BUDA E O CHOCOLATE
Desde que haja chocolate eu sou feliz .
E se...o chocolate acaba ?
Este tema é o tema do desapego, do desprendimento, do
abandono que todas as religiões pretendem que os seus fiéis compreendam e
pratiquem.
Se te perguntar se tu vives para comer doces e chocolate, tu
pensas que estou maluco e a tua mente arrogante logo diz : ‘Não, nada disso.’
Mas olha fundo no propósito da tua vida. Porque nasci ?
Porque estou aqui? Examina-te ao detalhe, talvez afinal viveres para comer
doces e chocolate não esteja tão longe assim da verdade, o que não dignifica
termos nascido humanos.
Afinal os outros animais têm os mesmos propósitos, ter muito do que gostam e pouco do que não
gostam.
E surge a pergunta fatal : Não deveriam os teus propósitos na
vida ser mais elevados do que os das galinhas e cães ?
Tudo na vida muda a cada segundo, existe uma impermanência
que nós não controlamos por mais que tentemos.
Se nos ‘agarramos’ a alguma coisa essa atitude impede que
‘vejamos’ as coisas novas que surgem a
seguir e perdemos o ‘comboio’ da vida, ficamos frustrados e permanentemente
insatisfeitos o que gera angústia, ansiedade e perda de energia pela vida.
A felicidade, a satisfação derivam não de coisas externas a
que nos ligamos-agarramos pensando assim obter essa felicidade mas depende
apenas e sómente da nossa atitude mental para com as coisas, perceber que
afinal nada nos pertence, que tudo nos é emprestado nesta vida , e por isso
devemos agradecer termos tido acesso às coisas ‘emprestadas’ e usá-las sem nos
agarrarmos a elas.
Errado também é pretender forçar ‘a barra’ e tomar uma
atitude radical para com o ‘chocolate ‘ tipo, ‘ a partir de hoje, vou deixar de
comer chocolate’, pois o problema não é
o comer chocolate, é a nossa mente se agarrar a ele como se daí se obtivesse
‘automáticamente’ alguma felicidade.
Devemos ter uma atitude livre de preconceitos, aberta ao
fluxo da vida, isto se aplica a estarmos abertos a tudo o que nos surja e não
termos as portas fechadas ao novo, o Buda dizia ‘matai o Buda’ neste sentido,
‘não te agarres a mim mas age por ti’.
No aspecto religioso isto aplica-se a termos em mente que
ninguém é dono da Verdade, logo, mente aberta a todas as infinitas
possibilidades que existem.
Ao estarmos ‘agarrados’ estamos na dualidade e desequilibrio
permanente e criamos ódios, fúrias, agressividade, inveja, etc .
Ao estarmos de mente aberta, recebemos os sentimentos
negativos, ódios, ira , etc e os enfrentamos de frente , vemos como ‘passeiam’
à nossa volta e assim lhes tiramos a ‘carga’, e sem a força que nós lhes ‘damos’ se dissolvem e desaparecem e
desta ‘fumaça’ da cólera nasce espontaneamente a compaixão.
Quando estamos zangados, agressivos com alguém, se de
repente, decidimos ‘parar e observar’
esses sentimentos, parece que também de repente eles se atenuam e passamos a
olhar o ‘adversário’ com novos olhos, com os olhos da compreensão que é uma
forma de compaixão.
Fácil ??? Oh não, não, muito dificil, coragem é preciso, a Obra é
dificil, daí todas as religiões preconizarem a atenção em todos o segundos da vida pois mesmo os Santos
‘caiem’ 7 vezes ao dia quando não são
mais...
Se não estamos atentos às
nossas acções de corpo, palavra e mente, e andamos a pensar ‘Como é ser Buda ou o que é a
iluminação’ o caminho espiritual
torna-se uma coisa irreal, um sonho, uma alucinação.
Atitude mental acima de tudo, não ter medo, não rejeitar,
observar, tirar força e deixar ir, é um
dos métodos chave para ‘desgrudar’ e ser livre.
Persistência, cair mas levantar-se de novo, aprender com os
erros e a experiência.
Nunca forçar as coisas, nem esperar milagres espectaculares,
ser realista e paciente.
Nunca é tarde para começar a busca da Paz interior.
Demora tempo sim, e é dificil de inicio, mas com
persistência e prática progressiva e contínua as dificuldades vão diminuindo.
Das múltiplas teorias, sistemas filosófico-religiosos escolher os que mais se
enquadram com a nossa personalidade,
escolher algumas das práticas dos sistemas escolhidos e praticá-las por um tempo
para ‘sentir’ se é mesmo isso que buscamos e nos sentimos ‘enquadrados’.
Nada rejeitar e não ser obcecado com nenhum sistema ,
todos são válidos, até podemos fazer práticas de um e de outro que achemos
complementares ou mesmo construir a nossa própria prática com elementos
variados de um ou outro sistema.
Importante é Praticar regularmente e sentirmo-nos Bem nessa
prática.
Se o fazemos sem sentido interior só porque ‘é
moda’ como quem vai à igreja só
marcar o ponto então mais vale estar quieto.
Podemos ter montes de livros, estudado todas as religiões,
conhecer de cor a Biblia ou o Corão, se não praticarmos ..... não vamos a lado
nenhum espiritualmente.
Um mestre cristão disse
‘Avança mais o simples de espirito que pratica que o erudito que sabe os
livros de cor e nada faz’.
Um mestre budista no Ocidente disse : ‘Se não tens método, nenhuma chave para abrir
o armazém da Sabedoria, não consegues trazer o Dharma à tua vida diária, melhor
seria se ficasses a beber Coca Cola, ao menos saciavas a tua sede ‘.
E praticar não é só
rezar e fazer rituais simbólico-religiosos, é Integar no dia a dia essa atenção
aos pormenores da realidade pois todas as nossas acções diárias ,
comer-dormir-urinar são parte desta prática espiritual, como dizia um mestre é ‘pôr
tudo o que somos em tudo o que fazemos com plena consciência do que fazemos,
como e porquê o fazemos’.
Eis a Grande
Pérola escondida.
Esta história deliciosa explica bem a necessidade da
Integração entre conhecimento teórico e prática diária.
Um monge pergunta a outro : ‘O que tens feito estes dias ?
O outro responde : ‘Olha, tenho meditado muito sobre a
equanimidade e a paciência.’
O 1º monge replica : ‘ Hum , grande meditante da paciência,
come merda !!
O 2º monge completamente ‘fora de si’( ‘’abriu as portas do
seu inferno’’) responde: ‘Merda comes tu !'.
O 2º monge tinha-se esquecido de um ‘pequeno pormenor’ pois
não tinha Integrado a ideia da paciência em sua mente e bastou uma pequena
provocação para o ‘destabilizar’ e pôr fora de si, pois também não tinha Integrado a natureza
impermanente de tudo.
Esta Integração é a verdadeira Sabedoria e a Jóia do Lótus.
Nada é impossivel para o homem de desejo, mas se não tentar
nunca pode ser bem sucedido, se tentar pode até mesmo ser surpreendido!.
Sempre com postagens construtivas! Obrigado. És de onde Christiano? Abs.
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