O APELO AO DIVINO
(PRECE)
Prece de O Apelo ao Divino de Fernando Pessoa, escrita provavelmente em 1912, ano da ligação do poeta ao movimento da Renascença Portuguesa e que se inscreve no período dos poemas místicos de Além-Deus.
Senhor, que és o céu e a terra,
que és a vida e a morte!
O Sol és Tu e a Lua és Tu e o vento és
Tu!
Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és
Tu também.
Onde nada está Tu habitas e onde Tudo está – (o teu
templo) – eis o Teu corpo.
Dá-me alma para Te servir e
alma para Te amar.
Dá-me vista para Te ver sempre no céu e na
terra, ouvidos para Te ouvir no vento e no mar, e mãos para
trabalhar em Teu nome.
Torna-me puro como a água e alto
como o céu.
Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos
nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos.
Faze com que
eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um Pai.
Minha vida seja digna da Tua
presença.
Meu corpo seja digno da terra, Tua cama.
Minha alma
possa aparecer diante de Ti como um filho que volta ao lar.
Torna-me grande como o sol, para
que eu Te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para
que eu Te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para
que eu Te possa ver sempre em mim e rezar-Te e adorar-Te.
Senhor, protege-me e ampara-me.
Dá-me que eu me sinta Teu.
Senhor, livra-me de mim.
amem, espirito santo de DEUS tenha misericórdia do mundo dai-nos a paz AMEM.
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