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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O homem 'básico' e o homem Crístico

O homem 'básico' e o homem Cristico


As 3 necessidades fundamentais do homem  'básico'

1)   Tem de viver, ou seja, subsistir.
      Tem de ter afastados perigos de morte e insegurança para a sua vida.
       Quando isso  é alcançado, fica centrado, equlibrado e pode partir para 'outra' .
       Mas a vida tem sempre surpresas inesperadas, uma doença súbita, uma morte de alguém próximo de que não se estava à espera, dificuldades económicas sem estarmos à espera, isso torna o viver muito dependente de factores que o homem por mais que queira não consegue controlar, tem sempre os pés em areia movediça .
O direito de viver não é pois um direito absoluto, é sempre condicionado. 

2)  A vida tem de ter um sentido.
       A vida familiar e profissional tem de estar harmoniosa, ordenada, justa.
       Se isso acontece , sente-se equilibrado, quando não acontece começa a estar vazio e a vida torna-se aborrecida, absurda podendo levar ao desespero. 

3)  Tem de estar inserido numa comunidade
         Isso protege-o e dá-lhe afecto.

Mesmo com estas 3 necessidades satisfeitas será que o homem se encontrou consigo mesmo, que está Centrado ou apenas 'confortável' na vida ? 
Será que esse centro é o Seu Centro?

O que pode ocorrer para o homem perceber que o Seu centro é afinal outro?
Morte iminente, revoluções da vida, enfrentar o absurdo e o abandono.


Como se transformam as necessidades acima para quem está verdadeiramente no Seu Centro? 

1) Perante a vida aceita o seu permanente condicionamento e fica enraizado no seu Centro incondicionado e percebe que quando lhe  ocorrem flutuações de sentimentos isso deve-se a ter-se 'descentrado'. Enraizado não é estar  fixo, estável mas sempre a 'flutuar' em marcha dinâmica para poder estar sempre 'desperto' para 'regressar' quando percebe que  'saiu'. Fica sempre em contacto com 'algo'  que não se deixa agarrar como 'se o tivessemos sem o ter'. 

2) O sentido da vida passa a tê-lo ao estar no Seu centro, aí o Espirito da Grande vida circula sem entraves sempre com a sua 'naturalidade' própria  que o homem Centrado acolhe e aceita. 

3) Deixa de precisar de estar inserido numa comunidade ou grupo para se sentir seguro, pois a sua comunidade é estar Consigo e Centrado, mesmo participando em comunidades  por dever social ele 'está lá' mas sem disso precisar para estar bem Consigo mesmo.


Quem está Centrado pode abandonar o mundo? 

Quem 'saboreou' o  Centro, pode ser tentado a se afastar do mundo para ficar 'sózinho ' e 'perder-se' no seu ' novo mundo', deixando para trás as lutas continuas dos opostos.
Errado, quem não permanece alerta nesta 'tarefa' , neste exercicio constante de manter unidos os opostos, tarefa pela vida fora 'no mundo' , pois é no mundo que vivemos, não consegue se 'manter' Centrado, por isso quem pensar que se afastando do mundo se afasta os perigos de ficar 'descentrado', está muito enganado.


O homem Cristico

Os 3 centros no homem e sua localização no seu corpo.

As forças cósmicas, as raizes do homem ( para baixo, para a terra) estão em seu abdomen.
Na cabeça localiza-se a sua aspiração espiritual ( para cima, para o céu).
A meio no coração se unem as duas forças.

Quem se centra apenas no centro cósmico, terrestre ( pulsões e impulsos de sobrevivência e de reprodução, contigências da vida, velhice e morte) ao  se sentir em perigo tende a crispar-se e subir para o centro na cabeça ('sobe-lhe o medo à cabeça').

Quem se centra no centro espiritual na cabeça e perde o contacto com o centro terrestre tende a 'viver na lua', está já a 'viver no céu' antes de tempo, desrespeitando a sua natureza humana e pondo a sua própria sobrevivência em perigo.

O equilibrio e o verdadeiro centro está no homem que vai de baixo a cima e de cima a baixo e se encontra a meio numa dinâmica de movimento continua e permanente enquanto vive. 

Numa integração da terra e do céu, no coração, não o orgão fisico (e dos sentimentos) mas a zona de equilibrio (o Grande coração de Cristo) onde se cruza o vertical da ascênção ao centro celeste e intemporal e o horizontal da descida ao centro terrestre e temporal. 

Não que o homem fique estático nessa zona de convergência baixo-alto, mas sim que oscile em continuo entre as duas à medida que seja pela Energia da vida solicitado. 

No Grande coração se centra também uma tensão devido a este permanente oscilar de alto e baixo, tensão criada pelo combate da dualidade terra-céu, tensão que o homem Novo aceita e integra.

Como nasce o homem Cristico?

É neste movimento e tensão perpétuos que nasce o homem Cristico.

Aspirando ao céu, à vertical mas 'obrigado' por ser humano a cair à terra, à horizontal.

Fiel não a um ponto fixo, imutável mas à sua Cruz de vida, cruz que une o vertical do céu ao horizontal da terra, assim é o Novo homem no seu Centro verdadeiro a viver a sua Cruz. 

Que pela sua própria contingência terrestre (aceitando o seu destino neste mundo contingente)  percebe o Absoluto celeste (a sua transcendência espiritual incontingente) . 

Percebe não pela sua fé mas porque 'algo' sobre ele 'pousou' , a Graça que permite nesse momento ser Um com Cristo. 

Cristo que o chama continuamente para o seu Centro, a percorrer continuamente em vida o seu caminho da Cruz, a ir da terra ao céu e vice versa, e não a ficar apenas num deles. 

A quem consegue viver (não sem a dor a isso inerente) nessa Cruz dinâmica, no ponto doloroso da intersecção do céu e da terra na cruz, Cristo surge não como um principio simbólico mas como um Tu, um Ser que vive em nós, um Deus pessoal por assim dizer com quem começamos a comunicar e a estar cada vez em sincronia, em união, a união daquele que olha com aquele que O vê.

O exemplo de Cristo como Mestre


Tal como Cristo o homem tem duas naturezas, a humana e a divina e pode escolher entre elas pela sua vontade e livre arbitrio. 

O exemplo e a lição de Cristo é ter feito a escolha 'certa', ter escolhido o Pai, a sua verdadeira semente (sendo forte no mundo mas livre do mundo) e não o mundo dos homens onde imaginamos ser fortes e estar seguros e nos esquecemos que de tão agarrados a esse mundo perdemos toda a nossa liberdade e somos dele escravos.

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