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sexta-feira, 4 de março de 2016

Os pecados mortais - A Luxuria



A Luxúria

Sua Natureza

A luxuria é a busca do prazer desordenado, seja de natureza carnal e sexual seja de natureza frivola e festivaleira. 
É um excesso do prazer legitimo que nos foi concedido para vivermos. 

Assim como quis Deus que andasse anexo um prazer sensível e ordenado ao alimento, para ajudar o homem a conservar a vida, assim ligou um prazer especial e ordenado aos atos pelos quais se propaga e vive a espécie humana.


Todo o prazer desordenado seja em atos externos seja em atos internos consentidos, como  imaginações, pensamentos ou desejos não permite um crescimento espiritual do homem mas sim a sua degradação e seu afastamento do seu Criador.

Quem quiser, pois, evitar esses atos, tem de combater pensamentos e imaginações perigosas.


Este pecado também pode ser cometido por palavras e grossarias trocadas entre pessoas que  hoje em dia, na sua maioria, felizmente , são consideradas ‘boçais’ e falam como meras bestas animais. 
Abrir conversa deste tipo está agora banido para a parte mais baixa e mais rude da população, e o homem que se respeita não a introduz na sociedade.

As diversões noturnas e os ajuntamentos desportivos são palco para surgir este palavreado desordenado sobre os prazeres. 
É uma hora de exercer vigilância. 
Um homem que, em tais circunstâncias, se mantém distante será sempre de elogiar pois se dá ao respeito daqueles que resvalam para a desordem emocional e verbal.

As leituras também podem ser foco deste pecado, pois este é um caso em que a máxima é válida, que o que é comida de um homem pode ser o veneno de outro. 
A mente pura e madura pode folhear quaisquer livros com vantagem, o que seria para outra mente menos segura um fogo de imaginações sem controle. 

Os nossos apetites nos são dados por serem usados, mas também para serem contidos. 

Cada um deles tem que ser mantido em seu lugar. 

Se o homem se entrega sem restrições, aos seus impulsos naturais, ele seria uma besta. 

É por dominar seus impulsos, e pelo exercício de auto-controle, que ele se torna um homem filho de Deus.



A Fé de cada um em Deus nos leva a abandonar tudo inconsistente com a Sua presença. 

'O quê? Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, que você recebeu de Deus, e que não vos pertence ?
Porque por Ele fostes criados ; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais a Ele pertencem'.

Dante diz que quem sofre de 'luxuria ", são pessoas que trocaram a sua razão por apetites, o pecado da luxúria é perder a razão em favor dos apetites da carne, que agradam aos sentidos. 

No Inferno de Dante, as almas que cometeram o pecado da luxúria são sopradas por ventos em turbilhão como simbolo de sua própria falta de auto-controle das suas paixões sensuais na vida terrena.



Dante escreve no 5º canto do Inferno:

Eu entendi que em tal tormento,
Os malfeitores carnais foram condenados,
pois subjugaram a razão aos apetites.


Dante sublinha que amor e desejo pode refletir-se um ao outro, mas não estão necessariamente em equilíbrio o tempo todo. 
Nós podemos desejar algo e procurar possui-lo na terra da obsessão potencial ou podemos simplesmente amar e habitar nas ilhas de possibilidade e liberdade.

Assim o "pecado" de luxúria é sobre um excesso de auto desejo onde buscamos possuir o que não é o nosso, onde buscamos forçar ou ter o prazer de acordo com o nosso desejo tendo o auto-prazer como o único foco. 
Se isso ocorrer, não temos amor e se não temos amor não temos nada, apenas a tristeza vazio do desespero ...

A Luxúria, no plano da espiritualidade, leva ao grande erro de pensarmos que a espiritualidade tem que dar prazer, ou ser prazerosa. Se uma oração não me dá prazer, então procuro outra. Se uma prática não me dá prazer, então procuro outra.


Gravidade destas faltas.

A)  Toda a vez que se quer ou procura diretamente o prazer desordenado é colocar em risco o equilibrio emocional da raça humana para poder cumprir a sua missão ao nascer que é crescer no Espirito de Deus e caminhar para a Sua Casa.

B)    Há casos, porém, em que esse prazer, sem ser diretamente procurado, se produz em conseqüência de certas ações, aliás, boas, ou ao menos indiferentes. Se não se consente nesse prazer, e, por outro lado, há razão suficiente para praticar a ação que o ocasiona, não há culpa, e, por conseguinte, não há que recear. 

