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segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Fumo Sagrado dos Indios das Planicies Americanas

O Cachimbo Sagrado
 
O cachimbo dos Indios Sioux das planicies americanas era acima de tudo um objecto de oraçao, individual e colectivo.


Como o cachimbo foi entregue aos Indios?
Reza a lenda que da planicie surgiu uma bela mulher vestida com peles de veado e com um saco às costas.

Perante o chefe da tribo disse:
- Neste saco está o Cachimbo sagrado, com ele vocês enviarão a vossa voz ao Grande Espirito ou Grande Pai.
Retirou do saco o cachimbo e dirigindo o bocal do cachimbo para o céu disse:
- Este cachimbo vos é dado pelo Grande Espirito como um dom-graça, para que com ele vocês possam adquirir o Conhecimento. 
  O forno deste cachimbo é de pedra vermelha, e representa a Terra. 
  Com este Cachimbo, vocês viverão sobre a Terra, pois a Terra é a Grande Mãe e é sagrada. 
  Cada passo que derem em vida deverá ser uma oração a ela.
   Este bisonte gravado na pedra do forno e que olha para o centro, representa os animais.
   O bocal é de madeira e representa tudo o que cresce na terra.
Todos os povos e seres do Universo estão ligados a ti quando fumas o cachimbo. 
Todos enviam suas vozes ao Grande Espirito através de ti e quando rezas com este cachimbo, rezas por todos os seres e com eles.  
Este cachimbo tem 7 circulos gravados que representam os 7 rituais segundo os quais o cachimbo será utilizado.

Nota: Os 7 circulos estão dispostos ao redor do forno por ordem de grandeza, estando o mais pequeno ao lado do maior.

A mulher despediu-se dizendo: Agora me vou, mantém sagrado este cachimbo, que eu regressarei no fim dos tempos.
À medida que se afastava a mulher foi sucessivamente se transformando em bisonte vermelho, depois branco e finalmente preto que saudou os 4 quadrantes até desaparecer no horizonte.
  
O cachimbo é constituido por 2 partes : o forninho onde se coloca o tabaco e o bocal onde se coloca a boca.



O forninho é a alma-altar do cachimbo e representa o sangue dos antepassados (normalmente era em pedra de cor vermelha).

 
Ritual de Invocação do Grande Sagrado, bocal dirigido ao céu, corpo abandonado ao Divino e forninho junto ao coração, alma em União com o Sagrado, crâneo de bisonte aos pés , simbolo da vida e da sua impermanência.   


O bocal em madeira, simboliza o corpo.

Quando alma e corpo se unem, é a vida que se inicia e o eixo que forma constitui o caminho que conduz da terra ao céu. 

Cada porção de tabaco que se coloca no forninho representa cada um dos aspectos da Criação e assim o fornilho ao reunir todos estes aspectos contém a totalidade da Criação.

                         Tipos de cachimbos tribais 

Quando o fogo, com a ajuda do sopro do homem, consome o tabaco, produz-se a unificação com o Grande Mistério.


                            Saco onde se guarda o cachimbo

O fumo que se escapa do fornilho pela boca do homem, sobe ao céu para transmitir as orações e os louvores ao Criador.

Quando o índio fuma o Cachimbo Sagrado, ele o dirige às quatro direções e ao céu e à terra, e em seguida ele deve ter cuidado com sua língua, suas ações e seu caráter

O acto de fumar marca a 'presença espiritual' do homem face à 'presença sobrenatural' de Deus como ilustra esta invocação:
Glória a Ti, que tudo criastes, escuta nossa voz, nós obedecemos aos teus mandamentos. Aquilo que criaste a Ti retorna, o fumo deste tabaco sagrado se eleva para Ti, para comprovar que a nossa palavra é verdadeira.

No ritual do cachimbo, o homem representa o estado da 'individuação', o espaço onde o fumo se propaga representa o Tudo, o Um, Deus, onde o individuo deve regressar trasmutando-se, sendo o simbolo dessa transmutação-mudança o fumo que se perde nesse espaço.
O homem não é um elemento isolado na Criação, ele é parte desse espaço e a ele deve retornar, 'ele deve tornar-se no que é'.


       Tenda de purificação com entrada a Este e caminho ritual para o fogo exterior

O homem, ao inspirar o fumo sagrado, recebe o 'perfume da Graça' e ao expirar o fumo para o espaço infinito, produz uma expansão sobrenatural no espaço Divino que o reintegra nele.

O fogo, que é Deus, consome o tabaco, que é o homem, e transmuta-o em fumo que se eleva para Ele, fazendo-o assim regressar ao seu 'espaço' original.    


Em cerimónia colectiva, o cachimbo passa de mão em mão para ser fumado sempre na direcção de Este para Oeste, seguindo a marcha do Sol.



Denominado cachimbo da paz pelos Europeus era efectivamente fumado aquando de alianças e tratados entre individuos ou tribos, garantindo assim espiritualmente perante o Criador a inviolabilidade do pacto.

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