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quarta-feira, 20 de março de 2013

O Combate Espiritual - Parte 4







Como sabemos que estamos a progredir nas Virtudes?

Quando a meio de aridez, desconsolo, angustias e desespero espirituais, nós continuamos a exercitar- nos nas praticas e não desistimos.

Quando os nossos sentidos se opoēm às nossas  praticas. 

Um indicador de progresso é a resistência que opoēm os nossos sentidos ao nosso combate diário, à medida que progredimos vai diminuindo essa resistência.

Mas nunca julgues que já ganhaste a batalha e que já podes descansar, pois isso pode ser dar origem à soberba e regredires de novo.

Como bom guerreiro, continua a combater como se fosse a primeira vez e nada tivesses ganho, sê sempre modesto, humilde.

Por muito que penses ter ganho, nada é comparado com o grau de vitoria que tu próprio sabes ser possível conquistar, tu que reconheces a perfeição do Reino de Deus.

O que importa é continuar o combate e não medir o que se possa ter alcançado, na altura própria Ele nos dará a conhecer os resultados, não precisamos estar  a preocuparmo-nos com isso, a nossa tarefa é combater, combater e continuar a combater .....os resultados virão por si.

O combate contra os excessos

Quando o nosso inimigo interior vê se estamos a avançar nas virtudes, diz- nos por palavras e até bons pensamentos  que 'podíamos ir mais depressa' , se fizéssemos mais intensamente certas praticas, com base em textos espirituais ou mesmo dando exemplos de outras pessoas que os fizeram.

Sejam praticas físicas intensas, jejuns excessivos, regras alimentares rigorosas ou meditações e rituais espirituais em excesso.

Levados pela presunção de espirito e ímpeto ingénuo e exagerado, a pessoa esquece seus próprios limites e excede- os, cansa- se, aborrece-se e depressa desiste e se torna motivo de riso do inimigo que assim conseguiu seu objectivo, fazer regredir a pessoa do combate a que se tinha dedicado.

Estes truques são truques do inimigo 'vestido' de amigo....que só quer que deixemos de combater.
Por isso neste combate usar sempre de moderação conhecendo os nossos limites, nem demais nem de menos, a regra do bom combate assim o exige.

Mais vale ir combatendo mais lentamente na proporção das nossas capacidades que querer ir depressa demais e afinal desistir mais à frente.
Cada pessoa é um caso, não há regras universais para todos, a cada um de se conhecer e combater segundo suas capacidades com firmeza e sem preguiça.

O combate contra o julgamento dos outros

Julgar os outros deriva da nossa soberba, de pensarmos ser superiores a alguém e nessa exaltação do nosso ego,  projectarmos nos outros as nossas próprias imperfeições pois na maioria das vezes quando apontamos defeitos a alguém é quase sempre porque temos em nós esses mesmos defeitos mas não os queremos aceitar e daí os projectarmos nos outros.
Quem pensa mal de alguém  tem em si a raiz desse mal, pois o que é semelhante se atrai.

Dedica-te a eliminar os teus defeitos e não terás tempo sequer para pensar nos defeitos alheios.

Quando o inimigo interior descobre esta nossa fraqueza, apressa-se logo  a mostrar-nos os defeitos pequenos do outro quando não existem grandes.
Afasta de imediato essa insinuação do inimigo e regressa ao teu combate contra os teus próprios defeitos.

Pensar bem de alguém vem sempre do nosso amigo interior, pensar mal do nosso inimigo.

O verdadeiro Combatente

É aquele que tendo a intenção de combater os seus vicios- inimigos interiores não faz  como aquele soldado que quando está  nas tendas antes da batalha se compromete a grandes façanhas, mas,tão logo, apareça o inimigo, larga as armas e foge.

Quem, à primeira dificuldade mete o rabo nas pernas e foge, não é digno de ser chamado de Combatente.

O dever de combater até à morte

Este combate dura a vida toda, necessita de perserverança na luta contra as nossas paixões, que nunca morrem totalmente e voltam sempre a crescer como as ervas daninhas. 
Os nossos inimigos odeiam- nos quando contra eles lutamos e deles não podemos esperar nem paz nem tréguas.

O combate final na hora da morte

Quem combate virilmente durante a vida está preparado para este ultimo combate pois quem em vida muito já meditou sobre a morte, quando ela chegar, a temerá  menos e a sua mente estará mais livre e disposta a essa ultima batalha.

Os conselhos que se seguem são remédios para essa ultima batalha, e convém fazê- los bem de uma única vez e não cometer erros que não poderão  ser corrigidos.

O inimigo na hora da morte usa de quatro estratégias para nos vencer.

1) A tentação contra a tua fé
   O inimigo diz que andaste a vida toda a sacrificar-te por algo que afinal não existe.
   Tu dizes : Eu sei bem para onde vou, vou para casa de meu Pai que por minha culpa deixei, tendo- me agarrado a este mundo de ilusão e mentira, o que tu dizes nada significa para mim, pois tu foste o inimigo que eu sempre combati em vida e a tua palavra nada vale para mim, por isso Sai da minha frente para sempre.

2) O desespero
      O inimigo aqui para nos derrotar,  lembra- nos as nossas faltas e culpas para termos medo e nos precipitarmos no desespero.
     Tu dizes: Eu sei os erros e faltas que cometi, contra eles procurei combater na medida das minhas forças, contra eles sempre pedi a ajuda do meu Senhor e sempre Lhe pedi perdão por eles e agora mais uma vez me entrego em Suas mãos e tenho confiança em Sua justiça. Eu nada temo pois a minha vontade é a Vontade Dele.

3) A vanglória e a presunção
       O inimigo diz que pelos sacrifícios que fizemos em vida, somos já seres espiritualmente evoluídos e superiores e que merecemos ser coroados como senhores que somos.
        Tu dizes: Eu nada sou, eu sou um mero soldado do exercito do Meu Comandante, a Ele e só Ele devo obediência, a minha coroa é a coroa Dele, a Ele devo a minha vida e a Ele a entrego e Nele confio para me guiar nesta hora.

4) As falsas visões e aparições
      O inimigo mostra- nos aqui várias imagens,  visões de luz, de anjos, de céus paradisíacos , como que a convidar- nos a nelas entrar, a desfrutar delas e esquecer tudo o resto.
       Mantém-te firme e diz: Tudo isso é nada para um soldado que apenas confia em Seu  Comandante supremo, desaparece, sai da minha vista para sempre ó inimigo da minha alma, alma que doravante vai acompanhar o exercito do seu Senhor pela eternidade.

Nota: Mesmo se as visões te parecem vir do céu, rejeita-as, e não temas por isso, pois mesmo se viessem do céu, a tua rejeição era a prova do teu abandono apenas ao Senhor e isso muito mais Lhe dará prazer pois vê que seu filho nada mais quer senão estar a Seu lado para sempre.

 
Em suma, na hora da morte há que manter a humildade extrema e a tranquilidade de quem regressa a casa do Pai e por isso nada teme, pois um Pai só dá o melhor a seus filhos mesmo que eles não saibam ainda o que é.

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