Três estágios do caminho espiritual
segundo a Philokalia cristã
Existem
três estágios no caminho espiritual: o purgativo, o iluminativo e finalmente o
místico, através dos quais somos aperfeiçoados.
O primeiro diz respeito aos
iniciantes, o segundo àqueles no estágio intermediário e o terceiro aos
perfeitos.
É através desses três estágios consecutivos que ascendemos,
crescendo em estatura de acordo com Cristo e atingindo 'o estado de Homem
Perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo.'
O
estágio purgativo refere-se àqueles recentemente engajados na batalha
espiritual.
Ele é caracterizado pela rejeição do ser materialista, libertação
do mal material e empossamento do ser regenerado renovado pelo Espírito Santo.
Ele envolve aversão pela
materialidade, o evitar de qualquer coisa que active a
mente para as paixões, arrependimento pelos pecados cometidos, o dissolvimento
com lágrimas do sedimento amargo deixado pelo pecado, a regulação de nossa vida
de acordo com a generosidade do Espírito e a limpeza do interior do corpo
através do remorso –
o intelecto – de toda mancha da carne e do espírito, para que ele possa então ser
preenchido com o vinho do Logos que alegra o coração do purificado, e possa ser trazido ao Rei
dos poderes celestiais para Ele o saborear.
Seu objetivo final é que deveríamos
ser forjados no fogo da luta ascética, lavando a ferrugem do pecado e
escaldando com aço e temperando na água do remorso, para que como espadas
possamos efetivamente cortar as paixões e os demônios.
Atingindo esse ponto por
meio de longa luta ascética, apagamos o fogo dentro de nós, amordaçamos as
paixões brutas, tornamo-nos fortes em Espírito em vez de fracos, e como outro Jó conquistamos
o tentador através de nossa resistência paciente.
O
estágio iluminativo refere-se àqueles que como resultado de suas lutas
atingiram o primeiro estágio de dissipação.
Ele é caracterizado pelo
conhecimento espiritual dos seres criados, pela contemplação de suas essências
interiores e comunhão no Espírito Santo.
Envolve a purificação do intelecto
pelo fogo divino, a abertura noética dos olhos do coração e o nascimento do
Logos acompanhado pelas sublimes intelecções do conhecimento espiritual.
Seu
objetivo final é a elucidação da natureza das coisas criadas pelo Logos da
Sabedoria, a compreensão dos assuntos humanos e divinos e a revelação dos
mistérios do reino dos Céus.
Aquele que atingiu esse ponto através da atividade interior do intelecto, como
outro Elias, conduz a carruagem de fogo
através da quaternidade das virtudes e enquanto ainda vivo é elevado ao reino
noético e atravessa os céus, uma vez que ele se elevou acima da solidão do
corpo.
O
estágio místico e perfeito refere-se àqueles que já passaram por todas as
coisas e chegaram 'à medida da estatura da plenitude de Cristo'.
Ele é
caracterizado pela transcendência da esfera dos poderes demoníacos e de todas
as coisas entre a terra e a lua, através do alcance das mais altas posições
celestiais, aproximando-se da luz primordial e compreendendo as profundezas de
Deus através do Espirito.
Ele envolve imergir nosso intelecto contemplativo nos
princípios interiores da providência, justiça e verdade, e também a
interpretação do simbolismo arcano, parábolas e passagens obscuras nas
Escrituras Sagradas.
Seu objetivo final é a nossa iniciação nos mistérios
ocultos de Deus e sermos preenchidos pela inefável sabedoria através da união
com o Espírito Santo, de modo que cada um se torne um sábio teólogo na grande
Igreja de Deus, iluminando os outros com o significado interior da teologia.
Aquele que atingiu esse ponto através da mais profunda humildade e compunção,
como outro Paulo, foi apanhado no terceiro céu da teologia e ouviu coisas
indescritíveis as quais aquele que ainda está dominado pelo mundo sensorial não
é permitido ouvir ; e
ele experimenta bênçãos indizíveis, que nenhum olho viu e nenhuma ouvido ouviu, pois ele é porta-voz de
Deus, e através das palavras ele comunica esses mistérios para as outras
pessoas; e nisso ele encontra abençoado repouso.
Pois ele está agora
aperfeiçoado no Deus perfeito, unido na companhia dos outros teólogos com os
poderes angélicos supremos dos Querubins e Serafins, nos quais reside o
princípio da sabedoria e do conhecimento espiritual.
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