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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Dom do Discernimento


O Dom do Discernimento

O Pai Poemen disse que o Pai Amonas disse:
Alguém pode passar a vida com um machado sem chegar a conseguir cortar a árvore, enquanto uma outra pessoa, conhecedora da arte de derrubar árvores, pode abater a árvore em poucos golpes.
O machado é o discernimento.

A arte do discernimento, da escolher, deve ser aprendida através do estudo e da prática, cometendo erros e ganhando experiência ... até que se torne espontânea, instintiva, inata, como dirigir um carro ou tocar um violino ou ser mestre na sua profissão.

Nossa profissão é sermos especialistas no Espírito; saber discernir é saber separar o trigo do joio, saber o que vem de Deus e o que vem do Diabo , o que devemos fazer e o que não devemos.

Quando aprendemos a arte do discernimento sabemos em cada momento em que temos de tomar uma decisão, qual a melhor maneira de a tomar, como que uma mão invisivel nos indica esse melhor caminho.

‘’As ovelhas seguem o Seu pastor, porque conhecem a Sua voz; a voz do pastor é o que indica o caminho às ovelhas''.


Uma alegoría sobre o discernimento dos homens é o som de uma flauta na floresta.

Vasta e densa, onde mil pássaros cantam e muitos animais rosnam , onde há trovões e tempestades e o farfalhar das folhas ao vento . Símbolo do mundo e da vida, com suas ansiedades e preocupações, distrações no meio do ruído da existência.

Muitos homens passam pela selva do dia a dia e dos ruídos da floresta.

Alguns vão tão rápido que não ouvem nada, outros tremem ao ouvir o rugido do tigre ou o silvo da serpente, outros seguem o som de vozes para chegar à aldeia mais próxima.

Outros se perdem. 


Outros morrem sem saber para onde estavam indo.

Outros dão voltas e voltas de uma voz para outra, de um caminho para outro.

Mas para aqueles que têm ouvidos para ouvir e querem ouvir, há um som, suave, mas especifico, diferente de todos os outros sons e que chega aos ouvidos e ao coração com uma mensagem e um apelo diferente, como uma flauta que indica um sentido e uma direção.

O som vem de algum lugar.

Cada dia de um lugar diferente, de uma direção inesperada. 


Para a alma estar sempre alerta e vigilante e pronta para ir.

Isso é discernimento: a capacidade de distinguir o som da flauta entre todos os outros sons.


Outro símbolo de discernimento é o cisne.

Na mitologia indiana, o cisne tem a capacidade de separar a água do leite com seu bico, de modo que se lhe derem leite misturado com água, ele bebia só o leite e deixava a água.

Portanto, em sânscrito, a arte do discernimento é chamada de ‘’ciência da água e do leite’’ e o cisne é o seu símbolo e modelo.

Quem tem apurado discernimento deve ter a capacidade de discernir a verdade quase por natureza, por ação espontânea, dividindo as águas turvas do mundo com a ponta afiada do entendimento 



Outro exemplo é o radar.

A vigilância constante circular a 360 graus sem poupar nenhum setor da bússola, feixe de luz imparcial a varrer os céus em intervalos medidos, reconhecendo instantaneamente a presença de qualquer objecto no horizonte de consciência, a identificação eaxacta, a reação imediata e a viragem precisa no momento certo, abrindo o caminho perfeito para a rota invisivel e segura.

Sem um bom radar não se voa nem navega.


Nos animais existe um tipo de discernimento, neles natural e instintivo ( ao contrario do homem que o tem de aprender) que lhes permite fazer longas migrações e discernir os tempos e marés, estrelas fixas e constelações, caminhos no céu e voar e voar todos os dias e aterrar no lugar exacto no tempo predestinado em cada ano.

Para nós é confiar no Espírito e deixar seus impulsos despertarem dentro de nós. 

Aí terá lugar em nossas vidas o milagre da migração para terras prometidas.


Como distinguir o Bem do Mal, a Voz Divina da voz do diabo?

A Voz do Bem é como uma gota de água que entra uma esponja; não faz ruido nem agitação.

A voz do diabo é quando a gota de água cai sobre uma pedra , há ruido e agitação. 



A esponja, ao contrario da pedra, nasceu na água, como a alma nasceu no Espírito, e, portanto, reconhece a sua presença, convida sua vinda, agradece sua carícia.

Mensagens de Deus trazem a verdadeira paz à alma, o silêncio e alegria, e assim a alma reconhece sua origem e segue as suas instruções.

Mensagens do diabo, por mais tentadoras que possam parecer à primeira vista, em breve causam inquietação, ruidos, ansiedade e medos.



Discernir é ver a cada momento tudo como se fosse a primeira vez, de fresco, livre de preconceitos, com uma aparência limpa e um julgamento desinteressado.

Nada estraga mais uma decisão a tomar como uma atitude preconcebida, um preconceito, uma abordagem de rotina. Quando a rotina preside a uma escolha, a decisão já estava tomada antes de colocar o problema e o discernimento morreu antes de nascer.

E, no entanto, isso é tão comum que nós nem sequer percebemos isso.

Demasiadas vezes deixamos que costumes, tradições e rotina tomem decisões em nosso nome.
Há um precedente, um caso semelhante, sempre se fez assim ... e vamos continuar a fazê-lo, que é o mais confortável, sem percebermos que repetir uma decisão é viciá-la, na vida não há duas situações iguais e por conseguinte, não pode haver duas decisões idênticas.

Permitir ser governado pelo passado, simplifica as coisas mas destrói a criatividade, a iniciativa.



Discernir é eliminar obstáculos (apegos, afectos desordenados, condicionamentos) para restaurar o equilíbrio, aumentar a consciência e ver o que se tem de ver e escolher em liberdade e espontaneidade o que se tem de escolher, sobre o fundo existencial de nossas vidas.

A decisão errada ocorre, quando o medo, o preconceito ou a paixão fecham as janelas do sentir e a mensagem que devia chegar ao centro não chega, fecham-se os canais e os canos ficam entupidos, os dados que deviam chegar ao coração e ao cerebro não chegam e a decisão sai irremediavelmente errada. 

 
Quando o homem perde o contacto com a Realidade não consegue discernir e fazer escolhas Boas.

 
A Arte do Discernimento é viver o que vem do ‘alto’ embora estejamos cá em ‘baixo’. Olhar para cima para ‘absorver’ o fio condutor e usar essa ‘indicação’, essa mãozinha oculta para agirmos neste mundo.

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