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segunda-feira, 9 de junho de 2014

4 rituais para o Despertar do Homem








O QUADRANTE DO DESPERTAR


Um grupo de responsaveis espirituais consagrou-se a organizar um conjunto de técnicas que permitiria colocar o pesquisador na atitude correta do Buscador.

Desse estudo, nasceu o Quadrante, um conjunto de quatro técnicas, cada uma indispensável e total (isto é, auto-suficiente), cuja prática assídua e cuja combinação deram resultados comprovados.

É indispensável que as práticas impliquem uma divisão da consciência.

As quatro práticas de base, são uma chave para alcançar essa atitude, única para permitir o despertar.

Estas quatro práticas são:

 - o chamamento de si pela divisão da consciência;

-   a importante prática da letra A.

 -  as práticas dos sons IAO (sob suas duas formas);

 -  a meditação do infinito no corpo;


O risco que se corre, ao exercitar as quatro práticas de base, é ver estratificar-se um processo, porque a “raposa astuta” (o mental), farejando a armadilha que a conduziria à sua própria dissolução, irá convertê-la em identificação e cristalizar, às vezes muito sutilmente, o que havia sido liberado.

Nosso problema é, assim, a manutenção da ruptura, a aceitação da ruptura, a instalação do prazer da ruptura.

Esse estado de espírito é o oposto do estado de espírito “burguês” = que tem medo de perder alguma coisa”.

Ora, nas Vias Reais, o adepto perde a vaidade, isto é, a necessidade doentia, exacerbada, de manter para os outros e para ele próprio uma imagem de si. 
Sem imagem de si, ele poderá perder até mesmo a identificação à forma humana. 
Estas duas perdas são o preço a pagar pela liberdade absoluta.

Última evidência, mas de grande relevância, como dizia Gurdjieff a certo discípulo: 
“Sem a Graça de Deus, nenhum trabalho seria possível”.

Uma vez integrada essa evidência, inútil insistir.
Com efeito, como lembra Robert Amadou: “A Via Real, em qualquer uma de suas espécies, não consiste na devoção.Nessa via, eu tudo deponho, nada retenho, resta Deus e é o total”.


  PRÁTICA DA DIVISÃO DA CONSCIÊNCIA PARA CESSAR O DIÁLOGO INTERIOR

Esta prática é a matriz das três outras práticas de base.
Com efeito, em cada uma das três outras práticas, a divisão da consciência estará presente. 
Mais exatamente, a realização correta das três outras práticas exige a divisão da consciência.

O importante é lembrar que o trabalho iniciático começa com o Silêncio, ou seja, com a capacidade de parar o diálogo interior.
Para isso, a prática do Chamamento de Si pela divisão da consciência permanece a mais eficaz. Consiste em substituir o pensamento analítico por uma percepção simultânea do mundo pelos sentidos. 
Cessar de pensar o mundo para percebê-lo.

Eis a forma de ser feita:

A prática pode ser feita imóvel ou em movimento. 
No início, pratique em uma posição de vossa escolha que não vos incite ao adormecimento.
Ao fim de três meses, será necessário começar a prática em movimento.
Podeis praticar a divisão da consciência a todo momento, em todo lugar, durante toda atividade humana.

Durante os três primeiros meses, trabalhe em horas fixas, três vezes por dia, durante três períodos de aproximadamente dez minutos.
Depois, trabalhe toda vez que isso venha ao seu pensamento.

Tome inicialmente consciência da postura global do corpo, dos pés até o alto da cabeça.

Ao mesmo tempo, tome consciência da sensação no interior da mão esquerda.
Chamaremos esta última sensação: a referência.

Vossa consciência está assim dividida em dois.
Tendes simultaneamente no campo da consciência a postura e a referência.

Acrescentai então a essa dupla percepção sensorial, a tomada de consciência da respiração.

Vossa consciência está pois dividida em três.
Tendes simultaneamente no campo da consciência a postura, a referência e a respiração.

De fato, o trabalho começa neste momento, isto é, quando a consciência está dividida em três.

Certamente, não conseguireis manter a percepção simultânea da postura, da referência e da respiração: pensamentos vão interferir.
Não é importante.
Cada vez que observais que vos diluístes novamente no pensamento, retornai às percepções, começando sempre pela referência.
Chamai a vós mesmos. 
O importante é que, se vos diluís mil vezes no diálogo interior, vós vos chameis mil e uma vezes.

