Onde está o Mestre?
Quem vive procurando se transformar e ser mais Perfeito a
cada dia, irá cada vez mais estando em contacto com o Mestre, não alguém
exterior mas o seu Ser interior que se transformou e que passa a ser o seu guia
e a sua vontade (Seja feita a Tua e não a minha vontade).
O Mestre é apenas um homem transparente ao seu Ser que
está a transformá-lo.
O Mestre é a Vida em movimento, imprevisível e
contraditória.
A sua acção é ao mesmo tempo criadora e libertadora.
O homem aspira à tranquilidade, à segurança, à harmonia.
O Mestre retira o que deu, destrói o que parece
assegurado, tira o tapete dos pés.
Sacode quem se começa a 'instalar' e obriga-o a pôr de
novo os pés à estrada.
Porque é Caminhar que é preciso e não se instalar na
vida.
O que importa é avançar, não é chegar a lado nenhum, é mudar e não ficar
estático.
A vida é uma passagem e o Mestre vive-a numa perpétua
viagem em movimento.
O Mestre actua sem agir, na verdade ele nada faz, é um
mero mediador da Vida que passa através dele transformando-o e ao mesmo tempo
também transformando os outros pelo seu exemplo.
Quem vive em contacto permanente com o Mestre no seu
processo de aperfeiçoamento pessoal já
se desapegou dos anteriores deveres para com o mundo, para com as pessoas, as
comunidades e as leis.
Estar em contacto com o Divino não é mais do que estar em
contacto com o Mestre.
E aqui já não se vive da fé mas da Presença.
Ter-se desapegado não significa ter fugido das suas
funçóes sociais e familiares, mas sim ter mudado a maneira de as fazer, porque
encontrou no seu Mestre uma 'outra forma'
(mais Perfeita) de agir no mundo.
No dia a dia mundano e social encontra o seu Mestre em
tudo o que faz (e por isso é Perfeito em tudo o que faz) e não mais o seu eu anterior que sem Mestre
estava a tudo apegado e por isso não era Perfeito/Feliz.
Significa que trocou a liberdade do eu (de fazer ou
evitar o que ele quer), pela liberdade de fazer, pelo mesmo eu, o que o seu Mestre interior quer.
Isso implica uma disciplina, uma obediência
incondicional, daí a dificuldade e esforço da maturação espiritual.
Implica podermos ser destruidos e renascidos a cada
dia e sermos capazes de aceitar essa
roda da Vida, essa alternância como um contributo para crescermos
espiritualmente.
O vazio da destruição não é um abismo onde se desaparece
mas sim um solo que nutre e alimenta uma nova forma de viver a Vida e sermos
cada dia mais Perfeitos, mais próximos da nossa semente divina, 'vacuum horribilis, vacuum benedicto''.
Implica aceitar muitas vezes a cólera do mundo que nos
acha 'estranhos' de repente...
Mas é uma Via que nos liberta interiormente e nos faz ver
que a caixa protectora onde estávamos era na realidade uma prisão.
Ficar nessa prisão, por medo ou preguiça, seria uma
traição a nós mesmos.
Essa prisão representa os apegos que retêm e imobilizam o homem e por isso é
necessário dela nos libertarmos.
Muito interessante!
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