, mudar-Lhe as fraldas, confortá-Lo quando chora. 

Temos estado à espera que Deus nos surja no meio dos nossos desejos projectados sobre os nossos deuses autocriados.

Deus apanha-nos de surpresa. 

Ele chega não como um Pai tirano mas como um bebé indefeso que temos que aconchegar e proteger, de modo a que possa sobreviver e crescer.   



Cuidamos de Deus como pais. 
Para ao crescermos com a experiência da vida passarmos a 'outro patamar', onde deixamos de ser Pais Dele para passarmos a ser Filhos Dele.

A isso se chama o Caminho de Casa , a nossa chamada “viagem espiritual” , quando sentimos as dores de parto , que é senão Deus a nascer em nós. 

E os desejos materiais passam a maravilhas Divinas, num  processo de crescimento com a paciência, e a arte contemplativa da espera.


Perdemos esta arte de sabedoria prática no mundo moderno, mas a meditação espiritual restaura-a.

Uma época do ano em que devemos Elevar o Espirito para o Essencial, poupando-nos ao tédio do seu grosseiro consumismo. 

Somos criaturas de desejo.

Por isso, repetimos o ciclo de dor e de prazer, até compreendermos que somos também desejados.

Aquilo que verdadeiramente desejamos, o Amor que nos criou , já apontou para nós, é por isso que O desejamos. 

É isso que desejamos porque Deus nos deseja.

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