C) Sob o aspecto da perfeição, não há, depois do orgulho, obstáculo maior ao progresso espiritual que o prazer desordenado,  que não tarda em produzir hábitos tirânicos, que paralisam todo o ardor para a perfeição e inclinam a vontade para as alegrias grosseiras. Gosto da oração, desejo de qualquer virtude austera, aspirações nobres e generosas, tudo isso desaparece.

a)  A alma é invadida pelo egoísmo: não resta mais que o desejo de gozar, a todo o preço dos prazeres sem controle: é uma verdade obsessão.

bRompe-se, então, o equilíbrio das faculdades: é o corpo, é a volúpia que manda; a vontade torna-se escrava desta ignominiosa paixão.

c)  Os tristes efeitos desta abdicação da vontade bem depressa se fazem sentir: a inteligência embota-se e enfraquece, porque a vida desceu da cabeça para os sentidos: desapareceu o gosto dos estudos sérios; a imaginação já não pode representar senão baixezas; o coração murcha pouco a pouco, seca, endurece, não tem outros encantos senão os prazeres grosseiros.

d) Muitas vezes até o próprio corpo é profundamente atingindo: o sistema nervoso, sobre excitado por estes abusos, irrita-se, enfraquece e torna-se impróprio para a sua missão de regulação e defesa; os diversos órgãos já não funcionam senão imperfeitamente; a nutrição faz-se mal, as forças enfraquecem, o controle é totalmente perdido, e o cérebro se torna um pandemônio de cenas licenciosas e imagens. Mesmo a vida dos sonhos é invadida pelo hábito da desordem.

e) Afecta a apreensão :"O amor é cego" , as deliberações: Sem autocontrole, não existe reflexão, o julgamento: Erro, ilusão, decisões inflexíveis, a resolução: Indecisão, tergiversações.


Origina cegueira, precipitação, inconsideração, inconstância e egoísmo pelas desordens da vontade: 

1)- Escolha do fim: "Quero o meu prazer, ainda que desordenado... há muitos a quem, longe de ser repulsivo, forma uma parte do prazer da existência, ao qual regressam sempre que seus pensamentos são liberados da ocupação com outros assuntos.

2)- Aversão a Deus – ‘’...mesmo que Deus mo proíba..."

3)- Amor da vida presente e horror da vida futura

4)- Escolha dos meios: "Nada me interessa mais do que as alegrias da vida presente!"
É evidente que uma alma assim desequilibrada, a animar um corpo débil, não só não pode pensar mais em perfeição, senão que de dia para dia se afasta dela para mais longe. Muito feliz será ela; se puder entrar em si a tempo de assegurar ao menos a salvação.


Remédios

Para resistir a paixão tão perigosa, requerem-se: convicções profundas, a fuga das ocasiões, a mortificação e a oração.

A) Convicções profundas, tanto sobre a necessidade de combater este vício como sobre a possibilidade de o vencer.

a) O que dissemos da gravidade do pecado da luxúria mostra bem como é necessário evitá-lo, para nos não expormos à nossa degradação espiritual. Não seria uma espécie de sacrilégio abominável procurar o prazer grosseiro que nos abate ao nível dos irracionais?

b) Há muitos que dizem que é impossível sermos contidos no prazer, mas, desde que nos apoiamos na graça divina e fazemos esforços enérgicos, saímos vitoriosos das mais violentas tentações.

B) A fuga das ocasiões. 

Quem está convencido da própria fraqueza, não se expõe inutilmente ao perigo. 
Quando estas ocasiões não são necessárias, é dever evitá-las com cuidado, sob pena de nelas sucumbir: quem se expõe ao perigo, nele perece , é evitá-lo e fugir dele, como de serpente perigosa. 
Se não se podem evitar essas ocasiões, então é fortificar a vontade com disposições interiores que tornem o perigo menos próximo.

C) Há, porém, ocasiões que se não podem evitar: são as que encontramos cada dia em nós e fora de nós e que não é possível vencer senão pela mortificação.



a) Com os olhos é necessário ter resguardo muito particular, porque os olhares imprudentes inflamam os desejos, e estes arrastam a vontade. É afastar energicamente o olhar do objeto que nos pode arrastar para o descontrole emocional. 
Esta modéstia dos olhos é tanto mais necessária hoje em dia, quanto é mais certo o perigo de encontrar quase por toda a parte pessoas e objetos capazes de excitar a desordem da alma.

b) Há que cuidar do sentido do tato para não excitar as paixões , da imaginação e da memória, para não as lembrar e imaginar, e quanto à vontade, há que fortalecê-la para enfrentar os desafios das tentações que se nos colocam diariamente.

d) O coração deve ser também mortificado pela luta contra as amizades sensíveis e perigosas. Não se brinca impunemente com o fogo.

e) Enfim, uma das mortificações mais úteis é a aplicação enérgica e constante ao dever de cidadãos. A ociosidade é má conselheira; o trabalho, pelo contrário, absorvendo a nossa atividade inteiramente, afasta-nos a imaginação, o espírito e o coração dos objetos perigosos; 

f) A mente depende, em larga medida, do corpo e um bom estado de saúde, mantido por exercício, ar fresco e água fria, é um inimigo eficaz de devaneios mórbidos.


D) A oração 

a) Façamos o que podemos e oremos para alcançar a graça de fazer o que por nós mesmos não podemos. 
Ao voltarmos a nossa alma para Deus isso desapega-nos pouco a pouco das alegrias temporárias dos sentidos e leva-nos para as alegrias eternas da ascenção da nossa alma.

b) O exame de consciencia diario é também um bom ajudante para fortificar a vontade contra as tentações dos sentidos.

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