Serão necessários diversos meses para dominar imperfeitamente esta prática.
Mas desde as primeiras semanas, observareis modificações importantes em vossa vida.
Um maior domínio, menos fadiga, mais densidade, mais energia, uma melhor percepção da vida, uma maior intensidade...

Pouco a pouco, a prática irá tornar-se inconsciente, automática, isto é, ela se fará por si mesma.

Neste momento, podereis dividir a consciência em quatro: postura, referência, respiração e muro da visão.

O muro da visão consiste em uma visão desfocada, o olhar largo, não procurando observar um ponto particular da imagem, uma contemplação geral do muro da visão percebido como no interior da cabeça e não em um exterior qualquer.

Esta prática conduz freqüentemente a experiências sensoriais ligeiramente estranhas.
Com efeito, a coerência do campo de representação pode ser então modificada.
Essa coerência se constrói a partir de uma espécie de centro de gravidade das representações. Deslocar o centro de gravidade faz cair em uma outra coerência e, portanto, em um mundo diferente.
É o caso, por exemplo, da experiência xamanista.

Será necessário praticar longamente a divisão da consciência em quatro, antes de passar à divisão da consciência em cinco, acrescentando a percepção da onda sonora.

Da mesma forma que para o muro da visão, devereis tomar consciência da onda sonora em sua globalidade, sem “mira auditiva”.
Deixai-vos penetrar pelos sons sem tratá-los como informações.

Dividir a consciência em cinco é um exercício de grande dificuldade.
O objetivo não é que consigais essa divisão, mas que pratiqueis estes exercícios.
Cessar o diálogo interior se tornará primeiro possível e depois, mais tarde, relativamente fácil.

Certos adeptos levam a divisão da consciência até sete, acrescentando o olfato e o paladar.

Pode ocorrer que tenhais a impressão de que o diálogo interior cessou, embora estejais apenas em um estado de torpor. 
A divisão da consciência é sempre acompanhada por um acréscimo de consciência.

Logo que estejais familiarizado com essa prática, podereis participar em marchas às cegas, que modificam profundamente nossas percepções sensoriais.

Nosso trabalho consiste em passar do ter/fazer ao ser, do pensamento analítico ao “pensamento” perceptivo, da subjetividade profunda à objetividade sensorial, ou seja, de adotar, pelo chamamento de si, uma “postura do ser” que permite que se instale a Presença.

Esta prática é a chave de toda via real.

“É puro aquele que permanece sem pensamento.”
“O sábio não pensa.”


MEDITAÇÃO SOBRE A LETRA A

Essa prática fundamental é comum às tradições do Oriente e do Ocidente.
Ela constitui o aspecto central das práticas mântricas, nas quais I, A, O são as três primeiras raízes.

O I é masculino, Yang; o O é feminino, Yin; e o A é andrógino. A letra A é a origem de todas as Essências.
Logo que se abre a boca, é o som A que é emitido. A letra A é o germe de todos os fonemas, a mãe de todas as letras.

A é simultaneamente o símbolo do início e do sem produção.
 A é simultaneamente o ser e o não-ser e, portanto, o estado além do ser e do não ser, A é o absoluto.


PRÁTICA da letra A

Em uma posição que assegure a verticalidade da coluna vertebral, visualize uma Lua cheia, prateada, a aproximadamente um metro e cinqüenta diante de si e uma segunda Lua prateada em vosso corpo, entre o umbigo e o ponto do coração.

Segui então a seguinte prática:

Inspirar, visualizar a luz prateada que deixa a Lua externa pelo alto para penetrar na Lua interna pelo alto. 
Simultaneamente emitir o som A, mentalmente.

Expirar, visualizar a luz prateada que deixa a Lua interna por baixo para penetrar a Lua externa por baixo. 
Simultaneamente emitir o som A, mentalmente.

Praticai durante 20 minutos aproximadamente.

Observareis que esta prática vos obriga a dividir a consciência em três: a visualização, o som e a respiração.

Quando estiverdes familiarizado com esta etapa, podereis acrescentar a referência.

Esta prática pode ser feita a todo instante. 
É aconselhável fazê-la à noite antes de dormir, para continuá-la até o momento do adormecimento.

Após um ano de prática sob essa forma liminar, podereis passar ao exame da Letra A.


EXAME DA LETRA A - PRÁTICA


A meditação é feita sobre uma Lua cheia branca em que se abre uma rosa com oito pétalas, sobre a qual aparece uma letra A de cor ouro.

 

Adotaremos aqui o Aleph. Mas a prática seria idêntica com um A grego, ou tibetano, ou sânscrito, mais ou menos estilizado segundo as escolas.

