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sexta-feira, 21 de junho de 2019

As Sete Etapas de Jacob Boehme

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«Esse Pai, que Boehme chama também de “Mãe”, é uma mulher a parir.

A primeira “forma”, que simboliza a “adstringência”, representa uma formidável contração.

A segunda aparece-nos como o esforço da criança para se libertar do ventre materno e a terceira parece materializar as dores do parto.

O Pai figura aqui o desejo cego, símbolo primordial da natureza.

Esse desejo tenebroso
ficaria para sempre insatisfeito se a luz não surgisse e não o transformasse em doçura, em desejo de amor.

A peripécia do ciclo setenário está na transmutação do desejo.

Em si próprio, o desejo glutão da primeira natureza, o de Saturno que devora os seus filhos, é o tormento do inferno.

Sem o Filho, o Pai seria o inferno
.

Boehme não hesita em colocar o inferno nos quatro primeiros graus da natureza eterna (...).

No quinto grau, com o nascimento do Filho, simbolizado pelo “coração de Deus”, que é o local (a base) da verdadeira vida, a voracidade saturnina transforma-se em desejo de amor.

Esta quinta “forma”, que representa o jorrar da luz no fogo, corresponde a Vénus.

Como na obra alquímica, esta transmutação consiste numa morte e num renascimento.

Uma morte que não é uma morte, diz Boehme. É a morte do primeiro desejo, que cai quando jorra a luz no brilho que rasga a noite.

No ciclo do homem, será a morte da vontade própria. O homem deve morrer a si próprio. Mas é um morrer que não é uma morte, porque é o prelúdio de um novo nascimento. (...)

No sexto grau, Boehme celebra a vinda do Espírito.

A Divindade tenebrosa do Pai, que tinha sucedido a uma claridade sem substância, “sem brilho”, torna-se numa Divindade radiante no Filho, e Deus conhece-se no Espírito Santo.

O sétimo grau é o do Espírito Santo revestido pela Sabedoria, corpo de Deus.

É nesse corpo radioso que estão encerradas as maravilhas da criação.

O Espírito Santo faz com que elas aí resplandeçam uma a uma pela sua operação, a que Boehme chama a abertura dos selos.»

Pierre Deghaye, “Psychologia Sacra”, in Jacob Bohme, Cahiers de l’Hermétisme, p. 211-212.

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