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quinta-feira, 5 de maio de 2011

O livrinho da Vida Perfeita- Parte 6



Parte 6

União

Quem está unido a Deus, abandonou a sua vontade própria e deixa Deus nele fazer a sua Vontade.

Isso não quer dizer que nada mais faça na vida, pois enquanto está vivo o homem deve actuar e agir (na realidade quem actua é Deus e não mais o eu, o meu) de uma maneira ou doutra.

Na união o homem interior está imóvel e só o homem exterior (Deus de facto toma o lugar do homem exterior) tem movimento.

Só após a morte fisica é possivel existir uma imobilidade permanente e um apaziguamento pois acabou a criatura e renasceu um Deus .

Regressemos ao motivo da criação.

Deus antes de criar, conhece-se e ama-se em essência mas não em acção.

Quando cria o homem e nasce o homem novo, Deus torna-se Deus-homem nesse homem deificado e nesse homem novo existe ‘qualquer coisa’ ( que sempre lá esteve mas só com o surgir do homem novo é despertada por assim dizer) que só a Deus pertence e não ao homem como criatura .

Nota : Mestre Eckhart dirá que ‘essa qualquer coisa é tão pura e elevada que nenhuma criatura a pode penetrar, só Deus habita aí , nesse canto secreto da alma humana ‘ .

Essa ‘qualquer coisa’ tem em Deus a sua origem e essência, mas não a sua forma e realidade.

Daí Deus querer que essa ‘qualquer coisa’ se realize e isso só se pode concretizar na criatura ,no homem criado por Deus , pois ela está lá para se realizar .

Logo Deus sofre ( impotente perante o livre arbitrio que deu ao homem) se o homem não despertar essa ‘semente’ escondida por se ligar ao seu eu,ao seu meu, em vez de acordar para o seu destino original.

A realização dessa ‘ qualquer coisa’ com a criação do homem novo (ou seja, a evolução espiritual do homem na terra) é o motivo porque Deus criou o homem, pois sem o homem não existiria um ‘vaso’ onde Deus depositasse essa ‘qualquer coisa’ para aí Deus se conhecer e amar a Si próprio em acção e não apenas em essência .

Neste processo Deus faz como que uma parceria com o homem novo ( seu depositário da semente) e passa a existir uma única vontade, um único amor, uma única luz, um único conhecimento que ao despertar essa ‘qualquer coisa’ são postos em acção e dão origem ao Bem único.

Deus não se ama porque é Deus, ama-se porque é o Bem.

Daí a importância da criação e da parceria com o homem para Deus poder amar-se como Bem, como Amor em acção no homem .

O homem unido, deificado, não tem vontade, nem desejos, nem pensamentos de fazer ou não fazer, de dizer ou não dizer, considera-se inferior a todos e sem direitos especiais, tem obrigações com todos e ninguém é obrigado perante ele, tudo isto entenda-se de uma forma passiva e não activa.

Tal como Deus sofre pelo pecado do homem (só pensar matéria e não espirito) assim o homem deificado sofrerá até à sua morte fisica esse desgosto pelos outros homens que não evoluem no sentido espiritual .

Esse desgosto e lamentos permanentes são inerentes à sua nova condição de homem deificado os quais são uma propriedade de Deus e não dele (diz-se não ser o homem mesmo deificado capaz de a ter).

Obter essa propriedade (que é Dele e não do homem) de sofrimento no homem, é para Deus o mais amado e digno, pois é também o mais amargo e custoso para o homem de viver até á sua morte fisica com este permanente sofrimento pelos outros.

O homem deificado vive assim nesta vida nobre e verdadeira.

Preferiria sofrer a abandoná-la, pois quem lhe ‘toma o gosto’ não mais o quer perder.

Não busca qualquer recompensa pois a vive por Amor e o Amor torna a vida leve e sem preocupações .

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