A Rosa representa as oito dimensões da Grande Obra Alquímica.
Ela simboliza igualmente o Coração e o Espírito.

Suspendei a imagem, construída e pintada por vós, na parede sobre um fundo negro, a Lua terá um diâmetro de 33cm. 
Sentai-vos diante da imagem, a um metro e cinqüenta aproximadamente.

Colocai a língua contra o palato.

O Exame da letra A é realizado em três fases:

1 - Contemplando a Lua, pronuncia-se o A a cada inspiração e expiração.

2 - Cria-se no peito, na altura do coração, uma Lua com a flor e o Aleph, idêntica à imagem exterior. Pronuncia-se A na expiração, vendo a energia que deixa a roda da Lua interior por baixo, dirigindo-se à parte inferior da roda da Lua exterior, depois animando o Aleph.

Pronuncia-se A na inspiração, vendo a energia que deixa a Lua exterior pelo alto e que entra pelo alto da Lua interior, para animar o Aleph.

3 - Exame interno. 
     Trabalha-se unicamente sobre a lua interior, como na fase 1.

Uma prática dura no mínimo 20 minutos.
Quando o adepto está bem familiarizado com uma fase, pode iniciar a segunda dessa maneira: fase 1 durante 5 minutos, depois fase 2.
Mais tarde: fase 1 - 5 minutos; fase 2 - 10 minutos, depois fase 3.

Após algumas semanas de prática, será fácil manter por visualização a Lua e o Aleph externos, ao mesmo tempo que a Lua e o Aleph internos, sem apoio exterior.

O objetivo é atingir o Exame desenvolvido do A, isto é, uma prática permanente em qualquer lugar, durante qualquer atividade, sem apoio externo como na prática inicial. 
O adepto não é mais então actor da prática, mas testemunha da prática.

Isso permite ao praticante inscrever cada um de seus gestos, cada um de seus pensamentos, no A e, portanto, no respirar do universo.
Isso é da mais alta importância em teurgia: um ritual deveria ser inscrito em sua totalidade na respiração.


A prática da Letra A permite ainda obter a claridade no sonho.
Após um longo período de trabalho, o praticante pode com efeito tentar a prática da Letra A ao adormecer. 
Ele obterá rapidamente a recordação dos sonhos, depois uma clarificação dos sonhos, antes de poder conduzir e dominar sua atividade onírica, graças à consciência no sonho.

Essa continuidade de consciência entre sonho e vigília permite compreender que sonho e vigília possuem a mesma natureza e que, em conseqüência, o Real é outro.

Uma prática mais avançada da Letra A utiliza uma rosa com treze pétalas e um duplo Aleph, um vermelho e o outro branco, dispostos um como o reflexo do outro.



PRÁTICA DOS SONS I, A, O

A prática dos sons IAO possui duas formas, uma dinâmica, dando densidade, reunindo energia; a outra harmonizadora, reguladora das energias.
A primeira forma é aconselhada antes de operar, a segunda antes de uma fase de reconciliação ou de repouso.

A.- Prática Dinamizadora 

A posição de trabalho é em pé, sem tensão.

O ciclo completo abrange três respirações. 
A cada respiração corresponde um som, um gesto e uma percepção.

Expirar profundamente, esvaziar completamente os pulmões. 
Inspirar pela boca emitindo o som É mentalmente.

Expirar emitindo o som I e fazendo o gesto correspondente com a mão direita (indicador erguido) diante da garganta. 
A consciência se coloca na base da caixa craniana.

Inspirar emitindo o som É mentalmente.

Expirar emitindo o som A e fazendo o gesto correspondente com a mão direita (mão aberta) diante do coração. 
A consciência se coloca no ponto do coração.

Inspirar emitindo o som É mentalmente.

Expirar emitindo o som O e fazendo o gesto correspondente com a mão direita (O formado pelo polegar e o indicador) diante do ventre. 
A consciência se coloca três dedos sob o umbigo no oceano de energia.

Durante todo o ciclo, a mão direita toma e dá a energia.
Recomeçar então o ciclo, durante cinco minutos aproximadamente, acelerando o ritmo.


Parar. 
Tomar as duas mãos, a direita na esquerda, como se segurassem um ovo, colocá-las sob o umbigo e massagear ligeiramente durante um minuto. 
Parar. 
Ficar imóvel sentindo a circulação da energia.

Repetir esse conjunto três vezes. 
A cada vez, a aceleração será mais importante.

