A guerra das vontades no homem
No homem lutam várias vontades, a superior ligada à
razão, a inferior ligada aos sentido e a
divina.
A vontade superior é 'solicitada' pelas outras duas para
a elas 'aderir' , e é esse o combate a travar, de abandonar a inferior e
confiar na divina.
Difícil combate, de muito sofrimento e dor, pois a
inferior não quer ser abandonada e luta desesperadamente contra a superior para
isso não acontecer e daí quem quer abandonar o mundo porque abriu os olhos e
percebeu que o seu destino é outro, esse sofre muitas penas e dificuldades que esse
mundo lhe coloca à frente como teste à sua determinação de 'mudar de vida' .
Algumas armadilhas da vontade inferior (do demónio do
mundo) a evitar.
Queres sair do mundo e procuras ser mais espiritual? Faz
assim:
Não roubes mas agarra-te excessivamente a teus bens.
Jejua, come saudável e biológico mas não te abstenhas e
abusa das tuas iguarias preferidas.
Escolhe os exercícios espirituais ( meditações, workshops
auto ajuda,etc) que mais se conformam aos teus gostos e evita os que se opoēm
às tuas inclinações naturais e aos teus apetites sensuais (contra os quais, na
verdade, ele deveria combater com todas as suas forças).
Deseja coisas licitas mas desnecessárias.
O combate só termina quando o inimigo, vencido e prostrado, estiver sujeito
à razão.
Para quem já consegue resistir às paixões, o inimigo
deixa de as excitar e as extingue para nos fazer cair na ilusão excessiva que
'conseguimos' e cairmos na vanglória e soberba pensando ser já grandes soldados
na batalha.
Nunca esquecer que o inimigo interior é matreiro, pois nós somos
matreiros....e resistimos à mudança....daí um combate que dura o tempo da nossa
vida.
Quem não combate contra os nossos inimigos (vícios e
paixões desordenadas) e foge de Deus entregando-se ao mundo e às suas delicias,
enfrentará combates ainda piores e sofrerá tantas contrariedades no seu coração
que será penetrado de angústias muitas, tal como quem anda desesperadamente à
procura de sentido para a sua vida e não encontra.
Ao acordares cada manhã, considera-te um soldado de
Deus, abre os olhos da alma e reconhece
em ti um campo de batalha onde deves prosseguir a tua luta diária contra os
teus demónios interiores, não lhes dês tréguas enquanto viveres, pois só assim
estarás em Paz contigo mesmo e darás à tua alma
a eterna Liberdade que desejas.
O Combate contra a negligência
A negligencia atrasa o nosso caminho espiritual, pois
adia sempre para amanhã o que deveria ter sido feito hoje como aquele que diz:
Primeiro vou resolver este assunto, para então poder dedicar-me com mais calma
à vida espiritual.
Ter bons propósitos para futuro e não agir agora, de nada
te serve, pois os bons resultados não derivam de bons propósitos mas sim de
bons actos agora.
3 causas para a negligência:
- Os teus propósitos fundam-se mais na confiança em ti
que em Deus, na tua soberba, que te impede de agires com a prontidão
necessária.
-- Quando percebes as dificuldades a vencer e a tua
vontade é fraca para avançares.
-- Quando os teus propósitos tendem mais para o teu
proprio interesse que para servir a Deus e combater os teus inimigos-defeitos.
Quando o propósito é egocêntrico tende a ser temporário e não persistente, logo
negligente.
Igualmente fazer algo depressa demais e mal feito, para
terminarmos rápidamente e poder descansar, não é diligência mas grande
negligencia.
Esse grande mal acontece por não darmos valor a uma obra bem
realizada, no seu tempo e ritmo e com o ânimo apropriado, que são o maior
desafio que a negligencia nos apresenta.
Se tiveres muitos vícios a combater, escolhe um para
começar e não queiras combater todos ao mesmo tempo, erro fatal .
Por serem muitos não desistas sendo negligente, inicia o
combate um a um, enquanto combates um, esquece que existem outros, lá irás
depois de venceres aquele que estás a combater, Deus estará a teu lado se fores
metódico neste combate e não negligente.
Se não agires assim, enfrentando com coragem o cansaço e
as dificuldades que, no inicio surgem, o vicio da negligencia te dominará,
fazendo com que sejas atormentado por essas mesmas dificuldades mesmo quando
elas não estão presentes, pela preocupação antecipada e o receio constante de
que alguém te peça alguma coisa.
Assim, mesmo estando em repouso, a angustia
não te abandonará.
Lembra-te sempre que aquele que dá a manhã não te promete
a tarde e ao dar-te a tarde não te assegura a noite.
Aproveita, pois, todos os
momentos do dia para estares alerta e atento aos teus inimigos interiores e os
combateres quando surjam, considera esses momentos como únicos e irrepetiveis
que são, e que de cada um deles terás de prestar contas rigorosas.
Considera perdido o dia em que não tenhas obtido alguma
vitoria contra as tuas más inclinações, vícios e contra tua própria vontade,
mesmo tendo feito muitas outras coisas mundanas.
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