Santuário Megalitico do Ressoneiro
A zona do Oeste de Portugal entre Peniche e Nazaré tem uma história muito interessante de ocupação humana em periodos pré-históricos.
Zonas a verde estavam debaixo de agua à 5000 anos
Peniche era uma ilha como as Berlengas e o mar chegava á actual povoação de Atouguia da Baleia que era um porto de mar e onde apareciam regularmente baleias, havendo na igreja local de São Leonardo um osso de baleia petrificado.
O mar
entrava por terra dentro formando grandes lagoas como a figura abaixo mostra.
A Lagoa de Óbidos vinha até á cidade romana de Eborobritium.
A
estrada romana que ia de Lisboa –Olisipo até Coimbra –Conimbriga, passava por
Eburobritium (ruinas parcialmente visitáveis) em Óbidos e por Collipo (não
existem sequer ruinas para ver pois local foi arrasado por destruição e
remoções de terra) no Outeiro de São Sebastião perto de Leiria.
Via romana na zona Oeste
Vamos concentrar-nos na zona da Lagoa da Pederneira.
Esta entrada de mar fazia-se pela Nazaré e tinha perto
junto á costa um templo romano a Neptuno, onde antes se presume ter havido um
culto fenicio ao Deus do Mar, depois convertido em igreja visigótica
paleocristã ( sec.5-6) com o nome de São
Gião.
Já perto de Alcobaça a lagoa tinha um porto que abastecia
a cidade romana de Parreitas (sec. 2 a 4 ) que antes tinha sido um castro que
remonta ao Calcolitico.
A actual
Nazaré ainda não existia, apenas existia o porto de pescadores e construtores
de barcos na actual Pederneira.
Junto
á Pederneira (‘pedra do fogo’) existia um monte de nome fenicio, Monte Seano ( nome da montanha
sagrada dos fenicios onde habitava o seu Deus Supremo), hoje chamado de São Brás,
uma afloração granitica cónica, ingreme e de dificil acesso que tinha o mar a
seus pés (uma larga baia por onde sulcavam naus fenicias) e de onde se avistavam copas de pinheiros que
encobriam as povoações vizinhas como se estivessemos fora do mundo e que se
presume ter tido um uso ritual-religioso (fala-se no mito do combate de Baal-Sol,Fogo
fenicio contra o Mar, para atenuar as tempestades, naufrágios, inundações desse
Mar e que ocorria no inverno, na mesma altura da actual festa de São Brás dos
Nazarenos com piqueniques em 2 de Fevereiro)
que ainda hoje se conserva nas tradições locais.
No centro da Pederneira existe um pelourinho, tipo menir, que se presume ter tido uso pagão e ter sido encontrado e reutilizado.
Pederneira-São Brás em tempos primitivos poderia ter sido o local da casa de Deus, um local sagrado, de culto ao Sol-Fogo, que depois se transformou no culto fenicio ao Senhor do Céu ou da Luz e depois ao Vulcano romano e a seguir à festa cristã das Candeias a 2 de Fevereiro.
Fervença (terra de aguas termais) era uma ilha entre Valado e Maiorga (outra terra de termas ainda hoje da Piedade) .
Outro importante porto na epoca pré-romana foi o porto de Cóz (hoje Povoa de Cós) junto á actual vila de Cós a 5 km de Alcobaça.
Este porto era chamado de Porto de Leiria pela população local até aos dias de hoje, pois era daqui que a zona de Leiria, mais própriamente a cidade romana de Collipo perto da Batalha actual era abastecida.
Notar ao longe uma baia tipo ferradura entre as casas actuais que seria a zona do ancoradouro fenicio
Ainda se nota a rampa ou inclinação do solo que hoje dá acesso a terrenos alagadiços agricolas percorridos por duas valas ou riachos.
Os
Fenicios a partir das suas bases em Cartago (Tunisia) e Cadiz no sul de Espanha frequentavam por
razões comerciais (ouro, prata, metais) todos
os portos da costa Oeste, nas Berlengas, em Peniche, até aos portos interiores
das lagoas acima referidas.
