Mestre Philippe e o pecado original, a queda de Adão e o Diabo.

Mestre Philippe e o pecado original, a queda de Adão e o Diabo.

O que diz o ensino tradicional:  
 
Satanás rebela-se contra Deus.
Satanás é vencido e precipitado no Abismo.
Satanás, para vingar-se, seduz o homem e torna-se o seu mestre.
O Cristo ganha a vitória sobre Satanás e fornece aos homens armas para vencê-lo.
No fim dos tempos Satanás tenta a sua vingança por meio do Anticristo.

Quanto ao homem, pelo pecado de Adão, torna-se prisioneiro e escravo do Demónio.
 

Questões relevantes deste ensino tradicional : 

Primeiro parece inconcebível que Lucifer, criado por Deus semelhante à ele mesmo, pôde conceber a ideia de revoltar-se contra o seu Inventor. 
Se Deus não quisesse que o Homem adquirisse o Conhecimento e a Imortalidade, não seria fácil para um Deus não colocar estas árvores no Eden ou pôr o Homem fora da sua vizinhança? 
A tentação evidentemente foi a obra de Satanás.

Mas a serpente não podia penetrar no jardim e dirigir-se à Mulher sem que o Mestre do Jardim o soubesse-o e quisesse.

É concebível que o pecado, pessoal, do primeiro Homem e a primeira Mulher, por enorme que fosse, deva ser pago coletivamente pela sua posteridade, de geração em geração, durante séculos por milhares de anos?

Por conseguinte, a partir da primeira hora da vida humana, Deus aparece como a causa da tentação.

Alguém declarou um dia ao Mestre que Deus é o autor da tentação.

Ora Monsieur Philippe respondeu: “Deus não é de forma alguma o autor da tentação; bem pelo contrário.” há lá algo – que veremos – que o ensino tradicional não explica.

Em resposta à pergunta sobre a queda do homem disse : “A queda do homem não existiu.”

Mas é necessário explicar como as coisas se passaram.

A teologia ensina que a queda do primeiro Homem teve um caráter moral, que foi uma falta e que contaminou toda a espécie humana.

Ora não houve nem caiu nem pecou.
 

A igreja ensina que Deus criou anjos e que uma parte destes anjos revoltou-se contra ele.

Ora não houve revolta.
 
Então que se passou ? Eis o que Monsieur Philippe ensinou.

A um momento dado Deus disse à uma parte anjos: “Partam para adquirir o conhecimento.”  
Deus por conseguinte enviou-os à extremidade do Relativo, para eles regressarem através do Relativo até  ele.

Antes de descer na matéria, as almas viviam no paraíso no estado de inocência, por conseguinte de Não conhecimento.

Nas que Deus escolheu – ou seja os homens – Deus pôs o sentimento do interesse pessoal.  
Não digam agora que fazendo isto Deus é o autor do mal.

O interesse pessoal é o aguilhão que nos faz trabalhar, o motor que nos faz avançar.

Se não fosse isso, não faríamos nunca nada.

E é assim que há entre os seres muitas diferenciações.

Uns uniram-se mais ardentemente que outros à continuação das coisas sensíveis.

Se o homem não tivesse descido, não conhecia nada.

Descendo e de seguida subindo de novo, está acima dos anjos.

É assim que todos retornaremos ao nosso ponto de partida. 

E Monsieur Philippe acrescentou: “Diversas almas permaneceram no paraíso, esperando o tempo certo para descerem.”

E Lucifer? 

A nossa vida tem um valor moral apenas se os nossos atos forem o resultado de uma escolha. 
Uma escolha entre duas solicitações iguais e de sentidos invertidos.

Também Deus colocou o oposto dele no universo criando um ser a quem deu uma potência igual á sua – guardando para si contudo a Sabedoria – e que solicita as criaturas no sentido oposto às solicitações de Deus.

E Monsieur Philippe declara: “O demónio foi criado para fazer-nos avançar; sem ele ficariamos calcificados, sem vida.”

Até ao fim da Criação terá por conseguinte lugar uma imensa dualidade: Deus atraindo as criaturas para ele, e Lucifer atraindo-as no sentido oposto.
 

E o drama da Criação joga-se no coração do homem que é chamado a ganhar a vitória sobre o Adversário e de retornar à Deus.

Lucifer é por conseguinte o antagonista de Deus, mas não é o Seu inimigo.

É o seu colaborador indispensável.

Monsieur Philippe disse mesmo esta palavra extraordinária: “ ele arde em desejo de me  obedecer.”
 

E quando após séculos e séculos as criaturas retornarem a Deus, Lucifer, a sua missão terminada, retornará em último e então realizar-se-á a palavra de S. Paulo: Deus será tudo em todos.
 
Monsieur Philippe pôs esta pergunta: “Se encontrassem o demónio com as mãos atadas atrás das costas, que lhe fariam?”

Uma pessoa respondeu: “Matá-lo-ia.”

Outra: “Matá-lo-ia para destruir o mal.”

Monsieur Philippe diz então: “Não, não seria necessário matá-lo, porque Deus tudo criou. Criou o demónio para fazer-nos avançar. Seria necessário, pelo contrário, esticar-lhe a mão e fazer qualquer para o trazer de volta, mas não lhe fazer mal. E pedir à Deus a sua recuperação.”

Meus caros amigos, não foi Adão nem Lucifer que nos pôs na situação onde estamos.

Fomos nós e só a nós devemos a nossa situação se não for a que gostaríamos que fosse.

Deus tem-nos dado muito.

Mostrou-nos o caminho do regresso, enviou-nos guias, ajudas, fez-nos o dom supremo: Jésus Cristo.

Coloca-nos nas melhores condições possíveis para trabalhar, para crescermos em conhecimento.

Cada dia dá-nos testemunhos da Sua solicitude e do Seu amor.
 
Adquirir o Conhecimento, não é um mal, não é uma armadilha, é a via aberta na frente das criaturas para que regressem ao seu Inventor, é o meio providencial que lhes é dado de realizar o seu destino eterno.
 
É por conseguinte com um pensamento de coragem, sobre uma resolução de boa vontade acrescida que concluiremos.

Cristo disse: “O vencedor, farei dele uma coluna no Templo do meu Deus e ele nunca de lá sairá; e dar-lhe -ei a estrela da manhã.”