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domingo, 7 de agosto de 2016

O sofá e a perda da Liberdade


A Paralisia do sofá
segundo o Papa Francisco 

Na vida, há uma paralisia ainda mais perigosa e difícil, muitas vezes, de identificar e que nos custa muito reconhecer. 

Gosto de a chamar paralisia, que brota quando se confunde a FELICIDADE com um SOFÁ! 

Sim, julgar que, para ser felizes, temos necessidade de um bom sofá. 

Um sofá que nos ajude a estar cómodos, tranquilos, bem seguros. 

Um sofá contra todo o tipo de dores e medos. 

Um sofá que nos faça estar fechados em casa, sem nos cansarmos nem nos preocuparmos. 

Provavelmente, o sofá-felicidade é a paralisia silenciosa que mais nos pode arruinar; porque pouco a pouco, sem nos darmos conta, encontramo-nos adormecidos, encontramo-nos pasmados e entontecidos enquanto outros – talvez os mais vivos, mas não os melhores – decidem o futuro por nós. 

Certamente, para muitos, é mais fácil e vantajoso ter jovens pasmados e entontecidos que confundem a felicidade com um sofá;

Não viemos ao mundo para «vegetar», para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca. 



É muito triste passar pela vida sem deixar uma marca. 

Mas, quando escolhemos a comodidade, confundindo felicidade com consumo, então o preço que pagamos é muito, mas muito caro: perdemos a liberdade. 

É precisamente aqui que existe uma grande paralisia: quando começamos a pensar que a felicidade é sinónimo de comodidade, que ser feliz é caminhar na vida adormentado ou narcotizado, que a única maneira de ser feliz é estar como que entorpecido. 

É certo que a droga faz mal, mas há muitas outras drogas socialmente aceitáveis, que acabam por nos tornar em todo o caso muito mais escravos. 

Umas e outras despojam-nos do nosso bem maior: a liberdade.



É preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te a alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia. 

Caminhar pelas estradas seguindo a «loucura» do nosso Deus, que nos ensina a encontrá-Lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em maus lençóis, no encarcerado, no refugiado e migrante, no vizinho que vive só. 

Caminhar pelas estradas do nosso Deus, que nos convida a ser atores políticos, pessoas que pensam, animadores sociais; que nos encoraja a pensar uma economia mais solidária.



Dir-me-ás: Mas, eu sou muito limitado, sou pecador… que posso fazer? 

Quando o Senhor nos chama não pensa naquilo que somos, naquilo que éramos, naquilo que fizemos ou deixamos de fazer. 
Pelo contrário: no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de comunicar.

O caminho, chama-te a deixar a tua marca na vida. convida-te a deixar as estradas da separação, da divisão, do sem-sentido.

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