Junto a
este porto de Coz (hoje Povoa de Cós) existiu desde tempos
imemorais um zona sagrada e uma paisagem ritual, que incluia um recinto sagrado
à Lua, o Santuário megalitico e primitivo do Resoneiro (onde antes dos fenicios seria
cultuada a Deusa Mãe)
Era constituido
pelo aproveitamento de afloramentos rochosos e pela escolha de pedras ali
depostas com um sentido ritualistico.
Da Povoa sai um caminho direito ao Resoneiro, o
santuario da Lua a 5 kms que os peregrinos
demoravam 1 hora a percorrer, hoje assinalado como
Castanheira, estrada do Resoneiro, rodeado de pinheiros.
A
aldeia da Castanheira do Alqueidão, contigua da Senhora da Luz do Resoneiro,
está a 2 kms do porto fenicio de Coz.
Os
viajantes que saiam de Coz há 3-4 mil anos em direcção ao santuário do
Resoneiro, encontravam nesta aldeia a 1º povoação no caminho.
O recinto do Resoneiro foi usado pelos povos que frequentavam
o porto fenicio de Coz, aproveitando talvez recintos megaliticos primitivos à Deusa
Mãe e cultuando a Lua-Astarte.
Os Fenicios
introduziram, em Portugal o culto à Lua, substituindo o culto à Deus Mãe dos
povos primitivos, por via das suas próprias tradições religiosas em torno da
Deusa Astarte.
A
capela da Senhora da Luz do Resoneiro veio cristianizar a zona do recinto
magalitico e do santuário fenicio à Lua.
Aldeia
do Casal do Resoneiro, a 3 kms da Cós actual e 5 kms da Povoa de Cós
actual, tem capela a Nossa Senhora da Luz e a 2 kms da capela
existe uma fonte santa e de aguas curativas onde a tradição coloca a aparição
da Senhora da Luz em 1601, cujo nome foi o povo que deu, não foi pedido pela Senhora, e
é indicativo de um culto anterior à Luz, à Lua.
Subindo
a encosta a cerca de 2 kms desta capela,
no lugar de Chãos, freguesia dos Prazeres de Aljubarrota, existe
a capela da Senhora das Areias que tem debaixo do altar uma
pedra pilar com propriedades curativas (ainda hoje se introduz a mão por uma
portinhola por baixo do altar e se raspa esta pedra para com o pó assim obtido
se fazer ‘sezões’ ou pastas curativas).
No cruzeiro frontal á igreja existe uma pedra do recinto deitada e com uma grande fenda onde se conta se acendiam velas e fogueiras ( parecia que vinha 'a luz de dentro').
No cruzeiro frontal á igreja existe uma pedra do recinto deitada e com uma grande fenda onde se conta se acendiam velas e fogueiras ( parecia que vinha 'a luz de dentro').
A aldeia
do Casal do Resoneiro fica neste monte de pinhal continuo entre estas duas
capelas.
No
pinhal encontramos um santuario megalitico formado por pedras esculpidas em meia
esfera de modo que assentes no chão dão ideia de uma esfera e representam
a lua cheia.
A cor original das pedras é amarela, as zonas escuras e vermelhas foram originadas por fogueiras e queimadas, pensa-se que foram trazidas da Serra dos Candeeiros em frente.
A concavidade que se vê na foto poderia ser originada pelas pessoas rasparem a pedra para fins curativos como era hábito nestes recintos sagrados.
Estas
meia esferas bem talhadas estiveram rodeadas por outras mais pequenas pedras-pilares
de 50 a 100cm de altura grosseiramete talhadas.
Hoje em dia apenas 1 meia esfera está visivel (a chamada de Pedra da Cova Galega), outras podem estar enterradas, têm em média, 3,3 m de
perimetro e 1,7m de altura.
Pensa-se que existiriam vários circulos (5-10 ) na zona rodeados de 15-20 pedra pilares cada um.
