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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

São Teófanes o Recluso - A Lembrança de Deus


Teófanes o Recluso (1815–1894) , também conhecido como como Teófanes o Eremita, foi um santo da Igreja Ortodoxa Russa, traduziu para russo as obras dos Padres do Deserto e da Filocalia.


A Lembrança de Deus

Todo trabalho espiritual será em vão sem esta atividade, sem a lembrança de Deus, esse é o começo do silêncio pelo amor de Deus, e é também o fim.
Em toda a parte e sempre, Deus está conosco, perto de nós e dentro de nós.
Mas nós não estamos sempre com Ele, sendo que não lembramos Dele; e porque não lembramos Dele permitimo-nos muitas coisas as quais não permitiríamos se lembrássemos.
Assuma para si esta tarefa – tornar um hábito tal recordação.

Faça uma regra para si mesmo - sempre estar com o Senhor, mantendo a sua mente no seu coração e não deixe seus pensamentos divagarem tão frequentemente quanto devaneiam; traga-os de volta novamente e mantenha-os em casa no armário do seu coração, deleitando-se na conversa com o Senhor.
 

Quanto mais firme você estiver estabelecido na lembrança de Deus – ao ficar mentalmente diante de Deus em seu coração – mais quietos seus pensamentos se tornarão e menos eles divagarão. 

A ordem interior e o sucesso na oração caminham juntos.
Dessa maneira nosso espírito é restaurado a seus direitos justos.

Quando estiver assim restabelecido, ele iniciará uma transformação ativa e vital da alma e do corpo e dos relacionamentos externos, até que eles finalmente sejam purificados. 

E você se tornará um homem real.

Quando você se estabiliza no homem interior através da lembrança de Deus, então Cristo, o Senhor, entrará e habitará dentro de você. As duas coisas vão juntas.

E aqui há um sinal para você perceber que este trabalho glorioso se iniciou dentro de você: você experimentará um sentimento de entusiasmo para com Deus.
Se você cumprir todo o prescrito, então esse sentimento logo vai começar a aparecer, cada vez com mais frequência e com o tempo se tonará contínuo.
Esse sentimento é doce e beatífico e com seu primeiro aparecimento ele nos estimula a desejá-lo e a buscá-lo, a fim de que não deixe o coração: pois nele está o Paraíso.
 
Você deseja entrar nesse Paraíso o mais rápido possível?
Aqui, então, está o que você deve fazer.

União amorosa com Deus

O centro e o propósito final da alma, que Deus criou, tem que ser Deus Ele mesmo apenas e nada mais – Deus do qual a alma recebeu sua vida e sua natureza e por Quem ela deve viver eternamente.

Pois todas as coisas visíveis na terra que são amáveis e desejáveis – riquezas, glória, esposa, filhos, em suma, tudo deste mundo que é lindo, doce e atrativo – não pertencem à alma mas apenas ao corpo, e sendo temporárias, vão passar tão rápido quanto uma sombra. 

Mas a alma, sendo eterna por sua natureza, pode atingir descanso eterno apenas no Deus Eterno: Ele é seu bem mais elevado, mais perfeito do que toda a beleza, doçura e amabilidade, e Ele é seu lar natural, de onde ela veio e para onde ela deve retornar. 

Pois assim como a carne vinda da terra retorna para a terra, também a alma vinda de Deus retorna a Deus e reside com Ele. 

Pois a alma foi criada por Deus de modo a residir com Ele para sempre, portanto nesta vida temporária devemos diligentemente buscar a união com Deus, de modo a sermos considerados dignos de estarmos com Ele e Nele eternamente na vida futura.

A oração deveria ser curta, mas frequentemente repetida.

No caso da oração feita pela mente a partir do coração, uma oração curta, repetida frequentemente, é mais quente e mais útil do que uma longa.

A oração longa também é muito útil, mas apenas para aqueles que estão quase atingindo a perfeição, não para os iniciantes. 

Durante a oração comprida, a mente do inexperiente não pode manter-se por muito tempo diante de Deus e geralmente é derrotada por sua própria fraqueza e mutabilidade, e é atraída para coisas externas, de modo que o aquecimento do espírito rapidamente esfria. 

Tal oração já não é mais uma oração, mas apenas distúrbio da mente, por causa dos pensamentos vagando aqui e ali.
Por outro lado, a oração curta porém frequente tem mais estabilidade, porque a mente imersa em Deus por um curto período, pode realizar isso com maior calor.

Portanto o Senhor também diz: 'Quando orares, não uses vãs repetições' (Mat. Vi 7), pois não é pela sua prolixidade que você será ouvido.

E São João da Escada também ensina: 'Não tente usar muitas palavras para que sua mente não fique distraída pela busca das palavras. Uma multidão excessiva de palavras na oração dispersa a mente em sonhos, enquanto que uma palavra ou uma sentença curta ajuda a concentrar a mente'.

'Você não deveria fazer orações longas, pois é melhor orar pouco porém frequentemente.'

E São João Crisóstomo, observa: 'aquele que diz muito na oração, não ora, mas favorece a fala inútil'.

São Theophylatos também diz : 'Palavras supérfluas são conversa fiada'.

O Apóstolo disse bem: 'prefiro dizer cinco palavras com minha compreensão... do que dez mil palavras numa língua desconhecida' (ou seja, é melhor orar a Deus de maneira breve mas com atenção, do que pronunciar inúmeras palavras sem atenção, em vão, enchendo o ar de barulho) .

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