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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Bardo Thodol - Livro Tibetano dos Mortos 5





O Bardo Thodol - Livro Tibetano dos Mortos

Parte 5


A 2ª Parte do Chikhai Bardo 


 A Clara Luz secundária 


Ao morto que não se fixou na Clara Luz Primária (e ainda não alcançou a Libertação) surge a Clara Luz secundária num espaço de tempo que ‘é um pouco maior que uma refeição’ após ter cessado a expiração mas depende muito da pessoa e sobretudo se fez ou não prática-exercicios em vida sobre esta confrontação. 

O principio da consciência agora terá saido do morto (sem ter havido a tal continuidade para a Libertação) e o morto agora vê os seus familiares á volta do seu corpo fisico, ouve seus lamentos mas já não pode comunicar com eles. 
Ainda não lhe surgiram as ilusões kármicas nem as horriveis visões dos Senhores da Morte.


Tem um corpo de natureza ilusória brilhante (corpo astral, contraparte éterea do corpo fisico).

Inicia-se aqui um processo de ‘descida’ do principio da consciência, é como uma bola que atinge o máximo de altura de seu impulso depois de bater pela 1º vez no solo, a cada nova batida no solo a sua altura é menor até se imobilizar, assim para o morto o seu primeiro ‘pulo’ espiritual é o mais alto imediatamente após abandonar o corpo fisico e o próximo será mais baixo e assim sucessivamente até se esgotar a força kármica pós-morte e ocorrer um eventual renascimento. 


Nesta fase é crucial para o morto se lembrar do que aprendeu e exercitou em vida sobre este momento de confrontação e se concentrar-meditar na sua entidade tutelar (seja Anjo da Guarda, Buda da Compaixão, etc, etc..). 

Quem em vida foi ensinado sobre esta confrontação ( via mestre-guru, escola inciática , escola religiosa) mas não a praticou, não está ‘familiarizado’ com ela e não será capaz de por si só, reconhecer claramente esta fase do Bardo.

É como alguém que foi ensinado a nadar mas nunca praticou, quando é lançado à agua fica confuso-desorientado e sente-se incapaz de nadar.


Assim acontece ao morto que num ‘meio’ a que não está ‘habituado’ perde o controle da situação e começa a ‘esbracejar’, e não consegue evoluir e beneficiar desta oportunidade oferecida pela morte.


Para ajudar o morto a concentrar-se existiam em algumas civilizações os ‘auxiliares’ da passagem que recitavam ao ouvido do morto as ‘instruções‘ para ele se ‘orientar’ neste novo ‘meio’ e assim conseguir manter a continuidade da sua consciência e se fixar á Clara Luz secundária , agarrando esta oportunidade que lhe é oferecida.


Para quem consegue se fixar nesta fase (ou as instruções forem aplicadas com êxito), o karma deixa de controlar o morto e este une a Realidade Mãe com a Realidade filha.

Tal como os raios de sol dissipam a escuridão, a Clara Luz, no Caminho, dissipa o poder do karma.

Nota : 
A Realidade ou Verdade filha alcança-se em vida por práticas espirituais continuadas (meditação –exercicios iniciáticos), a Realidade ou Verdade Mãe só após a morte fisica pode ser ‘vivenciada’ quando o Conhecedor estiver em controle da situação ao se ter fixado na Clara Luz secundária (ou antes na Primária). 
Estas duas Realidades estão uma para a outra como um objecto fotografado está para a fotografia.

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