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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Como devemos entender a morte fisica e o fim dos tempos ?



Como devemos entender a morte fisica e o fim dos tempos ?

Segundo Jacob Boehme

A Criação tinha uma ordem que foi quebrada.

A ordem era de que não deveria ser criada uma outra vontade senão a do Criador.

Essa quebra chama-se a Queda do homem, pois o homem com seu livre arbitrio criou a sua própria vontade.

Devia ter havido uma sucessão-emanação de factores que fossem uns causa dos outros com os da frente sem ligação aos de trás que lhes deram origem.

Ou seja, devia ter havido uma emanação progressiva mas sem inter-dependência.

Isso não aconteceu, aconteceu sim a queda de Adão, aconteceu sim que permaneceu uma inter-dependencia entre certos niveis emanados.

Adão devia ter criado, emanado sem se ter ligado a essa emanação.

Mas ligou-se quando quis por sua vontade manter para si memo essa mesma emanação.

Essa ligação é um laço com o material criado, a ganância do ter e do poder.

Essa ligação é a ‘contaminação’ da imagem eterna, do espirito eterno do homem pelo espirito deste mundo.


Quando se morre, esse laço (nos impios) que está preso ao material tem de se quebrar para cada essencia seguir o seu caminho em separado e isso é doloroso pois é um corte, uma vida quebrada.

Quem morre já com esse laço quebrado (os piedosos) em vida pela sua atitude de abandono e humildade perante a Vontade de Deus não sente nem a quebra nem a dor dessa ruptura, dessa separação.


O espirito eterno do homem ‘fixa’ na sua imagem ( que o acompanhará eternamente após a morte fisica) aquilo que em vida a sua vontade adere, seja o falso (o demónio) ou o verdadeiro (Deus).

Apenas em vida pode, pela sua vontade, retirar o falso e colocar o verdadeiro.

Se a vontade própria é substituida pela Vontade de Deus, a substancia criada por essa vontade própria também é renovada, cria-se então um corpo com substancialidade celeste e o que era mau se torna bom.

Se isso não acontece, a alma do morto impio vai banhar-se para sempre nessa substancia de orgulho, vaidade e cobiça a que se agarrou em vida, ademais ela não deseja outra.

Ainda que sinta desgosto e busque alivio, apenas desperta o fogo que essa substancia inflama, pois a doçura que alivia o fogo não existe em tal substancia para que se pudesse voltar da maldade para a Vontade de Deus.

Ainda que buscasse socorro não havia nenhum para encontrar.
É o tormento eterno que ela própria criou em vida.
A substancia louca que criou em vida é a que a acompanha depois da morte pois ela é o seu único tesouro.


As almas que ao morrer se arrependem com sinceridade e entram então aí na Vontade de Deus, ocorre com elas como alguém que escapa do combate, pois estão inteiramente nuas e têm pouco do corpo da substancialidade celeste que têm os piedosos que em vida se dedicaram com fé e humildade a Deus.

Elas são humildes, querem o repouso e esperam-no até ao Juizo final. Esperam pela glorificação e ter alegria com as outras almas. Embora tenham alegria, sabem que a sua substancia está uns ‘niveis‘ abaixo dos piedosos, sabem que sua morada é o Paraiso, o elemento puro e não a Majestade reservada aos piedosos, pois a cada um a sua zona consoante seus méritos e santidade.

Os piedosos que em vida realizaram pela cruz do abandono da sua vontade própria as maravilhas de Deus são revestidos de um corpo celeste que os segue em substancia depois da morte, substancia essa assente no amor a Deus que os envolve e lhes reserva a Majestade como morada eterna.

São aqueles que em vida e em qualquer lugar em que estivessem e em qualquer coisa que fizessem só diziam :
Seja feita a Tua Vontade! Dá-me o que é bom para mim!.

São aqueles que trabalharam para alimentar o corpo fisico e entregaram a sua vontade à Vontade de Deus, pois duas vontades não subsistem na eternidade a menos que sejam unas, uma humilde e outra poderosa, de contrário não haveria unidade mas combate eterno como nas almas impias.

São os filhos de Deus que se alegram na Majestade onde não se conhece demónio, nem cólera nem inferno, é a Perfeição eterna, o que a vontade quer, ela o tem.


Estamos todos no campo de Deus que nos deu a mente para nosso entendimento, para engendrarmos bons frutos e não frutos das trevas, mas também nos deu Liberdade e livre arbitrio para colhermos o que semearmos.

O que semearmos aqui é o que colheremos na eternidade e depois do tempo não haverá mais alterações.

No fim dos tempos o grande Ceifador virá e cortará as plantas boas para a mesa de Deus e as más para serem lançadas ao fogo.

No fim dos tempos as almas dos homens que só olharam para fora, para o demónio e não para dentro para Deus, farão então um derradeiro apelo ás virgens sábias: ‘’Dai-nos azeite do vosso azeite’’.

Mas as virgens sábias dirão : ‘’ Não, para que não suceda de morrermos convosco e nos falte. Ide aos mercadores vossos amigos e comprai azeite’’.

Mas antes que possam reflectir como e onde se vai comprar o azeite , as portas do céu e do inferno se fecham e o que se foi, é o que fica pela eternidade e a substancia do mundo desaparece.

No fim dos tempos tudo o que existiu em substância permanecerá como em imagens pintadas para alegria dos anjos e dos homens regenerados, como criaturas eternas que serão.

Os homens regenerados terão poder de tudo e no entanto haverá vegetamento, floração, crescimento mas sem conhecimento da cólera e do fogo ( que estão em outro ‘nivel’) apesar de terem passado através desse fogo da cólera de Deus mas sem o sentir.


O fogo é uma treva eterna, uma ‘roedura’ em si mesmo e por isso se chama de morte eterna dos homens que não quiseram olhar para Deus mas apenas para o demónio.

Todos serão eternos, onde quer que estejam, na Luz ou nas trevas.

Que aquele que tem fome, coma e aquele que tem sede, beba.

Assim possamos todos comer na nossa vida eterna à Sua mesa como seus filhos.

Em cada dia de vossas vidas dizei estas palavras com humildade para não terdes quebra na morte :

Seja feita a Tua Vontade! Dá-me o que é bom para mim!

Aleluia, Amen !

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