-- De onde vens e para onde vais ?
-- Venho de Deus na escuridão e para Deus vou na Luz.

domingo, 14 de março de 2010

O Caminho de Casa segundo o Mestre Sufi Farid Attar


A Parabola da Conferencia dos Passaros - Parte 6

O Quinto Vale ou O Vale da Unidade

A Poupa continuou:

— Atravessareis depois o Vale da Unidade, onde tudo é partido em pedaços e, em seguida, unificado. Aqui, todos os que erguem a cabeça, erguem-na da mesma gola. Embora vos pareça ver muitos seres, na realidade só existe um — todos fazem um, completo na unidade. Além disso, o que vedes como unidade não difere do que vos parece uma soma. E como o Ser a que me refiro está além da unidade e da soma, deixai de pensar na eternidade como em antes e depois; e desaparecidas essas duas eternidades, deixai de falar nelas. Quando tudo o que é visível estiver reduzido a nada, que sobrará para se contemplar?


O Sexto Vale ou O Vale do Espanto e da Perplexidade


Depois do Vale da Unidade vem o Vale do Espanto e da Perplexidade, onde o viajante é presa da tristeza e da melancolia. Ali os suspiros são espadas, e cada respiração é um amargo suspiro. Ali há tristeza e lamentação e uma ardente ansiedade. A noite e o dia surgem ao mesmo tempo. Ali há fogo e, sem embargo disso, o homem se sente deprimido e desalentado. Como, em sua perplexidade, continuará o caminho? Mas quem alcançou a unidade esquece tudo e esquece de si.

Se lhe perguntarem: "És ou não és? Tens ou não tens o sentimento da existência? Estás no centro ou na periferia? És mortal ou imortal?", ele responderá com certeza:

"Nada sei, nada entendo, não tenho consciência de mim mesmo. Estou apaixonado, mas ignoro por quem. Meu coração está cheio e vazio de amor ao mesmo tempo.

" O Sétimo Vale ou O Vale da Privação e da Morte

A Poupa continuou:

— O último de todos, o Vale da Privação e da Morte, é quase impossível descrever. A essência desse vale é o esquecimento, a mudez, a surdez e a confusão; as mil sombras que vos rodeiam desaparecem num único raio do sol celestial. Quando o oceano da imensidade começa a arfar, o modelo à superfície perde a forma; e esse modelo não é mais que o mundo presente e o mundo por vir. Quem declara que não existe acumula grandes méritos. A gota que se torna parte do imenso oceano mora lá para sempre e em paz. Nesse mar calmo, o homem, a princípio, só experimenta humilhação e destruição; mas, quando emergir desse estado, compreendê-lo-á como criação, e muitos segredos lhe serão revelados.

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