Pensa-se que existiriam vários circulos (5-10 ) na zona rodeados de 15-20 pedra pilares cada um.
A cor original das pedras é amarela, as zonas escuras e vermelhas foram originadas por fogueiras e queimadas, pensa-se que foram trazidas da Serra dos Candeeiros em frente.
A concavidade que se vê na foto poderia ser originada pelas pessoas rasparem a pedra para fins curativos como era hábito nestes recintos sagrados.
A Pedra Galega dista
200 m da ultima casa da aldeia.
Tem um perimetro de 6 metros e 1,6 m de altura.
Tem um perimetro de 6 metros e 1,6 m de altura.
4
pedras pilares das 15-20 que a rodeavam estão no chão num diametro de 7 metros.
A distância
entre o circulo das pedras pilares e a meia esfera seria de 1 metro.
Devido ao isolamento do local as 4 actuais pedras pilares ainda se encontram nas
redondezas e não foram removidas como as muitas outras que estão dispersas pelo
pinhal e pela própria aldeia de Chãos mesmo em jardins particulares.
A Pedra
Galega é imponente e o local é considerado pelo povo de malfadado ( titulo
geralmente dado a cultos ‘não oficiais’ ou pagãos) e ligado a crenças em fantasmas, lobisomens,
bruxas, medos nocturnos e ‘luzes a passar à noite’ ...
A
maior meia esfera com 10 toneladas, chamada de Penedo do Cavalinho na
aldeia de Chão foi enterrada ou destruida.
Outra meia
esfera ( que seria maior que a Galega) está enterrada parcialmente a 1-2
metros da parede da igreja da Senhora das Areias num terreno privado.
Debaixo
do altar da Senhora das Areias está outra meia esfera que
serve para fins curativos como se disse acima.
Sob um
cruzeiro em frente á igreja existe uma dessas pedras
pilares com uma cavidade em forma de bacia onde
se colocavam velas ou lamparinas e se fazia fogo, como se a luz viesse da pedra
para certos ritos da antiga festa.
Este recinto
megalitico primitivo foi transformado posteriormente pelos Fenicios em Santuário
à Lua devido às suas ligações religiosas á sua Deusa da Lua, Astarte.
Situa-se
a 3-4 kms do antigo porto fenicio de Coz a Aljubarrota em linha recta no sitio
do Casal do Resoneiro.
O nome
Resoneiro em fenicio está ligado a ‘monte de luz’ , a ‘gravidez primordial’, a ‘primeira
luz’ e dai à Lua cheia primordial.
Galega
significa ‘circulo de pedras’ em fenicio e era uma forma de santuário usada
pelos fenicios com este tipo de pedras erectas para sacrificios e libações,
nomeadamente na altura da festa da primeira Lua cheia da Primavera ( actual
festa da Senhora dos Prazeres em Aljubarrota).
A
festa fenicia do ‘primeiro ramo de cevada’ (que procede a dos Prazeres) devia
ocorrer neste recinto.
Apesar da destruição quase total do Santuário actualmente quem tiver 'olhos para ver', vai 'sentir' a força deste lugar mágico que penetra na história espiritual dos povos primitivos até aos dias de hoje.
É mais uma visita a fazer e 'encher a alma' para quem Caminha.
Excelente trabalho.
ResponderEliminarParabéns!
Um Belíssimo Trabalho de Pesquisa e recôlha de Informação nos locais dos acontecimentos.Parabéns
ResponderEliminarBoa descrição, agora é trabalho das gentes da terra.
ResponderEliminarParabéns pela informação. Diria que seria preciso mais investigação. Manuel Vieira da Natividade, Historiador e Arqueológo, descobriu uma estátua votiva da deusa Vitória... a oeste do Carvalhal. Aqui existem mais de 40 grutas com vestígios do Neólitico e Paleolítico, cujo espólio anda perdido por Alcobaça, já deve ter desaparecido todo.
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