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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Os Discursos de Pedro de Damasco --Parte 1


Os dois tipos de fé


Um tipo de fé é termos noção (por sentirmos ,termos vivido acontecimentos que nos levam a ter essa sensação) que existe algo, um Criador, um Deus, algo não material que originou o mundo e nós mesmos.

Este é o primeiro tipo de fé, e isso gera o temor de que é inerente nele.
Esse medo leva-nos a ter a paciência para suportar as provações e tentações.

Depois de ter começado a agir desta forma, um segundo tipo de fé nasce em nós, a fé de contemplação, à qual o Senhor estava se referindo quando Ele disse: 'Se tiverdes fé como um grão de mostarda ... nada será impossível para ti"(Mt 17:20).

A primeira dá à luz a segunda, enquanto a segunda reforça a primeira.

Nós adquirimos o primeiro tipo de fé através de experiencias proprias,de herdá-la de pais devotos ou mestres espirituais , mas a segunda é gerada em nós pela nossa crença verdadeira.
Por causa disso , decidimos manter as praticas das virtudes que pertencem ao corpo, a quietude, jejum, vigílias moderada, salmos, oração, leitura espiritual e o questionamento das pessoas com
experiência sobre todos os nossos pensamentos e palavras.

Nós praticamos as virtudes de modo que a corpo possa ser purificado das piores paixões-gula,prostituição, e posses supérfluos - e para que possamos estar contentes com o que temos, que nos foi dado ,que não nos pertence e de que não nos podemos 'apropriar ‘ como se nosso fosse.

É desta forma que um homem encontra a força para se dedicar a Deus sem distração e evolui a partir da praticas espirituais e de leituras de pessoas com experiência sobre as doutrinas e mandamentos divinos e começa a controlar e rejeitar as paixões.

Como São Basílio Magno diz, quem quiser adquirir o maior tipo de fé não deve se preocupar com sua própria vida ou morte: mesmo diante de um animal feroz ou atacado por demônios ou homens perversos, ele não deve ter medo , ele deve temer apenas a Deus , porque só Ele tem poder.
Quanto aos homens maus e os seus professores do mal, os demônios, eles certamente gostariam de prejudicar os outros, mas são totalmente incapazes de o fazer a não ser se a pessoa em questão tenha forçado Deus a abandoná-la através das suas próprias más acções.

As provações e tentações do homem têm o consentimento de Deus e contribuem para o aperfeiçoamento de suas almas e para a humilhação de seus inimigos, os demônios.
Quando a pessoa se torna ciente destas coisas, ela não acredita simplesmente que Deus existe e que Ele tem poder, porque até os demônios percebem isso em face dos seus atos .

Nada acontece por acaso , a pessoa acredita na vontade divina e aceita-a no dia a dia , nada acontece se Ele não desejar , assim tal pessoa não quer fazer nada contrário à Vontade divina, mesmo que seja uma questão de salvar a sua vida, embora, naturalmente, é impossível salvar a vida a menos que se faça a vontade divina , pois esta vontade divina é a verdadeira vida eterna mesmo se o esforço necessário para alcançá-la ( no sentido de com ela cooperar ) parece a alguns ser árduo.

Quando não se faz esforços no sentido de fazermos a vontade divina em vez da nossa,quando se fecham os olhos da alma e somos cegos pelo esquecimento e entramos num estado de ignorância total, isso implica que depois de cairmos se torna dificil nos reerguermos pois criámos um muro entre nós e Deus e não temos vontade de nos esforçar para o destruir.

Quem pratica o abandono a Deus cria uma forte fé e é capaz de dizer: 'Com a ajuda do meu Deus eu vou pular o muro ‘,e não hesitaria nem por cobardia, nem pensaria se do outro lado do muro pudesse existir um poço sem fundo, nem o que faria se não o conseguisse transpor, nem o que lhe aconteceria se tivesse que recuar depois de tantos esforços e muitas outras perguntas deste tipo.
Tais questões nunca podem ocorrer com alguém que tem fé que Deus está próximo e não longe e que em sua determinação de atingir o fim desejado diretamente avança em direção a Deus, fonte de toda força, poder, bondade e amor, agindo, não como alguém que "dá socos no ar" (quem tenta,se esforça mas rápidamente desiste ) mas como um nadador ( braçada após braçada continua até á meta) ,ou como o caçador que ‘sentiu’ o cheiro da peça pretendida e persiste na sua busca,pois aspira ao reino do espirito e deixa tudo o resto de lado.

Ele obtém ,ou melhor, é-lhe dado por graça , o poder de subir a partir da prática das virtudes para o estado de contemplação .

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