O Combate Espiritual
Por Lorenzo Scupoli
Lorenzo Scupoli ( Otranto, 1530 circa - Nápoles, 28 de
novembro de 1610) foi um sacerdote italiano, religioso e escritor, pertencente
à Ordem dos Clérigos Regulares Teatinos.
Escreveu o O Combate Espiritual, um dos clássicos da
espiritualidade católica e que serviu de guia a Francisco
de Sales.
Em 1585 foi acusado injustamente de ter violado as regras de
sua ordem religiosa.
Ficou um ano preso e depois de solto foi-lhe vedado o
exercício do sacerdócio e obrigado a exercer trabalhos braçais domésticos no
convento onde residia.
A tudo suportou com mansidão e humildade como
oferecimento a Deus.
A sua absolvição veio em 1610, próximo da sua morte.
A primeira
edição do combate espiritual foi em 1589 e por ocasião da sua morte já havia
sido traduzida em diversos idiomas e reimpressa várias vezes.
Este livro oferece conselhos a todos aqueles que não querem
perecer no combate pela própria alma.
Quem confia em Deus e substitui o egoísmo
pela caridade vence; já quem apoia-se nas próprias forças acaba por sucumbir.
O leitor tem em mãos um tratado de estratégia cristã para a
guerra que todos travamos dentro de nós mesmos contra os vícios e as tentações
com as armas da oração e da expiação.
Combate Espiritual
Para atingir a Perfeição é preciso combater contra ti
mesmo, para que possas anular teu ego ligado ao mundo.
É uma guerra permanente em vida e a mais difícil de todas
( já que nós mesmos é que somos combatidos) mas também a vitoria é a mais
agradável a Deus e a mais gloriosa ao vencedor.
Para atingir esse objectivo :
Há que permanentemente desconfiares de ti. O que é isto?
Nós somos naturalmente inclinados a nos convencermos que
somos importantes, que somos algo de relevante com os nossos egos no mundo.
Na realidade se pensarmos bem, nada somos neste mundo, a
maioria nasce e morre sem sequer se aperceber porque cá andou.
Quem reconhece que nada é, desconfia e põe em causa os
seus juízos, tem consciência das suas faltas e dos inimigos que o rodeiam (
que até se transformam em anjos de luz para
o iludir a pensar estar no caminho certo).
Aproveita as quedas e os momentos de secura e tristeza
para aprofundar a sua consciência da sua fraqueza e se conhecer melhor.
Sobretudo coloca-se nas mãos de Deus pois sabe que sem
Ele, o homem nada é.
Como se sabe se estamos no caminho da desconfiança certo?
Quem cai e se inquieta, se perturba muito, se entristece
excessivamente é mau sinal pois põs sua confiança mais em si que Nele.
Quem confia Nele mais que em si, cai mas reconhece de
imediato que essa queda é normal e resultado da sua fraqueza e da pouca
segurança da sua ligação com Deus.
Quem cai e reconhece ainda que tem inclinações ao mal e
ás imperfeições, não deixa de confiar em Deus e prosseguir a batalha.
Quem luta confiando em Deus nunca perde a batalha , pode
perder alguns combates mas parte logo para outro e isso é que é o importante.
Sabe que nesses combates interiores, mesmo abalado (ferido), Deus nunca o abandona e tem muitos remédios para as feridas.
Combater a soberba do intelecto
Quem se deleita em pensamentos elevados,
metafísico-filosóficos-extravagantes, ou em meditações que pensam ser
profundíssimas nos modernos workshops de pseudo espiritualidade e auto-ajuda,
pode se esquecer de purificar o principal, o seu coração e cheios de presunção e vaidade, se acham
detentores da verdade suprema e fazem do intelecto o seu ídolo.
Este é um grande perigo e um dos mais difíceis de
combater, pois é mais perigosa a soberba do intelecto que da vontade.
Remédio? Como pode ser curado aquele que acredita
firmemente que a sua opinião é superior à dos outros?
Sujeita sempre o teu juízo a opiniões diversas, não te
julgues detentor de nada e ama a simplicidade.
Combater a soberba da vontade
Já dizia a tradição, ' Que se faça a Tua e não a minha
vontade' .
Quem segue esta máxima
(e não o quero, posso e mando do soberbo), e actua com a sua vontade
numa situação concreta e caso o
resultado dessa sua actuação não seja o 'esperado' pela sua vontade, ele não desespera e
continua tranquilo e contente porque afinal essa era a vontade Dele e isso é o
importante para quem Nele deposita a sua vontade sem soberba.
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