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terça-feira, 24 de junho de 2014

Técnicas de Oração ou como rezar segundo Paul Sédir

 

Técnicas de Oração ou Prece segundo Paul Sédir


Paul Sedir ( 1871- 1926) foi um Ocultista frances que conviveu com Papus e Mestre Philippe de Lyon, foi iniciado nas Ordens Rosacruz e Martinista.

Um dia, ele teve uma experiência interior decisiva que o fez ciente da nulidade das sociedades secretas, como tinha dito seu Mestre Philippe de Lyon ( ''Nada vejo de valor nas sociedades secretas, só fazem bem a elas próprias. Todos somos irmãos e devemos nos ajudar mutuamente sem segredos, tudo tem de ser transparente e estar debaixo da Luz, não deve haver preferencias'') por isso ele, tal como fez outro grande Ocultista francês Robert Ambelain em final de vida, abandonou seus títulos, rejeitou qualquer iniciação, toda a sabedoria esotérica e dedicou-se exclusivamente ao ideal de Evangelho: o amor ao próximo e a busca do Reino de Deus .

Fundou a associação dos Amigos de Deus ( http://www.amities-spirituelles.fr/ ), de indole caritativa e ensinamentos misticos cristãos.

Quem não ora, não tece sua própria Imortalidade.

A Prece, com o sentido do Sagrado que ela exprime, é com toda a evidência um fenômeno espiritual.

De fato, a Prece representa o esforço do Homem para se comunicar com toda a Entidade incorpórea ou metafísica: ancestrais, guias, santos, arquétipos, deuses, etc..., ou com a Causa Primeira, ápice da pirâmide precedente.

Longe de consistir em uma vã e monótona recitação de fórmulas, a verdadeira Prece representa um estado místico para o homem, um estado onde a consciência dele aborda o Absoluto. 

Este estado não é de natureza intelectual.

Tão inacessível quanto incompreensível ao filósofo racionalista e ao sábio ordinário.

Para orar, faz-se necessário o esforço de voltar-se para a Divindade. "Pensa em Deus ao mesmo tempo que respiras...", nos diz Epictète.
E curtas, mas freqüentes invocações mentais, podem manter o homem em presença de Deus.

" A Prece verdadeira é filha do Amor. Ela é o sal da Ciência; faz germinar a Ciência no coração do homem, como em seu terreno natural. Ela transforma todos os infortúnios em delícias; porque é filha do Amor, e é preciso amar para orar, e ser sublime e virtuoso para amar..."

"Mas esta Prece tão eficaz, pode ela jamais advir de nós? Não é necessário que ela nos seja sugerida? Devemos somente escutá-la com atenção e repeti-la com exatidão...Quem nos dera ser como uma criança, à espera da voz que nos fala...".

A Prece tem ainda uma outra função, é o seu papel construtivo, desempenhado em "regiões espirituais" que permanecem desconhecidas ou inexploradas: "Or et Labor...", diz a velha divisa hermética, "Ore e trabalhe...". E o adágio popular acrescenta: "Trabalhar é orar...". 

 A partir daí, podemos admitir que o homem que não ora, não tece sua própria imortalidade; ele se priva assim de um precioso tesouro. 

Neste caso, cada um de nós encontrará, depois da morte, aquilo que em sua vida carnal, tiver esperado aí encontrar. 

O ateu vai em direção ao nada, e aquele que crê, em direção a uma outra vida.

Psicologicamente, o senso do divino parece ser uma impulsão vinda do mais profundo de nossa natureza, uma atividade fundamental, e que se constata tanto no homem primitivo quanto no civilizado.
Devemos notar igualmente que o senso do divino levado ao estado de intolerância e fanatismo, conduzem também a tristes resultados.

O homem é constituído de tecidos e líquidos orgânicos, permeados por um elemento imponderável chamado "consciência" que se prolonga para fora do continuo físico e que mergulha num "Universo Espiritual".
Nesse universo espiritual, onde nossa consciência extrai os princípios de sua própria conservação e saúde moral, existe o Ser imanente, a Causa Primeira que as religiões ordinárias chamam Deus.

Orar é portanto, equivalente a uma atividade biológica dependente de nossa estrutura, e seria uma função natural e normal de nosso espírito.
Negligenciá-la é atrofiar nosso próprio "princípio", nossa alma em uma palavra.

E o grande psicanalista Jung nos assegura que, "a maioria das neuroses são causadas pelo fato de que muitas pessoas querem fechar os olhos às suas próprias aspirações religiosas, por força de uma paixão infantil pelas luzes da razão...".

Também é conveniente definir que neste campo, a recitação de fórmulas vagas e maçantes, sem a participação verdadeira do espírito, onde apenas os lábios têm uma atividade real, não é orar.

É necessário também que o "Homem interior", aquele que Louis-Claude de Saint-Martin, à semelhança de seu mestre, Martinez de Pasqually, denominava de "Homem de Desejo", esteja atento e dinamize o que os lábios e o cérebro emitem conjuntamente.

Aliado à intuição, ao senso moral, ao senso estético e a inteligência, o "senso do Divino" dá à personalidade humana seu pleno desenvolvimento. 

