IBN ARABI-- EPISTOLA DAS LUZES
As portas da Ascenção
O discipulo subiu aos céus com o Sábio e viu que uma
porta em certo nivel lhe estava vedada pela qual passou o Sábio.
Foi-lhe dito
que esta porta era o seu ponto final, ele então declarou para passar na porta
que ‘submeto-me á mesma autoridade que o
meu companheiro’ mas é-lhe objectado ‘Este não é o lugar próprio para se
aceitar o Islão, regressa á tua terra e aí, sim, quando te submeteres e creres
e seguires o caminho daqueles que se remetem a Deus, só então serás aceite’.
O Sábio continua a sua ascenção até ao Trono, onde aprende
os Nomes divinos, que a sua constituição e evolução espiritual pode suportar, em
seguida regressa, buscando o seu ponto de partida e o Real viaja com ele por
uma via diferente da primeira.
É uma via de que é impossivel falar, apenas conhecida por quem a experimenta.
Quanto ao discipulo, ele regressa á terra e presta juramento de fidelidade e passa a crer em Deus, porque Deus lhe decretou a Fé Nele, e não por lhe haver fornecido alguma prova conclusiva-racional. Ele encontra então uma luz no seu coração que antes não havia encontrado e graças a essa luz, vê, do lugar onde se encontra, e de um só relance, tudo o que havia visto na ascenção anterior e agora já não é detido e sobe pela mesma escada do Sábio até á Nuvem Primordial.
É uma via de que é impossivel falar, apenas conhecida por quem a experimenta.
Quanto ao discipulo, ele regressa á terra e presta juramento de fidelidade e passa a crer em Deus, porque Deus lhe decretou a Fé Nele, e não por lhe haver fornecido alguma prova conclusiva-racional. Ele encontra então uma luz no seu coração que antes não havia encontrado e graças a essa luz, vê, do lugar onde se encontra, e de um só relance, tudo o que havia visto na ascenção anterior e agora já não é detido e sobe pela mesma escada do Sábio até á Nuvem Primordial.
Sem deixar o seu lugar, vê a
coisa nas coisas, e a necessidade de ser das
realidades, cuja existência se lhe havia mostrado por reflexão e intelecção.
Recebe o elixir da genese e vê a congregação dos corpos animados, passando de
uma condição a outra, por uma alteração de propriedade
e de ciclo, de tal modo que as configurações fisicas das coisas se
encontam modificadas e os seus estados invertidos.
Nota: O muçulmano é aquele que se submete, e que, ao
fazê-lo, conhece a Paz ( Al Salam, que é um dos Nomes Mais Belos de Deus).
Os Nomes de Deus contêm Tudo.
Dos 99 Nomes de Deus, não há nenhum que Ele que se tenha
nomeado a Si mesmo, são os Seus servos que ao passar por esses ‘estados’ a Ele
atribuem esses Nomes para Sua glória e por isso quem nesses ‘estados’ passa,
Ele fá-los viajar de noite pelos seus Nomes e mostra-lhes ainda mais sinais
para que eles se tornem mais ouvintes e videntes.
Desses 99 Nomes, uns existem como o Vingador , o Terrivel
na Punição e o Avassalador que estão em conflito com outros como O
Misericordioso, o Perdoador, o Subtil.
Pois o Vingador busca a ocorrência da
vingança no objecto sobre que se exerce, enquanto o Misericordioso busca a
remoção da vingança nesse mesmo objecto.
Prova de quem em Deus está Tudo,
incluindo a ‘polaridade’ dos Nomes divinos.
Mas esta polaridade, este exercicio
da propriedade permanece na relação (ou seja, as propriedades dos Nomes
permanecem nos Nomes) e não em nós.
Eles,
os Nomes, são relações que se opõem pelas suas próprias realidades e jamais
concordam, pois nunca cessam a sua oposição, mas nunca em nós.
Daí, nós
devermos buscar a união e não a polaridade (que só existe nos Nomes) pois
buscando-a estamos a buscar algo que não nos pertence na realidade e a
afastarmo-nos da nossa real propriedade, que nos foi dada pelo Deus dos 99
Nomes que nos criou.
A Perfeição (em vida) é ter Deus e não o Mundo?
Quem chega a Deus, só vê Deus e nada do Mundo resta que
se Lhe compare.
Deixaram de ver o Mundo.
Mas acaso despareceu do Mundo o que desapareceu para
esses?
Não ! Então, falta-lhes o que lhes desapareceu e ficam
privados do Real (pois o que perderam do Mundo faz parte do Real) e Dele, pois
o Mundo inteiro, para quem conhece o Real, é a Sua própria Epifania.
A Transformação dos seres
Pode ser pelo arrependimento e obra meritória (orações-rituais-esforço pessoal de procura) ou após algum ‘castigo’ cobrar o
seu direito ( após acidentes-doenças graves-crises psicologicas).
Para quem lá conseguiu chegar, o que é mais elevado, permanecer Nele em contemplação, a ouvir o que Ele te diz, Nele dissolvido ou regressar de novo?
Para quem lá conseguiu chegar, o que é mais elevado, permanecer Nele em contemplação, a ouvir o que Ele te diz, Nele dissolvido ou regressar de novo?
O que é mais elevado em vida, a
extinção na Essencia (fanã) ou a extinção nos actos (baqã)?
Digo-te que a estação mistica de lá ficar é inferior à do
retorno, pois enquanto formos vivos, no retorno
ficamos na Presença dos Seus actos, por Ele e para Ele e isto é superior a só
O contemplarmos.
Os mestres dizem que é inferior porque é um desperdicio
do momento espiritual e procedimento inadequado para com a morada actual,
porque este Mundo é uma prisão provisória que tem de ser aproveitada enquanto
se está nela preso.
Se ficas em contemplação, ficas estático numa estação e
deixas de ascender a outra superior, pois a Epifania molda-se ao conhecimento e
à forma.
Obténs, assim, (se alcanças e ficas em contemplação em
vida) o que devias ter deixado para a sua morada apropriada, que é a casa do
Outro Mundo, na qual não há a prática de actos.
Deves, sim, neste Mundo, em vez de ficares em
contemplação ( te extinguires na Essência – fanã) , te ocupares de actos
meritórios exteriores e receberes, interiormente, por eles, um melhor
conhecimento Dele ( te extinguires nos actos-baqã).
Fanã é o servo ter a visão do seu acto executado por Deus
(o contemplativo não age, Deus age por ele).
Baqâ é o servo ter a visão que Deus está em todas as
coisas ( o que se extingue nos actos que pratica, vê Deus em cada um deles e
assim engloba este Mundo Nele).
Isso seria preferivel para ti, porque aumentarias virtude
e beleza à tua dimensão espiritual -- que busca o seu Senhor- assim como à tua
alma – que busca o seu Paraiso.
Quando abandonares o mundo da sujeição à Lei, colherás
então o fruto do que semeaste pelos teus actos em vez de uma contemplação
estática.
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