A VIDA HUMANA, O
DESAPEGO E A MORTE
Muito se fala nas tradições espirituais da
necessidade do desapego.
Desapego de quê ?
Da nossa ligação ‘obcecada‘ e tradicional
pelas coisas e pelo mundo ‘normal’.
Também muito se fala da dificuldade desse desapego, pois o
nosso eu, a nossa mente racional são teimosos, egocêntricos e não se
deixam controlar fácilmente.
Porquê ?
Porque básicamente temos medo ...medo de morrer.
Morrer ?
Sim, pois quando mudamos de atitude, quando ‘pomos um pé ‘
na ‘porta do vazio’, o eu entra em pânico pois está a perder as suas ‘ancoras’,
a sua estabilidade, a sua noção do permanente e arrisca-se a morrer, sim,
morrer para a velha atitude ‘segura’ e nascer para a nova atitude ‘vazia’, vazia porque é desconhecida, não é vazia porque não tem nada lá dentro
.... pelo contrário tem Tudo, tem a verdadeira Realidade absoluta, é uma mera
questão de atitude, mas que é tremendamente dificil de mudar, pois o medo da
morte é o medo do vazio, do desconhecido pois se ficamos sem ‘âncoras’ onde nos
agarramos?
Aí o nosso ego e a nossa mente rigida lutam e lutam sem cessar, pois vêem que estão a perder o ‘seu servo’ que busca ser livre,
ser livre não do eu em sim mas da imobilidade rigida do eu que não quer ‘mudar
de vida, de atitude’ e servir outro Senhor, pois como diz a tradição :
Seja
feita a Tua Vontade e não a minha.
Para isso existem técnicas variadas para ir controlando a
mente e o ego onde a experiência e o conhecimento do que é verdadeiramente a
morte fisica e o encarar frontalmente os seus medos está sempre presente, pois sem
compreendermos, integrarmos e aceitarmos a morte não nos é possivel avançar no
desapego tão essencial no caminho espiritual.
Um dos métodos é pensar todos os dias que a morte fisica é
certa, nada é permanente, a morte até
pode ser amanhã, por isso que tal
aproveitar desde já a oportunidade de vida que temos para nos tornarmos
melhores seres?
Sem mais desculpas nem
atrasos mas sim mãos à Obra.
O apego é como sermos drogados, quem é viciado em
droga, fica ‘agarrado’ a ela e torna-se dificil ‘desgrudar’ dela, assim somos nós com o
apego.
Desapegarmo-nos sem a devida preparação é como se nos
tirassem a pele e ficassemos nus, expostos aos olhos dos outros, é uma espécie
de mergulho no escuro, no desconhecido, ou seja, uma espécie de morte e aí
temos Medo e.... não mudamos, não queremos mudar do apego actual para o
desapego desconhecido.
A vida humana é uma jóia preciosa
Segundo a doutrina budista tibetana, deviamos ter sempre
presente os factos abaixo referidos.
Quando um homem e uma mulher se unem sexualmente, biliões
ou triliões de entidades espirituais desmaterializadas se juntam à volta do
casal na ânisa deseperada de um renascer humano.
As hipóteses no Universo de se nascer humano
é uma percentagem infima, tipo uma
chance em triliões, por isso todas as entidades energéticas do Cosmo ‘sonham’
sobre isso.
Apenas uma entidade entre os tais triliões o consegue, o felizardo ganhou o Euromilhões....
Ora quem ganha o Euromilhões vai esquecer a sorte que teve
e desperdiçá-la?
Deve antes de mais de reconhecer a sorte que teve, depois
deve agradecer todos os dias essa oportunidade e a seguir deve usar o dinheiro
ganho com parcimónia e sabedoria.
Isto se aplica a cada um de nós quando nos questionamos sobre
a nossa vida na Terra e porque aqui nascemos.
Primeiro reconhecer que tivemos a sorte de nascer humanos, que
fomos nós a decidir isso, não alguém por nós, por isso vamos queixar-nos de
termos problemas na vida a quem ??? aos nossos pais que foram por nós
escolhidos ? quando os únicos
responsáveis fomos nós...., depois do reconhecimento desta verdade tão
óbvia, vem o agradecimento, a gratidão,
a humildade diária perante esse facto, depois vem o conhecimento e a sabedoria
de usar a vida que nós escolhemos com uma finalidade, um propósito que nos dignifique e nos faça
felizes em permanência (e não o prazer curto e ilusório de prazeres materais
que passam devido à impermanência da
vida, apesar do nosso esforço em nos ‘apegarmos’
a eles) e ir criando o nosso próprio
Paraiso seja em vida seja após a morte fisica, Paraiso esse que não é mais que o
nosso re-encontro com o Divino em nós que nos faz melhores seres para connosco
e sobretudo para com os outros pela Compaixão divina que brota em nós durante o caminho espiritual, assim como desabrocha imaculada a flor do lótus no meio da lama de um pântano pestilento.
Como diria um Mestre tibetano :
Nós somos loucos se
não praticarmos o Dharma todos os dias.
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