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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Buda e o chocolate


   

BUDA E O CHOCOLATE 


Desde que haja chocolate eu sou feliz .
E se...o chocolate acaba ?

Este tema é o tema do desapego, do desprendimento, do abandono que todas as religiões pretendem que os seus fiéis compreendam e pratiquem.

Se te perguntar se tu vives para comer doces e chocolate, tu pensas que estou maluco e a tua mente arrogante logo diz  : ‘Não, nada disso.’
Mas olha fundo no propósito da tua vida. Porque nasci ? Porque estou aqui? Examina-te ao detalhe, talvez afinal viveres para comer doces e chocolate não esteja tão longe assim da verdade, o que não dignifica termos nascido humanos.
Afinal os outros animais têm os mesmos propósitos, ter muito do que gostam e pouco do que não gostam.
E surge a pergunta fatal : Não deveriam os teus propósitos na vida ser mais elevados do que os das galinhas e cães ?
 
Tudo na vida muda a cada segundo, existe uma impermanência que nós não controlamos por mais que tentemos.
Se nos ‘agarramos’ a alguma coisa essa atitude impede que ‘vejamos’ as coisas novas que surgem a seguir e perdemos o ‘comboio’ da vida, ficamos frustrados e permanentemente insatisfeitos o que gera angústia, ansiedade e perda de energia pela vida.

A felicidade, a satisfação derivam não de coisas externas a que nos ligamos-agarramos pensando assim obter essa felicidade mas depende apenas e sómente da nossa atitude mental para com as coisas, perceber que afinal nada nos pertence, que tudo nos é emprestado nesta vida , e por isso devemos agradecer termos tido acesso às coisas ‘emprestadas’ e usá-las sem nos agarrarmos a elas.

Errado também é pretender forçar ‘a barra’ e tomar uma atitude radical para com o ‘chocolate ‘ tipo, ‘ a partir de hoje, vou deixar de comer chocolate’,  pois o problema não é o comer chocolate, é a nossa mente se agarrar a ele como se daí se obtivesse ‘automáticamente’  alguma felicidade.

Devemos ter uma atitude livre de preconceitos, aberta ao fluxo da vida, isto se aplica a estarmos abertos a tudo o que nos surja e não termos as portas fechadas ao novo, o Buda dizia ‘matai o Buda’ neste sentido, ‘não te agarres a mim mas age por ti’.
No aspecto religioso isto aplica-se a termos em mente que ninguém é dono da Verdade, logo, mente aberta a todas as infinitas possibilidades que existem.


Ao estarmos ‘agarrados’ estamos na dualidade e desequilibrio permanente e criamos ódios, fúrias, agressividade, inveja, etc .
Ao estarmos de mente aberta, recebemos os sentimentos negativos, ódios, ira , etc e os enfrentamos de frente , vemos como ‘passeiam’ à nossa volta e assim lhes tiramos a ‘carga’, e sem a força que nós lhes ‘damos’ se dissolvem e desaparecem e desta ‘fumaça’ da cólera nasce espontaneamente a compaixão.
Quando estamos zangados, agressivos com alguém, se de repente, decidimos  ‘parar e observar’ esses sentimentos, parece que também de repente eles se atenuam e passamos a olhar o ‘adversário’ com novos olhos, com os olhos da compreensão que é uma forma de compaixão.   

 Fácil  ???  Oh  não, não,  muito dificil, coragem é preciso, a Obra é dificil, daí todas as religiões preconizarem a atenção em  todos o segundos da vida pois mesmo os Santos ‘caiem’  7 vezes ao dia quando não são mais...
Se não estamos atentos às  nossas acções de corpo, palavra e mente, e andamos a pensar ‘Como é ser Buda ou o que é a iluminação’ o caminho espiritual torna-se uma coisa irreal, um sonho, uma alucinação.

Atitude mental acima de tudo, não ter medo, não rejeitar, observar,  tirar força e deixar ir, é um dos métodos chave para ‘desgrudar’ e ser livre.

Persistência, cair mas levantar-se de novo, aprender com os erros e a experiência.
Nunca forçar as coisas, nem esperar milagres espectaculares, ser realista e paciente.
Nunca é tarde para começar a busca da Paz  interior.
Demora tempo sim, e é dificil de inicio, mas com persistência e prática progressiva e contínua as dificuldades vão diminuindo.

Das múltiplas teorias, sistemas  filosófico-religiosos escolher os que mais se enquadram com a nossa  personalidade, escolher algumas das práticas dos sistemas escolhidos e praticá-las por um tempo para ‘sentir’ se é mesmo isso que buscamos e nos sentimos ‘enquadrados’.
Nada rejeitar e não ser obcecado com nenhum sistema , todos são válidos, até podemos fazer práticas de um e de outro que achemos complementares ou mesmo construir a nossa própria prática com elementos variados de um ou outro sistema. 

Importante é Praticar regularmente e sentirmo-nos Bem nessa prática.
Se o fazemos sem sentido interior só porque  ‘é  moda’  como quem vai à igreja só marcar o ponto então mais vale estar quieto.

Podemos ter montes de livros, estudado todas as religiões, conhecer de cor a Biblia ou o Corão, se não praticarmos ..... não vamos a lado nenhum espiritualmente.

Um mestre cristão disse  ‘Avança mais o simples de espirito que pratica que o erudito que sabe os livros de cor e nada faz’. 

Um mestre budista no Ocidente disse :  ‘Se não tens método, nenhuma chave para abrir o armazém da Sabedoria, não consegues trazer o Dharma à tua vida diária, melhor seria se ficasses a beber Coca Cola, ao menos saciavas a tua sede ‘.

E praticar não é só rezar e fazer rituais simbólico-religiosos, é Integar no dia a dia essa atenção aos pormenores da realidade pois todas as nossas acções diárias , comer-dormir-urinar são parte desta prática espiritual, como dizia um mestre é ‘pôr tudo o que somos em tudo o que fazemos com plena consciência do que fazemos, como e porquê o fazemos’.  
Eis a Grande Pérola escondida.

Esta história deliciosa explica bem a necessidade da Integração entre conhecimento teórico e prática diária.

Um monge pergunta a outro : ‘O que tens feito estes dias ?
O outro responde : ‘Olha, tenho meditado muito sobre a equanimidade e a paciência.’
O 1º monge replica : ‘ Hum , grande meditante da paciência, come merda !!
O 2º monge completamente ‘fora de si’( ‘’abriu as portas do seu inferno’’) responde: ‘Merda comes tu !'.

O 2º monge tinha-se esquecido de um ‘pequeno pormenor’ pois não tinha Integrado a ideia da paciência em sua mente e bastou uma pequena provocação para o ‘destabilizar’ e pôr fora de si,  pois também não tinha Integrado a natureza impermanente de tudo.

Esta Integração é a verdadeira Sabedoria e a Jóia do Lótus.
 
Nada é impossivel para o homem de desejo, mas se não tentar nunca pode ser bem sucedido, se tentar pode até mesmo ser surpreendido!.



1 comentário:

  1. Sempre com postagens construtivas! Obrigado. És de onde Christiano? Abs.

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