A Prece é pois, o complemento e a ferramenta essencial de toda esta transmutação do Homem.
Ela é o Fogo e o Cadinho é o coração onde as austeridades e a ascese são os elementos combustíveis das impurezas iniciais.

A Obra é longa pela via húmida.  
Ela dura, segundo a palavra da Escritura: "Até que o dia apareça e que a Estrela da manhã se eleve em nossos corações..." 


                    Preparação

Ser bem orientado, viver em paz e ser agradecido, eis portanto os três hábitos que preparam as forças interiores para a Oração.

É preciso Ser atento, humilde, confiante, perseverante.
A falta de atenção é uma falta de fervor. 

Ser atento, é vontade; e é impossível desejar sem amar. 
Na verdade o Amor é a chave de todas as portas.
Para lutar contra as distrações, ora em voz alta.

Se teu coração é seco, ore meditando, i. e., refletindo com tua razão lógica sobre cada palavra pronunciada, pesando e examinando lentamente.

Quando oramos, várias criaturas dos mundos do espirito nos observam, nos escutam e se apresentam na porta do templo que é nosso coração; muitas somente percebem Deus pelas imagens contidas neste coração. 

Para estes irmãos atrasados, é útil que as palavras sejam ditas em voz alta e é uma maneira de conceder à nossa prece um corpo terrestre.
Malgrado este conselho de orar em voz alta, não acreditamos que as repercussões deste som no imponderável sirvam para grande coisa, pois é o sentimento que lhe fornece esta força e não a vociferação.

É unicamente a sinceridade que torna a prece válida.

Podemos tomar, ao longo do dia, algumas precauções para desenvolver o poder de atenção. Abster-se de palavras inúteis, repelir pesadelos e, acima de tudo, se corrigir dos seus defeitos.

É suficiente descartar as distrações com grande e prudente calma, sem desistir; se três horas correm antes de pode dizer convenientemente o Pater , estas terão sido três horas muito bem empregadas; nenhum esforço se perde.


 Métodos de Oração :

1. Recolhimento interno.
2. Escolher a posição: em pé, joelhos ou prosternado, conforme sua inclinação.
3. Dizer a Deus que está se colocando em Sua presença.
4. Esquecer as preocupações. Criar em si a humildade, depois a confiança, depois a calma.
5. Aquecer o coração recapitulando rapidamente todos os benefícios do Pai para com o mundo, - para o gênero humano, para si-mesmo.
6.Expressar o desejo de colaborar com a Obra Divina.
7. Se humilhar profundamente.
8. Se oferecer a Deus desde a medula dos ossos ao cume do espírito, com todo seu coração e se possível até ás lagrimas.
9. Perdoar do fundo do coração, do fundo da inteligência e mesmo do fundo da vitalidade corporal a todo ser e a todas as coisas.
10. Recitar a Oração escolhida (por ex. o Pai Nosso) com todo o fogo e toda atenção possível, sem procurar sensações psíquicas, na nudez obscura da fé.
11. Persistir até chegar a prece sem distração.
12. Tomar resoluções precisas.




Antes de um trabalho particular:

1. Recolhimento interno se colocando em calma, confiança e humildade.
2. Deus me vê e Jesus está a meu lado.
3. Se desculpar das faltas, em bloco.
4. Se arrepender com dor.
5. Se oferecer a Deus.
6. Lhe pedir ajuda.
7. Esquecer um instante tudo que sabe e deixar vir a inspiração.
8. Iniciar o trabalho.
9. Rever, examinar e corrigir o fruto do trabalho..
10. Agradecer ao Criador.

Exame de Consciência ao deitar

1. Agradecer a Deus por tudo dado ao longo do dia, em prazer e em penas/dor.
2. Pedir a lembrança das faltas e o arrependimento.
3. Recapitular o dia hora à hora.
4. Procurar aquilo que me desagrada nos outros e me convencer de que possuo o mesmo defeito.
5. Observar minha ingratidão, minha traição para com Deus.
6. Arrependimento até as lágrimas.
7. Resoluções precisas e especiais formuladas para o dia seguinte.
8. Se ter como um puro nada e pedir o socorro de Deus.

No curso da Vida:

Manter-se na maior simplicidade e nudez interior. 
Nada de restrição e rigidez da vontade. 
Manter-se um com o céu, guardar a sensação viva da Presença Divina, viver com liberdade, paz, confiança amorosa.

"Se, durante a vossa oração, um pavor, um estrondo, um raio de luz, ou outro fenômeno se produzir, não vos perturbeis; perseverai na oração ainda com maior tenacidade. 
Essa perturbação, esse pavor, esse estupor, vêm dos demônios, que vos querem afrouxar e fazer renunciar à oração, para em seguida apossarem-se de vós, quando esse afrouxamento se tiver tornado hábito. 

Se, enquanto fazeis vossa oração, brilha uma outra luz que não consigo exprimir, a alma se enche de alegria, do desejo do melhor, jorra um borbotão de lágrimas de compunção, sabereis que é uma visita e uma consolação (socorro) de Deus...

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