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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Bardo Thodol - Livro Tibetano dos Mortos 9


 Bardo Thodol - Livro Tibetano dos Mortos

Parte 9



O Juizo 

Nesta 3º fase do Bardo surge também um Juizo, semelhante ao Juizo final cristão e ao Juizo da balança dos mortos do Egipto. 



O Juiz é a consciência imparcial e recta do defunto.

Os carrascos executores da sentença são os Senhores da Morte (as próprias alucinações do defunto).

A mensagem aqui é :
‘’ Estás aqui devido ao teu próprio karma. 

Caso não consigas ou não saibas como orar, te concentrar na(s) tua(s) Divindade(s) tutelares, então verás surgir diante de ti o Bom Génio que contigo habitou em vida e que contará as tuas boas acçoes com seixos brancos e o teu Mau Génio que também contigo sempre habitou em vida e que contará com seixos pretos as tuas más acções.

De nada serve mentir ou iludir as questões e a Realidade dos factos.

O Senhor da Morte executará sem piedade a decisão (que é a decisão da tua própria consciência) e o castigo pode ser cortar-te a cabeça, extrair teu coração, arrancar teus intestinos, devorar teu cérebro, beber teu sangue, cortar teu corpo em pedaços e terás intensa dor e tortura.

Que isso não te espante ou atemorize, mas não mintas e não temas o Senhor da Morte, sabe que todas as torturas que ele te fizer não te podem afectar pois teu corpo actual astral não morre e não sofre danos mesmo decapitado ou esquartejado. 

Evita pois o temor e o medo.

Compreende agora, e isto é importante, que excepto as tuas próprias alucinações, na realidade não existe exteriormente mais nada, nem Senhores da Morte, nem deuses, nem demónios.

Reconhece que estás no Bardo, tenta meditar numa tua Divindade tutelar que tiveste em vida, se não a tiveste, ao menos analisa com atenção o que se passa agora à tua volta e que te está espantando, como um observador curioso mas imparcial e verás que afinal isso nada mais é que um vazio sem consistência real, vazio esse que á verdadeira natureza da realidade.

Estás agora na linha que separa os Budas dos seres sensíveis, se te distraires agora, não sairás tão cedo do Atoleiro do Sofrimento’’. 




Aqui o defunto está num momento critico onde ‘num instante uma grande diferença é criada (entre ser Buda iluminado ou ser sensivel não-iluminado) ou uma Iluminação alcançada.’ 

Mesmo a um rude analfabeto (espiritual) é dito para considerar as terriveis torturas como simbolos divinos (como parte do seu karma e portanto como provas divinas) e lembrar-se de algum nome sagrado que ouviu em vida a que se possa ‘agarrar’ agora. 

O defunto não se deve apegar nem às alegrias nem às dores e tristezas, tipo molas para cima e para baixo do karma, deve considerar tudo isso como algo irreal que ele observa o mais impávido e sereno possivel sem medo nem temores.

Este é o segredo.

Como o defunto deve reagir ao que ficou para trás, bens, amigos, parentes? 



Com desapego, com confiança e Fé no seu caminho, sem se prender seja a bens materiais que deixou ou a familiares ou amigos.

Manter apenas um sentimento sereno e humilde de carinho/amor por eles seja lá o que eles estiverem agora pensando ou fazendo em nome do defunto.

Isto é fundamental para se libertar e não entrar pelas portas erradas do ódio, inveja, avareza.

Neste momento tudo o que o defunto pensa, actua com grande poder, seja para o levar para ‘cima’ ou para ‘baixo’, logo deve ter apenas afeições puras e fé humilde, é preciso não se esquecer deste cuidado muito importante pois ainda há esperança.



As luzes dos 6 Lokas 
Quem ainda não conseguiu se libertar verá agora mais claro qual o seu futuro destino.
Verá surgirem 6 cores que simbolizam 6 locais de possiveis renascimentos.

A luz a que o defunto se prender será o seu destino (seu plano/nível de proximo renascimento evolutivo).

Luz branca = Mundo dos Deva ( tipo Paraiso cristão) .

Luz verde = Mundo dos Asura , mundo das guerras e batalhas.

Luz amarela = Mundo humano

Luz azul = Mundo dos brutos ( simbolo da humanidade embrutecida)

Luz vermelha = Mundo dos preta ( espiritos negativos, falsos)

Luz negra fumaça = Mundo infernal

Aqui a mensagem é :
‘’ Seja qual for a luz que te surja não te ligues a nenhuma, conserva-te sereno e medita simplesmente nela como sendo o Bem, esta é a grande arte que tens de usar agora.
Se fores capaz medita alternadamente na tua divindade tutelar e no Bem para permitir ao teu intelecto se manter vazio e capaz de se manter despegado das luzes’’.

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