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sábado, 15 de novembro de 2014

Aventuras radicais-Drogas-Quase Morte, o que têm em comum?



O que existe para lá da morte? 
O que desportos radicais, experiências quase-morte e consumo de drogas têm em comum?


O homem desde que existe como criatura consciente pergunta: O que existe para além da morte? 

O que procuram aqueles que deliberadamente arriscam a vida em desportos e aventuras  radicais, que buscam a adrenalina, o perigo e o risco de vida? 

Alguma ligação a quem esteve morto e regressou à vida nas chamadas experiências de quase-morte (NDE-near death experiences)? 

Que ligação com quem se droga?

Os primeiros 'sentem-intuêm' que quando se encontram em situações extremas de perigo, de risco, surge Algo, Algo que eles não sabem bem o que é, mas que ' percebem' que é Algo novo e..... Algo que não pode ser destruido, que fica em permanência pelas suas vidas fora.
A atração do perigo é ter a experiência do não-destrutivel, Algo de eterno, que não acontece na vida normal.

O mesmo sucede em situações de quase morte, quem delas regressa, regressa a 'saber' que Algo existe no 'outro lado' e isso vai marcar a sua vida daí em diante.


Quem se droga, passa para o 'outro lado', e quando regressa sabe o que é 'esse lado', perdeu também o medo da morte, gostou de lá estar pois é uma ' sensação única e de tranquilidade total' e quer repetir a experiência custe o que custar, daí o inicio do vicio.
O problema dos drogados é quererem renovar essa 'outra realidade' pela repetição artificial usando substâncias alucinogénias e não por métodos conscientes como a meditação ou práticas espirituais. 
Assim pelo vicio do uso repetitivo e artificial de drogas vão destruindo o cerebro, perdem a capacidade de trabalho e fazem do seu utilizador um mero farrapo humano.

Mas que terá acontecido nessa fortíssima vivência para ter ocorrido essa mudança de atitude perante a vida e a morte?


Simples, face à iminência da morte, do aniquilamento fisico, desaparece o muro, a casca que separa o mundo terreno do mundo Divino.
O homem deixa cair (ou melhor, é 'obrigado' a.....face à iminência da morte) a máscara que o defende e protege neste mundo, faz-se o 'let go' , o 'laissez faire' , ocorre o 'deixa andar' , o abandono dos preconceitos, tabus e surge o Real.
A Biblia diz: Deus é forte com os fracos!
Na fraqueza absoluta, quando nada podemos controlar, quando a morte se aproxima, nessa altura surge na cara de um moribundo um sorriso, ele sente-se invadido por uma poderosa força pacificadora que o faz esquecer a sua fraqueza, é abafado o seu eu existencial e surge o seu Eu essencial, o único Real.
Nos drogados é um processo quimico que deita abaixo o muro e abre a 'outra' Realidade.

Quem se depara com o Real, nunca mais vai esquecer Isso, pois 'Sabe'  instantaneamente que é Isso que é a Vida, a sua Vida a partir de agora, não a pequena vida até aí.
Vida nova que deixou de temer o seu oposto, a morte, pois deixou de ser dualista e percebeu que vida e morte são 2 partes da mesma Coisa e que agora está noutro plano (no plano do Real) onde deixa de haver opostos e dualidade para ser Tudo um Todo.

Nota: A dualidade não é o problema, o problema é não se perceber que os 'opostos' se interpenetram e não são independentes....que as trevas são apenas luz encoberta, que cada morte inicia uma vida, que cada sofrimento não teria sentido se não desse inicio a uma cura.


E a sensação de ter estado no plano do Real é indescritivel, impossível de traduzir em palavras deste mundo, só quem passou por essa experiência sabe ao que me refiro.

A busca 'inconsciente' desse Real desde sempre fascinou o homem que o 'pressente', que devora livros do oculto, que salta de guru em guru, que parte para viagens longinquas em busca do mestre, que salta de workshop em workshop e experimenta técnicas variadas de auto ajuda- meditação- fortalecimento energético, o que infelizmente deu origem ao inevitável comércio moderno do 'oculto e do espiritual'.


A vivência desse Real e sobretudo a sua manutenção no dia a dia é o objectivo de todas as religiões e práticas espirituais feitas em consciência, onde os factores chave são a Aceitação da imperfeição humana, o desapego ao mundo e ao eu existencial e sobretudo uma Humildade plena perante as forças da Vida.


O dificil é mantermo-nos nesse plano no dia a dia. 
Esse é o trabalho árduo, o Caminho a fazer pela vida fora com a  'cruz' às costas e o 'diabo' das dúvidas e das hesitações à espreita para nos dar conselhos disfarçado de anjo....( e aí o Discernimento de quem é quem, ser absolutamente necessário ao Caminhante, ao que busca).

As 3 grandes fraquezas do homem afastado da fonte de Vida, do Real são o medo da morte e aniquilamento, o desespero perante o absurdo e a falta de sentido da vida, e por fim, a incapacidade de estar sózinho sem comunicação com outros homens.
Quem esteve no plano do Real, deixa de ter estas 3 fraquezas, perde o medo da morte, aceita o absurdo e sente-se bem na solidão.

Costuma perguntar-se qual o sentido da vida.
Existem tantas respostas como seres humanos.
Mas para quem esteve alguma vez no plano do Real, sabe bem que só há uma resposta.
Que o sentido da vida humana é exprimir-testemunhar o divino, o Real, neste mundo.

Num mosteiro ortodoxo havia um quadro que mostrava Cristo no inferno a abraçar Adão.
Um homem que aceita no 'seu' inferno, o 'seu' diabo ( em vez de o esconder, abafar) e o abraça com humildade e Amor, reconhece a unidade do seu Ser e desperta o Real em si, ocorre a Ressureição, a Pedra Filosofal é encontrada.
Quem aceita o negro, vê uma Luz que está para além do negro e do branco.
É a ideia subjacente ao 'aceitar o inaceitável'  da filosofia Zen e das palavras de Cristo 'Que se faça a Tua e não a minha vontade'.

Cristo não veio retirar o sofrimento deste mundo ao homem, veio sim, ensiná-lo a aceitar o inaceitável, a cruz só é retirada a quem a carregou!

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