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quarta-feira, 20 de março de 2013

O Combate Espiritual -Parte 1






O Combate Espiritual 

            Por Lorenzo Scupoli 


Lorenzo Scupoli ( Otranto, 1530 circa - Nápoles, 28 de novembro de 1610) foi um sacerdote italiano, religioso e escritor, pertencente à Ordem dos Clérigos Regulares Teatinos. 

Escreveu o O Combate Espiritual, um dos clássicos da espiritualidade católica  e que serviu de guia a Francisco de Sales. 

Em 1585 foi acusado injustamente de ter violado as regras de sua ordem religiosa. 
Ficou um ano preso e depois de solto foi-lhe vedado o exercício do sacerdócio e obrigado a exercer trabalhos braçais domésticos no convento onde residia. 

A tudo suportou com mansidão e humildade como oferecimento a Deus. 
A sua absolvição veio em 1610, próximo da sua morte. 

A primeira edição do combate espiritual foi em 1589 e por ocasião da sua morte já havia sido traduzida em diversos idiomas e reimpressa várias vezes.

Este livro oferece conselhos a todos aqueles que não querem perecer no combate pela própria alma. 

Quem confia em Deus e substitui o egoísmo pela caridade vence; já quem apoia-se nas próprias forças acaba por sucumbir. 

O leitor tem em mãos um tratado de estratégia cristã para a guerra que todos travamos dentro de nós mesmos contra os vícios e as tentações com as armas da oração e da expiação.


Combate Espiritual

Para atingir a Perfeição é preciso combater contra ti mesmo, para que possas anular teu ego ligado ao mundo.

É uma guerra permanente em vida e a mais difícil de todas ( já que nós mesmos é que somos combatidos) mas também a vitoria é a mais agradável a Deus e a mais gloriosa ao vencedor.

Para atingir esse objectivo :

Há que permanentemente desconfiares de ti. O que é isto?

Nós somos naturalmente inclinados a nos convencermos que somos importantes, que somos algo de relevante com os nossos egos no mundo.

Na realidade se pensarmos bem, nada somos neste mundo, a maioria nasce e morre sem sequer se aperceber porque cá andou.

Quem reconhece que nada é, desconfia e põe em causa os seus juízos, tem consciência das suas faltas e dos inimigos que o rodeiam ( que até se transformam em anjos de luz para  o iludir a pensar estar no caminho certo).

Aproveita as quedas e os momentos de secura e tristeza para aprofundar a sua consciência da sua fraqueza e se conhecer melhor.

Sobretudo coloca-se nas mãos de Deus pois sabe que sem Ele, o homem nada é.

Como se sabe se estamos no caminho da desconfiança certo?

Quem cai e se inquieta, se perturba muito, se entristece excessivamente é mau sinal pois põs sua confiança mais em si que Nele.
Quem confia Nele mais que em si, cai mas reconhece de imediato que essa queda é normal e resultado da sua fraqueza e da pouca segurança da sua ligação com Deus.

Quem cai e reconhece ainda que tem inclinações ao mal e ás imperfeições, não deixa de confiar em Deus e prosseguir a batalha.
Quem luta confiando em Deus nunca perde a batalha , pode perder alguns combates mas parte logo para outro e isso é que é o importante.

Sabe que nesses combates interiores, mesmo abalado (ferido), Deus nunca o abandona e tem muitos remédios para as feridas.


Combater a soberba do intelecto

Quem se deleita em pensamentos elevados, metafísico-filosóficos-extravagantes, ou em meditações que pensam ser profundíssimas nos modernos workshops de pseudo espiritualidade e auto-ajuda, pode se esquecer de purificar o principal, o seu coração e  cheios de presunção e vaidade, se acham detentores da verdade suprema e fazem do intelecto o seu ídolo.

Este é um grande perigo e um dos mais difíceis de combater, pois é mais perigosa a soberba do intelecto que da vontade.

Remédio?  Como pode ser curado aquele que acredita firmemente que a sua opinião é superior à dos outros?

Sujeita sempre o teu juízo a opiniões diversas, não te julgues detentor de nada e ama a simplicidade.

Combater a soberba da vontade

Já dizia a tradição, ' Que se faça a Tua e não a minha vontade' .

Quem segue esta máxima  (e não o quero, posso e mando do soberbo), e actua com a sua vontade numa situação concreta e  caso o resultado dessa sua actuação não seja o 'esperado'  pela sua vontade, ele não desespera e continua tranquilo e contente porque afinal essa era a vontade Dele e isso é o importante para quem Nele deposita a sua vontade sem soberba.

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