A ORAÇÃO AO DIVINO
Qualquer oração de qualquer Tradição 'verdadeira', tem o seu significado simbólico- mistico-esotérico.
Abaixo segue alguma Luz sobre a oração da tradição cristã, O Pai
Nosso, elementos úteis sobretudo para quem já começou a Caminhada
e percorreu algumas ''etapas'' do Caminho e já interiorizou este
Simbolismo na sua vida.
Em anexo vai um quadro das várias ligações do texto sagrado aos vários aspectos do Ser humano.
O Pai Nossso
O Pai Nosso é uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação
de todos os veículos do homem.
Por ex. o cuidado a prestar ao corpo denso-material está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.
A parte que se refere às necessidades do corpo vital é: “perdoai as nossas faltas-pecados, assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu”.
O corpo vital é a sede da memória.
Nele estão arquivadas subconscientemente as lembranças de todos
os acontecimentos passados, bons ou maus, isto é, tanto a injúria
como
os benefícios feitos ou recebidos.
Lembremos que, ao morrer, as recordações da vida são tomadas
desses arquivos imediatamente depois de abandonar-se o corpo denso
e que todos
os sofrimentos da existência “post mortem” são resultado dos
acontecimentos aí registrados como imagens.
Se pela oração contínua obtemos o perdão ou esquecimento das
injúrias que tenhamos praticado e procuramos prestar toda
compensação possível, purificamos nossos corpos vitais.
Perdoar àqueles que agiram mal contra nós elimina todos os maus
sentimentos e salva-nos dos sofrimentos “post mortem”.
Além disso, prepara o caminho para a Fraternidade Universal, que
depende mui especialmente da vitória do
corpo vital sobre o corpo de desejos.
As idéias de vingança são impressas pelo
corpo de desejos, em forma de memória, sobre o corpo vital.
A vitória sobre isso é indicada por um temperamento equânime em meio dos incômodos e
sofrimentos da vida.
O aspirante deve cultivar o domínio
próprio, porque tem ação benéfica sobre os
dois corpos.
A Oração do Senhor exerce o mesmo efeito porque ao fazer-nos ver
que estamos injuriando os outros voltamo-nos para nós mesmos e
resolvemo-nos a descobrir as causas.
Uma dessas causas é a perda do domínio próprio, originada no corpo de desejos.
Ao desencarnar, a maioria dos homens deixa a vida física com o
mesmo temperamento que trouxe ao nascer.
O aspirante deve conquistar, sistematicamente, todos os arrebatamentos do corpo de desejos e assumir o próprio domínio.
Isto efetua-se pela concentração sobre
elevados ideais, que vigoriza o corpo vital.
Feita com devoção pura e impessoal, dirigida a
elevados ideais, a oração é muito superior à fria
concentração.
A oração para o corpo de
desejos é: “Não
nos deixeis cair em tentação”.
O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo
para a ação.
É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.
O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro
grandes motivos de toda ação humana.
O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o
homem faz ou deixa de fazer algo.
Os grandes Guias da humanidade agiram sabiamente quando lhe deram
tais incentivos para a ação, a fim de obter experiências e
aprender.
O aspirante deve continuar usando-os como motivos de ação,
firmemente, mas deve transmutá-los em algo superior.
Por meio de nobres aspirações, deve saber transcender o amor egoísta que busca a posse de outro corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundados em egoísticas razões pessoais.
O Amor a que se deve aspirar é unicamente o da alma, que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe.
A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes.
O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade.
A Fama a que se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.
A oração para a mente
é: “Livrai-nos do
mal”.
Como vimos, a mente é a ligação entre as naturezas
superior e inferior.
Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma
restrição.
Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a mente,
a faculdade de discernir.
Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e
matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres
humanos que fazem tais
coisas.
Mesmo quando um homem de mente anormal faz isso não se considera
da mesma forma que ao animal.
Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia, é isolado.
O homem conheceu o bem e o mal quando seus olhos mentais
se abriram.
Aquele que realiza a ligação da mente ao Eu
superior permanentemente, é pessoa de elevado entendimento.
Se, pelo contrário, a mente está ligada à natureza emocional inferior, a pessoa tem mentalidade inferior.
Por tais razões, a oração para a mente traduz a aspiração de nos libertarmos das experiência resultantes da aliança da mente com o corpo de desejos e de tudo quanto tal aliança origina.
No aspirante à vida superior, a união entre as naturezas
superior e inferior é realizada pela Meditação sobre assuntos
elevados, pela Contemplação
que consolida essa união e, depois, pela Adoração
que, transcendendo os estados anteriores, eleva
o espírito ao Trono.
No “Pai Nosso” geralmente usado na igreja, a adoração está
colocada em primeiro lugar, o que tem por fim alcançar a exaltação
espiritual necessária para proferir uma petição que represente as necessidades dos veículos inferiores.
Cada aspecto do tríplice
espírito, começando pelo inferior, expressa adoração
ao aspecto correspondente da Divindade.
Quando os três aspectos do espírito estão colocados ante o Trono da Graça, cada um emite uma oração apropriada às necessidades da sua contraparte material.
No fim os três unem-se para proferir a oração da mente.
O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo:
“Santificado seja o Vosso Nome”.
O Espírito de Vida reverencia-se ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz :
Seja feita a Vossa Vontade...”.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o corpo denso: ''O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o corpo vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice corpo, o de desejos: "Não nos deixeis cair em tentação”.
Por último, os três aspectos do tríplice espírito juntam-se para a mais importante das orações, o pedido pela mente, dizendo em uníssono: " Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céu”
é somente um indicativo
de direção.
A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” é muito apropriada como adoração final do tríplice espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
O diagrama anexo ilustra a explicação antecedente de forma fácil e simples, mostrando a relação entre as diferentes orações, em suas respectivas cores e os veículos correspondentes.
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