Após a terceira vez, proceder à criação da esfera de energia, cujo centro é o umbigo.

Para isso, proceder a quatro rotações em cada plano, ou seja, doze rotações, iniciando sempre pela esquerda, duas à esquerda, duas à direita.

O praticante é então o centro de sua própria esfera de energia e, onde quer que vá, permanecerá no centro. 
Toda operação teúrgica irá se desenvolver assim desde o centro da esfera e na esfera. 
O praticante permanece então sobre o eixo.

Para convencer-vos do poder e da eficácia desse trabalho, podeis emitir a aclamação ADONAI ou ainda EL SHADDAI, que invocam os sons raízes, antes da prática e imediatamente após a prática. Verificareis assim facilmente a diferença.


B.- Prática harmonizadora

A posição de trabalho é a posição dita do cavaleiro-arqueiro, estais sentado no vazio como se estivésseis sobre um cavalo.
A bacia vem, pois, colocar-se para diante, sem tensão, permitindo à coluna vertebral permanecer reta, sem esforço.

O ciclo completo abrange quatro respirações:

As mãos estão sobre o ventre, os dedos curvados tocando-se.

Inspirar emitindo o som É mentalmente e elevar as mãos até a garganta.

Voltar a cabeça para a esquerda e afastar lentamente a mão esquerda aberta, como se estivésseis entesando um arco à vossa esquerda. 
Expirar simultaneamente emitindo o som I.

Inspirar emitindo o som É mentalmente e levar a mão esquerda em direção à direita, mantida diante da garganta. 
Dirigir o olhar para diante de si.

Descer as mãos para o oceano de energia do ventre, emitindo o som O ao expirar.

Inspirar novamente emitindo o som É mentalmente e elevar as mãos até o coração.

Voltar a cabeça para a direita e afastar lentamente a mão direita, como se estivésseis entesando um arco à vossa direita. 
Expirar simultaneamente emitindo o som A.

Inspirar emitindo o som É mentalmente e levar a mão direita em direção à esquerda, mantida diante do coração. 
Dirigir o olhar para diante de si.

Descer as mãos para o oceano de energia do ventre, emitindo o som O ao expirar.

Repetir o ciclo três vezes. Permanecer no silêncio das percepções.


MEDITAÇÃO DO INFINITO NO CORPO

A Prática:

O objetivo desta prática é tomar consciência do registro do ritmo do universo, da respiração do universo, em nós mesmos. 

De uma certa maneira, é tomar consciência de que o universo medita em nós, e de que basta portanto tomar consciência da “meditação do infinito no corpo”.

Para isso, começaremos por uma prática artificial que irá permitir- nos “pegar” esse ritmo interno.

Tomai uma posição que permita uma posição correta da coluna vertebral.
Siga as orientações abaixo.
Passe à etapa seguinte somente quando tenha dominado a etapa precedente.

Etapa 1:

Tome consciência de um ponto na base do occipital. Com este ponto, desenhar, através de uma oscilação bem leve, o símbolo do infinito.

                             

Deixe-se levar totalmente por este movimento, sem nada controlar até que o movimento se sincronize por si mesmo com a respiração.

Etapa 2:

Avançar o “ponto desenhado” no interior da cabeça. O movimento oscilatório é então sentido no interior da cabeça. Após um momento, deveis perceber o movimento, enquanto permaneceis imóvel.

Etapa 3:

Começar a perceber essa oscilação durante suas atividades diarias.

Etapa 4:

Fazer descer a oscilação ao longo da coluna vertebral até o nível cardíaco. Sentir bem o movimento.

Etapa 5:

Fazer descer a oscilação ao longo da coluna vertebral até o oceano de energia (dois dedos sob o umbigo). Sentir bem o movimento.

Etapa 6:

Fazer descer a oscilação ao longo da coluna vertebral até o sacro. Sentir bem o movimento.

Etapa 7:

Deixar o movimento invadir o corpo.
Essa etapa deve emergir de maneira automática e não ser procurada.
Poderá então procurar concentrar o movimento sobre um órgão ou uma parte do corpo para eliminar suas toxinas ou outras impurezas.

 


QUATRO fazem UM

As quatro técnicas são efetivamente uma só técnica. 
Cada um desses exercícios oculta um outro, que pouco a pouco descobrireis.


Quando essas quatro técnicas estiverem dominadas, isto é, registradas na memória do corpo, podereis combiná-las, inicialmente 2 por 2, depois 3 por 3, e enfim unificá-las em uma só técnica, que se tornará um modo de ser.

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