-- De onde vens e para onde vais ?
-- Venho de Deus na escuridão e para Deus vou na Luz.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Onde está o Mestre?


Onde está o Mestre?

Quem vive procurando se transformar e ser mais Perfeito a cada dia, irá cada vez mais estando em contacto com o Mestre, não alguém exterior mas o seu Ser interior que se transformou e que passa a ser o seu guia e a sua vontade (Seja feita a Tua e não a minha vontade).  

O Mestre é apenas um homem transparente ao seu Ser que está a transformá-lo.
O Mestre é a Vida em movimento, imprevisível e contraditória.
A sua acção é ao mesmo tempo criadora e libertadora.
O homem aspira à tranquilidade, à segurança, à harmonia.

O Mestre retira o que deu, destrói o que parece assegurado, tira o tapete dos pés.
Sacode quem se começa a 'instalar' e obriga-o a pôr de novo os pés à estrada.
Porque é Caminhar que é preciso e não se instalar na vida.
O que importa é avançar, não é  chegar a lado nenhum, é mudar e não ficar estático.

A vida é uma passagem e o Mestre vive-a numa perpétua viagem em movimento.
O Mestre actua sem agir, na verdade ele nada faz, é um mero mediador da Vida que passa através dele transformando-o e ao mesmo tempo também transformando os outros pelo seu exemplo.

Quem vive em contacto permanente com o Mestre no seu processo de aperfeiçoamento pessoal  já se desapegou dos anteriores deveres para com o mundo, para com as pessoas, as comunidades e as leis.

Estar em contacto com o Divino não é mais do que estar em contacto com o Mestre.
E aqui já não se vive da fé mas da Presença.
Ter-se desapegado não significa ter fugido das suas funçóes sociais e familiares, mas sim ter mudado a maneira de as fazer, porque encontrou no seu Mestre uma 'outra forma'  (mais Perfeita)  de agir no mundo.

No dia a dia mundano e social encontra o seu Mestre em tudo o que faz (e por isso é Perfeito em tudo o que faz)  e não mais o seu eu anterior que sem Mestre estava a tudo apegado e por isso não era Perfeito/Feliz.
Significa que trocou a liberdade do eu (de fazer ou evitar o que ele quer), pela liberdade de fazer, pelo mesmo eu,  o que o seu Mestre interior quer.

Isso implica uma disciplina, uma obediência incondicional, daí a dificuldade e esforço da maturação espiritual.

Implica podermos ser destruidos e renascidos a cada dia  e sermos capazes de aceitar essa roda da Vida, essa alternância como um contributo para crescermos espiritualmente.

O vazio da destruição não é um abismo onde se desaparece mas sim um solo que nutre e alimenta uma nova forma de viver a Vida e sermos cada dia mais Perfeitos, mais próximos da nossa semente divina,  'vacuum horribilis, vacuum benedicto''.


Implica aceitar muitas vezes a cólera do mundo que nos acha 'estranhos' de repente...

Mas é uma Via que nos liberta interiormente e nos faz ver que a caixa protectora onde estávamos era na realidade uma prisão. 

Ficar nessa prisão, por medo ou preguiça, seria uma traição a nós mesmos.

Essa prisão representa os apegos  que retêm e imobilizam o homem e por isso é necessário dela nos libertarmos.

1 comentário: